Capítulo 11

2.5K 232 3
                                    

Tomo empuso e levanto, olhando na direção das sirenes. Por mais que estivesse disfarçada como uma agente da CIA, não poderia continuar muito tempo nas ruas, as chances de alguém me reconhecer eram altas. E provavelmente os policiais vasculhariam até os últimos centímetros das ruas.
Entro pelo beco a esquerda do local do assistente, e subo pelas escadas de emergência até o terceiro andar. Tendo um panorama do que acontecia ao meu redor. Suspiro aliviada, vendo os policiais prenderem Jack. Sei que isso não é um bom sinal, mas pelo estado que o carro ficou, ele estar vivo é um grande milagre.
Alfie andava de um lado ao outro da calçada, falando ao telefone enquanto gesticulava com as mãos para que os policiais e agentes trabalhassem.
Mais policiais chegavam, e o tumulto ficava cada vez maior. Por sorte, aquele era um beco escuro, e provavelmente pensam que estava escapando, quando na verdade, estou a menos de vinte metros de distância.
Vasculho a sacola, em busca do tal celular que seguramente seria mais um na lista de temporários. Sorrio feliz, vendo o bilhete da tela inicial do telefone, que indicava que ele não era rastriavel. Jack realmente pensou em tudo.
Aperto com força o aparelho na mão, decidindo se ligaria ou não. Talvez se falasse com Alfie e... não, ele não acreditaria em mim. Suspiro frustada e guardou o celular de volta ao bolso.

(...)

Na mesma tarde, voltei ao hotel para buscar a minha pasta e as filmagens da câmera de segurança. Não foi tão difícil passar pelos guardas que vigiavam as regiões próximas ao acidente. Eles procuravam por uma criminosa, não por uma agente da CIA.
Precisava de um lugar novo para passar a noite, e minhas opções estão cada vez mais escassas. Seguro firme a sacola e adentro a primeira Lan house que encontrei no bairro. Olho para os cantos do lugar, buscando por câmeras. Eram quatro, mas nesse momento, minha menor preocupação é ser vista por elas. Me aproximo do balcão, estendendo trinta dólares sobre a mesa.

-Quero duas horas.

-Computador cinco. - diz, sem siquer me olhar.

Introduzo as fitas, torcendo para que aquela mulher não tivesse me enganado e que realmente encontrasse uma pista entre as filmagens. Antecipo a data em um mês antes do atentando. Se alguma aconteceu, provavelmente foi durante esse espaço de tempo.
Apoio a cabeça nas mãos, casada de ver a monotonia da vida alheia. Mulheres com crianças, cachorros, um casal de namorados, uma filha fugindo no meio da noite e um entregador de pizza loiro. Não houve nada diferente do que isso até o dia da bomba. A mãe e a criança estão descartadas, o cachorro com certeza não carregaria uma bomba, e a menina fugitiva é só mais uma rebelde. O que sobrou? O entregador. Mas nada nele parecia chamar a atenção. Olho para a placa do furgão, e anoto no bloco de notas do celular.
Invado o sistema do Departamento de trânsito, buscando pelo endereço do dono daquele veículo. Ele pertencia a Pizzaria Perroni, no centro da cidade, e muito próxima ao apartamento. Coincidência? Talvez.
Marco o endereço e retiro as filmagens do computador. Consegui uma pista, bom... não é exatamente uma, mas se tudo der certo, talvez encontre alguma coisa suspeita.
Saio do estabelecimento e roubo o primeiro carro a vista. Desta vez, minha prioridade passou a ser os veículos mais recentes. Sim, são facilmente ratreaveis, mas preciso me apressar se quiser provar minha inocência. As coisas estão ficando cada vez mais difíceis e, é por isso, que preciso me apressar.
Dirijo pelas ruas seguindo o GPS do carro e olhando para trás a cada dois segundos. A cidade estava um caos, era sábado e como o dia já chegava ao fim, o trânsito estava lento.
Aperto o volante com força ouvindo as sirenes da Polícia passar ao meu lado, provavelmente me procurando. A espera nos semáforos parecia torturante, minha mania de olhar para trás e verificar se ninguém me seguia se tornava constante. Receio que esteja ficando paranóica, um pouco mais, e posso ser considerada maluca.
Suspiro, esfrego com força as mãos no rosto e acelero mais um pouco. Durante o percurso, pude notar algumas fotos minhas coladas nas vitrines de algumas lojas e postes. Pensei que esses métodos não fossem mais utilizados, colar fotos pela cidade já é coisa velha.
Estaciono em frente a pizzaria, olhando pela porta de vidro. O lugar já estava movimentado e os garçons circulavam pelo estabelecimento recebendo os pedidos. Dou a volta pela portas dos fundos, e entro. O pessoal da cozinha não notaram minha presença, o que trouxe uma sensação de déjà vu ao lembrar do dia em que resgatamos o irmão de Sara.
Enquanto andava pelos corredores verifico se a arma ainda estava no mesmo lugar, e me aproximo da primeira porta, checando pelo buraco da fechadura se havia alguém.
Repito o procedimento em várias outras salas, mas nenhuma delas revelou alguma coisa. Não havia homens armados, caixas amontoadas, ou qualquer indício suspeito. Franzo a testa, levantando o olhar da fechadura da última porta, não tem nada!

-Posso ajuda-la?

Me sobressalto, olhando para trás e suspirando aliviada. Por sorte, era uma senhora de meia idade, que carregava um balde, e um esfregão consigo. Pelo seu olhar, em instante algum ela me reconheceu.

-Estou procurando o dono. Onde posso encontra-lo?

-Se for a respeito da pizza, pode falar com o gerente.

-Não, na verdade ele me ligou, e pediu para que viesse até aqui... Sou a vizinha, e provavelmente, serei sua companheira de trabalho.

-Uma moça como você? Limpando o chão?

-A vaga é como garçonete. Sabe onde ele está? - Indago, escondendo minha impaciência.

-Sim, está vendo aquele corredor? Vire a direita, no final há uma porta marrom. Bata e espere permissão, ele é um pouco nervoso...

-Está bem, obrigada senhora...?

-Judite.

Sorrio, me afastando com passos um pouco mais rápidos do que o planejado até dobrar o corredor, podia sentir seu olhar sobre mim.
Paro em frente a porta e espio pela fechadura, mas a visão era de total penumbra. Alguém provavelmente tampou o buraco com bolinhas de papel. Olho para atrás, verificando se Judite ainda estava alí e retiro a arma do bolso, conferindo quantas balas ainda tinha. São três, e isso não é um bom sinal.
Me afasto alguns centímetros da porta, tomando a distância necessária para alçar a perna e forçar a tranca com um chute. A visão não era a esperada. O homem, que provavelmente seria o dono, estava sentando na mesa, se atracando com uma mulher ruiva que seguramente não seria sua esposa. Sobre o olhar assustado de ambos, aponto a arma na direção da porta, sinalizando para que a mulher saísse. Não demorou muito para ela recolher os seus pertences e zarpar para fora. Novamente encosto a porta, e sorrio maléfica.

-Nós dois, temos muito o que conversar. Mas antes... por favor, veste uma roupa, isso horrível.

.

Agente Morgan 3Where stories live. Discover now