Capítulo 19

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    Há uma semana o Presidente dos Estados Unidos fez um anúncio e me inocentou perante a todas as pessoas. Como o esperado, a sociedade me via como uma heroína. Sair as ruas era quase impossível devido ao número de jornalistas que me seguiam. Crianças me paravam a todo momento para pedir autógrafos, e os pais pediam fotos.
     Se me sinto vitoriosa? Não. Ainda não tenho a mínima ideia do que fazer. Por um lado, se denunciar os planos de Dylan, matarei milhões, e por outro, estarei condenando a sociedade a uma ditadura e uma possível alienação. Estariam alienados, mas vivos, não é? Ou isso é tão ruim quanto morrer?
       Antes de sair da base OF, dei a resposta mais sensata e que sabia que eles desejavam ouvir. Estava decidida a compactuar com Dylan, mas depois de ser alvo das expectativas de adultos e crianças para uma heroína, essa certeza começou a me corroer por dentro.
       Desde que assinei o acordo, Dylan não fez mais contato. Esperava que assim que saísse daquela sala ele daria um jeito de se comunicar, mas não foi isso o que aconteceu. E nesse meio tempo, usei das minhas contas para voltar a me estabelecer na cidade. Comprei uma nova casa que, por precaução, era afastada da cidade e investi num novo barracão secreto. Com o que estava por vir, todo armamento que tivesse seria útil.
      Em alguns aspectos, minha vida parecia ter voltado ao normal, e por outros, continuava ainda pior do que estava.
      Suspiro, entrando no meu Range Rouver prata e acelero em direção a cidade. Esse era o primeiro dia de "trabalho". Philip insistiu em me dar esse prazo para resolver as  pendências de voltar dos mortos e descansar depois de meses em fuga. Olho pelo retrovisor, vendo uma carro que discretamente me seguia. Mais um jornalista.
      Reviro os olhos, continuo dirigindo e somente por diversão, dificulto a sua tarefa de me seguir. Desvio pelas ruas da cidade e assim que me aproximo do FBI, verifico se aquele carro ainda me seguia. Os jornalistas devem me odiar.
    Estaciono o carro do outro da rua, e atravesso a faixa para chegar até o rau de entrada da Seed. Sorrio internamente lembrando da primeira vez que estive aqui e caminho até o detector de metal. Pelo canto dos olhos, não evito observar os agente me analisando discretamente.

-Seu crachá por favor...? Ah, minha nossa, você é...?

     Contenho a vontade de revirar os olhos e sorrio de forma simpática.

-Eu ainda não tenho um crachá...

-Sem problemas Agente Morgan, pode entrar. - diz, sinalizando para que os guardas me deixassem passar.

     A muito tempo não ouvia essas duas palavras juntas.

-Pode me chamar de Natasha, não sou mais uma agente.

-Como quiser... E... Natasha.

     Sorrio mais uma vez, antes de me dirigir em direção ao elevador. Se esse guarda for gaguejar a cada vez que vier aqui, as coisas serão difíceis. Entro no elevador, seguida de duas pessoas, que assim como o restante daquele prédio, me encaravam com sorrisos abestalhados. Travo minha mão antes de apertar o botão ao andar que deveria ir. Não sabia em qual trabalharia.

-Alguma de vocês sabem onde é o departamento de Anti terrorismo? - questiono.

      Uma das moças gagueja, e a outra insiste em me levar até lá. Teria recusado se realmente soubesse como me situar naquele prédio. As portas se abrem no ante penúltimo andar e antes de sair, atendo o pedido da garota de autografar a sua agenda. Aquele andar não era muito diferente dos outros, o local cercado por salas de vidro, que desenbocavam num grande salão. Lá, as pessoas trabalhavam sem parar, cada uma na sua mesa, ou até mesmo andando com materiais nas mãos. Olho ao meu redor, buscando Diana pelo lugar, ela prometeu que estaria aqui para ajudar a me situar no meio da bagunça de primeiro dia. Através do vidro, localizo todos eles do outro lado do salão, numa sala separada.
     E quando digo todos eles, quero dizer que minha antiga equipe estava lá. Suspiro pesadamente, não planejava encontra-los ainda hoje, sabia que isso era inevitável, pois em algum momento nos cruzariamos pelos corredores. Tomo mais uma rajada de ar e atravesso o salão  em direção a sala.
     Abri a porta, e assim que entrei, o silêncio pairou sobre o ar. O clima ficou tenso e para quebrar o incômodo, Diana me abraçou e desejou boas vindas. Olhei para Jack que sorriu, e Noah, que mandou uma piscadela.
     
-Novidades sobre o Dylan? - questiono, olhando diretamente para Jack.

-Tudo está em silêncio, mas andamos investigando os seus associados. - murmura Diogo.

      Ele estava diferente, com um cabelo bem ralo e uma pele bronzeada.

-Ducler não está a vista a meses, e seu filho não tem feito nada de suspeito. - Continua Jack.

-Vocês não precisam investigar Tales. - digo.

-Por que não? - indaga Sara.

-Ele deixou de fazer negócio á anos. É casado, e tem um filho lindo. Não permitiu nem que o próprio avô se aproximasse.

-Como sabe disso?

       Procuro entre as pessoas a voz que perguntou, não reconhecia como alguém da minha antiga equipe. Foi somente quando avistei a Agente Miller que soube a quem pertencia aquela voz. Era óbvio que ela estaria ali, afinal é ela quem comanda as operações desse andar. E apesar de muito nova, ela não parecia brincar em serviço.

-Precisei fazer uma visitinha a ele... - explico. - Quando foi a última vez que viram Ducler?

-A três meses. - responde Simon.

       Olho para ele, era esquisito ver que todos ali estavam diferentes. Simon usava óculos e concentrava suas vistas na tela do computador, talvez buscando por mais informações.

-Onde exatamente?

-Num cassino de Vegas.

-Então vamos até lá investigar!

-Morgan, você não pode participar das missões, já conversamos sobre isso. - diz Miller.

-Nem se prometer não usar armas?

-Não.

-Que utilidade tenho nessa sala?

-Você está aqui apenas como informante.

-Está bem...

-Se serve de consolo, também não vou. - Fala Noah.

-Você não conta.

-Seria mais sábio se enviasse Alfie, Sara e Diana a missão. -aconselha Jack.

-Está bem, Noah, crie identidade falsas para eles. E vocês? Sabem o que fazer, não é? Entrem lá, procurem o cara certo e encontrem pistas. -Mumura Miller. - Estaremos nos falando pelos comunicadores.

       Os agentes concordam, e aqueles que foram escolhidos para participar da missão em campo saíram atrás de Noah, que os conduziu até a sala ao lado. A agente Miller parecia ser uma pessoa severa, que não aceitava ser questionada e, é  muito respeitada por todos ali. Logo que a vi, soube que detinhamos a mesma idade, e que o fato de uma pessoa tão nova ocupar um cargo desses, a obrigava está sempre pronta para tudo. Os mais velhos costumam pensar que por sermos mais novos, não temos capacidade.
     Ele ajeita o cabelo loiro atrás da orelha e me fita, percebendo que a estava encarando até agora.

-Algum problema Morgan?

-Quê? Ah, o que você disse?- questiono, fingindo estar perdida.

      Ela bufa irritada, e se volta para Simon, que digitava freneticamente no computador.

-Os comunicadores já estão ligados?

-Sim.

      

Agente Morgan 3Onde histórias criam vida. Descubra agora