Capítulo 48

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Levanto a cabeça de vagar, atordoada pela dor e claridade do ambiente sobre os meus olhos. Analiso tudo ao redor, tentando imaginar como vim parar naquele lugar. A última coisa que me lembro é de Luiz me deixando em frente de casa, depois de um breve programa em familiar.
Minha mente ainda estava confusa quando Alex invadiu a sala, e deve ser por isso que demorei alguns minutos para conseguir reconhece-lo totalmente.

-Vocês me drogaram... - concluo.

-Meu pai se opôs, mas achei melhor prevenir.

-Pelo menos não estou amarrada. - murmuro irritada.

-Você não é nossa inimiga, não mais.

-Não é o que parece.

-Há sempre precauções.

-E então? Onde estou?

-Pensei que reconhecesse esse lugar, afinal não faz tanto tempo que esteve aqui.

-Estou na base?

-Isso mesmo. É aqui que ficará até que tudo esteja resolvido.

-Se não voltar, meus amigos vão desconfiar.

-Não faz mais diferença. - diz, dando de ombros.

-Odeio ficar presa.

-Não está presa, sairá em missões com a nossa equipe. Porém, sempre estará apagada. Até que tudo isso acabe, não podemos confiar a localização da base a você.

-Acho que já provei estar do lado de vocês.

-Provou ao meu pai, não a mim.

-E o que vou ficar fazendo aqui?

-Vai me acompanhar no treinamento dos cadetes. Lembra da minha proposta? Você seria valiosa como professora. - diz, enquanto sinalizava para que saissemos da sala.

-Como disse, prefiro apenas olhar. Afinal, da última vez, você apanhou feio. -debocho.

-Aquilo foi sorte.

-Sorte não existe.

Ficamos em silêncio, caminhando no que parecia ser os corredores que levavam a sala de treinamentos. Internamente ainda me preocupo com o que meus amigos vão pensar. Obviamente já devem saber que estou com Dylan, mas Alfie provavelmente está louco de preocupação. Não sei quando voltarei a ve-los, e muito menos se isso será antes de suposto "fim do mundo". Talvez dê tudo errado e nem tenha a chance de me despedir. E pra completar, Alex não parece confiar nem um pouco em mim, o que vai dificultar o roubo do celular, já que a atenção dele e das câmeras devem estar centradas em cada movimento meu.

-Cadetes! - grita Alex, chamando a atenção dos agentes da sala.

Eles se aproximam rapidamente e se posicionam em linha reta, prontos para ouvir o que Alex tinha a dizer. Parei logo ao seu lado, observando o modo como cada um dos agentes me observava discretamente. Alguns com raiva, medo, e outros com curiosidade.
Dentre todos os olhares, um deles me surpreendeu. No canto da sala e bem distanciado dos agentes, encontrei uma pessoa que não via a muitos anos. Já fazia tanto tempo, que não tinha certeza se ele continuava do meu lado.
Bruno estava grande, maduro e com uma postura rigida de agente. Apesar de ainda ser mais novo, o pirralho tinha crescido, e se tornado um homem maior do que eu. O distanciamento dos cadetes sugeria que ele não era mais um deles, ainda mais porque depois de me lançar um breve olhar, ele voltou a treinar chutes contra o boneco de plástico, como se nada tivesse acontecido.

-No treinamento de hoje, Natasha ira...

-Ajudar. - intervenho. -Ajudar a treina-los.

Sei que tecnicamente estarei ajudando o inimigo, mas preciso da confiança de Alex, e isso só acontecerá se ele tiver certeza da minha lealdade com a OF.

(...)

É meio difícil se acostumar ser o centro das atenções numa base cercada de Agentes. Ainda mais quando provavelmente cada um deles planeja uma maneira diferente de te matar. Obviamente nem todos acreditam na minha repentina mudança de lado... essa não é a primeira vez que tentei algo assim.
Deito na cama massia do quarto que me designaram. Aqui existem regras e horários para dormir. Apartir das nove horas as luzes se apagam, e apenas agentes autorizados podem circular pelo corredor. Quem pegar alguém vagando pelos corredores depois do sinal, tem ordens para atirar sem fazer perguntas. Então certamente a ideia de roubar o celular durante a noite foi totalmente descartada... pelo menos por enquanto.
Minha pele arrepia levemente com um pequeno som de respiração pesada perto de mim. Passo as mãos por debaixo do travesseiro, mas elas não encontraram a minha arma.

-Está procurando isso?

Viro rapidamente, mas estava tão enrolada no edredom, que meu corpo se prendeu no processo. A luz estava apagada, e por isso meus olhos não conseguiam captar nada além do que uma lanterna forte apontada contra a minha cara. O que menos esperava era uma tentativa de assassinato á essa hora, são o que? Três horas da manhã? Esses caras não dormem?

-Quem é você? -indago.

-Não está me reconhecendo?

-É meio difícil fazer isso com uma lanterna apontada pra minha cara.

-Ah, desculpe.

Ele abaixa a lanterna e a arma das suas mãos, apontando-a para o tento, e iluminando o seu rosto.

-Pirralho? O que faz aqui? - questiono me livrando do edredom e ficando em pé.

-Não sou mais tão pirralho... agora você é menor do que eu. - debocha.

-Está me chamando de baixinha fedelho? Você que é desanormal! Tem o que? Dois metros de altura?!

-Na verdade, tenho 1,95.

-Ah, claro, porque 5 centímetros fazem a diferença. - digo irônica. - Ainda posso chutar a sua bunda por invadir meu quarto desse jeito!

-Desculpa pela arma, só fiquei com medo que atirasse em mim antes de me reconhecer.

-Te reconheci lá no ginásio. Não mudou quase nada, bom... agora você está pagável.

-Isso foi uma cantada? - murmura confuso.

Reviro os olhos.

-Claro que não garoto! Tenho namorado, e não gosto de trocar fraudas.

Se bem que...

-O que faz aqui? - questiono, cortando minha própria linha de pensamento.

-Precisava confirmar se está mesmo trabalhando para a OF.

-Eu te entreguei? Está ai a sua resposta!

-Foi o que pensei... e bom... vim perguntar se não precisa de alguma coisa.

-No momento? Apenas dormir.

Ele franze a testa, e eu reviro os olhos.

-Deixa de ser pervertido pirralho.

-Meu nome é Bruno.

-Ok, Bruninho, já que você falou... preciso de uma ajuda.

-É só falar.

-Preciso do seu celular!

-Vai fazer o que?

-Jogar "Candy Crush". - debocho.

Ele retira os celular do bolso e me estende.

-Não estraga, ele é novo.

-Fica tranquilo, não vou atirar nele com uma arma. Só preciso fazer uma ligação.

-Pra quem?

-Cala essa boca, você faz muitas perguntas. Tomou muito leite com toddy? Á essa hora, chocolate faz mal para crianças. - debocho.

-Não lembrava desse seu lado irritante!

Dou de ombros.

-É como um Hobby.








Agente Morgan 3Where stories live. Discover now