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Mil

Depois de ter um almoço incrível com o Tony e a família dele, ele disse pra gente ir dar um rolê no parque.
Um piquenique.
Seria perfeito.
Nós andamos pelo parque, e fomos na fila do pedalinho no lago.
Ouvi a voz que perseguia meus pensamentos, ou seja, a voz dele mesmo: Stan.
Virei a cabeça com tudo pra trás, e achei ter visto o Stan, de costas.
Mas não podia ser.
Era muito parecido!!
Só que não fazia sentido: Por que o Stan estaria aqui? Se ele estivesse mesmo aqui, com certeza não seria por minha causa.
Ele nem liga pra mim.
Literalmente.
Ele disse que ia me ligar, e não ligou até agora.
Acho que era uma desculpa, uma forma de se livrar de uma possível situação em que nós fôssemos mais que amigos.
Sou tão iludida, por que ele gostaria de mim?
Ele faz mais o tipo da minha irmã, como sempre.
Suspirei.
Não podia ser ele, de qualquer forma.
Ele... Está com uma criança.
Sei lá, vou apenas ignorar e aproveitar meu pedalinho.
  - Tudo bem com você Mil? - Tony perguntou, se abaixando um pouco para ficarmos cara a cara.
  - Sim - Sorri, sem mostrar os dentes - Só estava pensando.
  - Em quê?
  - Em como eu sou idiota.
  - Ei, você não é idiota, ok? - Bagunçou meu cabelo e sorriu, se endireitando - Vem, nossa vez - Me puxou pela mão e pagou o passeio, logo estávamos no pedalinho.
Sorri, olhando em volta.
  - Fazia tempo que eu não andava no pedalinho.
  - Nem eu - Rimos - Acho que desde que a Névilie foi embora.
  - Bem, desde que o meu pai...
E então... O silêncio.
  - Você sente falta dela? - Perguntei, tentando quebrar o silêncio.
E também pra saber se o que ele dizia sentir por mim era verdade.
  - Não mais - Ele respondeu. Os cabelos ventando pra lá e pra cá, bagunçando o que costumava ser certinho. O olhar dele longe de mim, perdido pelo lago e pelas árvores do parque.
  - Certeza?
  - Émili, o que está tentando perguntar?
  - Eu só quero ter certeza.
  - Do que exatamente?
  - De que eu não serei idiota de novo.
  - Olha, você não é idiota.
  - Eu sou sim, ok? Por acreditar que... Que você gosta mesmo de mim.
  - Não quero que volte a pensar nessas coisas, Émili. Eu só penso em você agora... Você me ajudou a superar a Nev.
  - E você me ajudou a superar meus piores momentos.
  - Eu sei. Nós nos ajudamos e durante todo esse tempo que passamos juntos eu pude conhecer quem você era, Mil. E eu me apaixonei por você.
Olhei pra ele, esperando encontrar alguma coisa em seu olhar: mas eu realmente não conseguia encontrar nada.
Mas eu sei bem o que eu encontrava dentro de mim.
E... Que eu não gostava do Tony. Não desse jeito. E que mesmo que o Stan não estivesse nem aí pra mim, eu disse a ele que daria o fora no Tony.
E por mais que eu tenha dó e ele seja meu melhor amigo, chega disso.
  - Tony... Eu não... - Fui interrompida quando o mesmo se aproximou, fechando os olhos.
Não, não pode ser.
Fui pra trás, mas ele continuava a se inclinar, os braços vindo na minha direção.
Me joguei pra trás, caindo na água.
  - Émili! - Ouvi, antes de estar de baixo d'água e afundar, porque eu não sei nadar.

***

Abri os olhos, a luz do Sol fez meus olhos arderem e eu pisquei várias vezes, tentando me acostumar.
Cuspi muita água e alguém estava em cima de mim, acho que essa mesma pessoa me salvou.
  - Ficou louca? - A pessoa me ajudou a sentar.
Eu conheço essa voz.
  - Stan? - Cocei meus olhos. Agora eu conseguia ver seu rosto.
Ele estava molhado, os cabelos pingando, assim como as roupas.
Stan me salvou.
  - Por que você fez isso?
  - E...eu... - Nada saía.
Ele me olhava perplexo.
  - Você poderia ter morrido! - Gritou e eu olhei em volta, ainda tonta.
Haviam pessoas ao nosso redor.
  - Você pode ao menos me responder?
Olhei pra ele, eu realmente não entendia nada, nem sabia o que responder.
Eu só queria que ele me beijasse agora.
Mas isso não aconteceria.
  - Não grita com ela! Foi um acidente! - Tony estava de pé, de frente pro Stan, que se levantava.
Se encararam.
Eu podia sentir a tensão.
  - É tudo culpa sua! - Stan apontou o dedo no peito do Tony - Você quem derrubou ela! Era pra você cuidar dela, não quase matá-la!
  - Eu sempre cuido dela! Diferente de você, não é mesmo? Você só é grosso com ela! Um completo brutamontes otário!
  - Tentar beijar a Mil e derrubar ela na água por conta disso não é cuidar dela!
  - Foi a mesma coisa que você fez aquele dia na minha festa, na piscina!
Geral gritou um "Wooow!"   e o Stan virou um socão no rosto do Tony, fazendo o mesmo cambalear pra trás.
Stan me olhou uma última vez antes de sair da beira do lado, sumindo entre o caminho das árvores, provavelmente indo embora do parque.
Eu não iria atrás dele.
Hoje não. Talvez amanhã, ou Segunda no ônibus.
Mas hoje não.
  - Você está bem, Mil? - Perguntou, me ajudando a levantar.
  - Não. Eu só quero ir pra casa - Eu disse, magoada demais por ele tentar me beijar mesmo sem eu querer. E magoada demais do Stan me culpar por isso.
Fomos sem falar uma sequer palavra até a minha casa.
Saí praticamente correndo do carro, abrindo a porta da minha casa.
  - Entre. Sua boca está sangrando.
  - Não, tudo bem.
  - Tony - Olhei séria pra ele - Eu não tô pedindo.
Ele concordou, surpreso.
Eu estava toda molhada, com frio, irritada com meu melhor amigo e com o garoto que eu era a fim, ninguém mexa comigo!
Peguei rapidamente as coisas e fiz o Tony sentar no sofá, começando o meu trabalho.
  - Olha Mil, sobre o que aconteceu no lago, por favor me...
  - Quieto.
  - Ok.
Fiz rapidamente o curativo e guardei as coisas, voltando pra sala de braços cruzados sem dar nenhum pio.
  - Eu acho que eu já vou indo - Tony disse e eu não ia implorar pra que ele fizesse o contrário.
Eu só quero ficar sozinha, pela primeira vez em muito tempo.
Concordei com a cabeça, somente o acompanhando até a porta para fechá-la depois que ele saísse.
Andei feito um zumbi até o banheiro e me despi, esperando que a água do chuveiro levasse toda a minha frustação e raiva embora.
Mas, refletindo durante o banho, eu só conseguia me irritar ainda mais.
Por que os meninos são tão difíceis?

O Garoto do Ônibus Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin