Capítulo 23

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Não disse nada durante todo o percurso de volta a base. Dessa vez quem precisava falar era eu, mas com Doyle algemado logo no banco de trás, falar sobre assuntos pessoais estava totalmente fora de questão. Sim, a curiosidade esta me matando.
Deixo que Alfie carregue o criminoso pelo braço enquanto tratava de me afastar um pouco dos dois. Mas dentro do elevador, essa tarefa se tornou impossível, já que por mais que o local fosse grande, o número de pessoas no mesmo espaço era muito maior.
Suspiro aliviada assim que deixamos o elevador para atrás e desembarcamos no nosso andar. Miller e Jack já esperavam impacientes, e o resto da equipe concentravam-se cada um no seu aparelho móvel.

-Felix Doyle, acho que já sabe o porquê de estar aqui, não é? - indaga Jack. - Precisamos da sua contribuição.

-Não vou dizer nada sem a presença do meu advogado.

-Não estamos aqui para interroga-lo, mas sim para ajuda-lo. Precisamos que identifique o casal com que fez negócios, e em troca, reduziremos dois anos da sua sentença. - diz Miller.

-Quero sete anos. - murmura Doyle.

Engasgo com a saliva.

-Ótimo! Temos um parasita entre nós!- debocho, recebendo um olhar de advertência de Miller.

-Podemos dar no máximo, cinco. - diz Jack.

Qual é? Essa cara só vai identificar dois caras e ainda perde cinco anos na sentença? Isso é o que eu chamo de golpe sorte.

-Seis. - rebate. - E também quero uma sela individual.

-Alfie? Pode leva-lo. Não precisamos mais dele. - diz Miller.

Ele obedece, segurando as mãos de Felix e ameaçando arrasta-lo para fora da sala.

-Espera! Vocês disseram que... eu aceito! Três anos! - murmura desesperado.

-Muito bem, então você já sabe o que fazer. Queremos a identificação ainda hoje. - Fala Jack, lançando um olhar satisfeito para Miller.

-E quanto ao resto? Estão todos dispensados. Já está tarde.

-E quanto a nós? -indaga Noah.

- Vocês ficarão até o final do horário.

-Isso é injusto. - murmura.

-A vida não é justa. -diz Sara. - Você deve...

Sara não terminou de falar, porque o som de alarme começou a soar por todo o prédio. Alguma coisa estava errada. Olho para Miller, e depois para Alfie, esperando alguma explicação. Quase que imediatamente todos sacaram as armas e seguiram até o elevador. Sem saber exatamente como agir, faço a primeira coisa que me vem a mente, sigo-os com a arma em punho, acenando á Simon e Noah para que cuidassem de Doyle. As luzes dos andares estavam vermelhas e o número de pessoas com armas nas mãos era fora do comum.

-O que está acontecendo? - questiono a Alfie.

-Invasão. - responde tenso.

Suspiro tensa, saindo do elevador e passando entre os agentes do primeiro andar. O local estava extremamente aglomerado de pessoas. No centro, pude ouvir uma voz conhecida gritando.

-Tasha!!!

Há somente uma pessoa que me chama assim. Corro mais rápido, desviando e afastando as pessoas do caminho. Sorrio feliz, vendo Táu de joelhos no centro da roda de agentes. Tento alcança-lo, mas por intinto Alfie me segura, tomo meu braço com força e corro até o meu amigo, ajoelhado ao seu lado e passando os braços pelo seu pescoço num abraço apertado. Assim que me viu, Táu deixou de gritar e me apertou mais ainda.
Continuamos na mesma posição, abraçando um ao outro, o que me fez fungar, tentando evitar que lágrima escapassem pelo canto dos olhos. Prometi chorar quando tudo acabasse, e apesar disso estar bem longe de acontecer. Ele estava ali, e isso já era motivo o suficiente para mim. Afinal, acho que essa promessa nem vale mais, já quebrei tantas vezes.
Nós afastamos um do outro e sorrio, antes dele levantar e me estender a mão.

-Táu orgulhoso, Tasha teve força.

-Eu aprendi de onde ela vem.

Ele estrala os ombros e sorri brincalhão.

- Percebi. Tasha apertou Táu.

Ri escandalosa, mas pauso quando volto a mim e percebo onde estávamos. Demos uma bela cena, e por algum motivo, todos continuavam apontando as armas para nós. Olho para Miller, que se aproximava com o restante da equipe.

-O que está acontecendo aqui Morgan?!-indaga irritada. - Quem é ele?!

-Esse é Táu, um amigo meu.

-E por que ele invadiu o FBI? Os guardas disseram que ele se recusou a sair.

-Ele não fala nossa língua, bom...mais ou menos...

-Táu procurava Tasha.

-Quem é Tasha? -indaga Diogo.

-Eu. - respondo.

Olho para Alfie, que até agora permanecia sério, encarando Táu como se ele fosse o inimigo.

- Precisamos interroga-lo. - diz Miller.

-Quê? Só por cima do meu cadáver. Já disse que conheço ele!

-Natasha. Ele invadiu o FBI. - tenta Alfie.

-Ele nem passou da portaria, e eu fiz  pior e ainda estou aqui!

-As circunstâncias são diferentes. - murmura Miller.

-Acho que está tudo bem, se ela diz que conhece o rapaz, não há problemas. - autoriza Jack.

-Isso mesmo, agora manda os seus amiguinhos abaixarem as armas! -digo séria.

-Muito bem pessoal, o show acabou! Voltem todos aos seus postos! - grita Miller.

-E nós vamos pra casa! - sorrio para Táu.

-Pra casa? - Questiona Alfie. - Na sua casa? Não acha perigoso?

-Já disse que conheço ele.

-Eu sei mas...

-Escuta aqui Kan... - pauso antes de terminar a frase, vendo um brilho no seu olhar. - Vai se ferrar Handrick.

Arrasto Táu até o meu carro, ouvindo os saltos e comentários de Diana, pedindo para que a esperassemos. Ela iria conosco.
     Conduzo até minha casa minha casa, sem deixar de sorrir enquanto olhava Táu observar com um ar maravilhado as ruas e avenidas por onde passávamos. Da última vez que ele esteve aqui, provavelmente não notou os pequenos detalhes, já  que estava de noite
      Entro em casa, abrindo a porta para que Diana e ele passassem. Essa era a primeira vez que trago alguém até aqui.

-Querem beber alguma coisa?

-Vinho. - responde Diana. - Mas eu escolho!

-A adega está lá embaixo.

-O que é vinho? - questiona Táu.

    Olho para Diana, esperando que ela explicasse.

-Táu... você acabou de conhecer duas especialistas! Vou te apresentar vários sabores, desde tinto até...

-Ei!- intervenho. -Não está pensando em desfalcar minha adega, não é? Vinho é caro!

-Deixa de ser amarga Natasha, garanto que você nem lembra mais o gosto de Toddy.

-É claro que lembro!

-Aé? Me poupe! Aposto dez dólares que se for até a geladeira, vou achar apenas água.

   Dou de ombros.

-Água é bom pra saúde.

Agente Morgan 3Where stories live. Discover now