Capítulo 29

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   Atravesso a porta de metal que levava ao corredor onde os agentes continuavam desmaiados. Por sorte, a porta abria apenas do dentro, por isso, não foi necessário encontrar outro "guarda" para sair.

-Nos separamos aqui pessoal! - digo, ouvindo as reclamações.

Retiro a arma da cintura, deixando-a bem a vista nas minhas mãos.

-Se alguem ousar me seguir, leva chumbo. Vamos Ducler.

   Caminhamos de vagar para não sermos vistos. Mas todo esse cuidado não duraria muito tempo, pois assim que os prisioneiros souberam que estavam por conta própria, saíram correndo por todos os lados. Numa hora ou outra, algum guarda os veria, e então, o alarme seria disparado.

-Tem certeza que não é melhor me dar uma arma? - indaga Ducler.

-Será que da pra calar a boca? Estou aqui para te proteger!

-Se não me der uma arma, não vou estar protegido!

Bufo irritada, e retiro a outra arma da cintura, estendendo em sua direção.

-Nem pense em me trair, você precisa de mim para fugir. Sair desses muros é a menor parte dos seus problemas.

-Não vou. Dou a minha palavra.

-Como se sua palavra valesse alguma coisa. - debocho, voltando a andar.

-Você invadiu uma prisão, e está falando de códigos?

-A diferença é que estou do lado da lei... ou quase isso.

-Afinal quem te mandou? E quem é você?

Franzo a testa confusa, ele realmente não me reconheceu?

-Não temos tempo para perguntas.

   Continuo andando com passadas largas, depois de toda essa demora, pelos meus cálculos, faltavam poucos minutos para Simon desligar a cerca.

-Vocês ai! Parados!- grita um guarda.

    Atiro no seu ombro direito e continuo andando, dessa vez com passos mais apressados, presentindo que não demoraria muito tempo até algum guarda passar por ali, seguindo o som do tiro.

-Por que atirou no ombro? Ele vai nos delatar!

-Não estou aqui para matar ninguém. - digo, vendo ele bufar irritado.

-O que vai fazer depois que chegarmos no patio? Lá esta cheio de guardas.

-Vou lutar.

-E a cerca? Ela é...

-Ducler. - intervenho. - Já sei de tudo isso, fique tranquilo. Está tudo planejado.

  Tenso os musculos, quando as luzes que antes eram brancas adquirem um tom avermelhado. Por todo lugar se podia ouvir o som da sirene de fuga. Algum preso deve ter chamado a atenção.

-Todo plano tem uma falha.

-Vamos! - grito, tentando superar o som do alarme.

  Corro pelos corredores, seguindo a rota de fuga que foi planejada até o pátio norte da prisão. Não me preocupei em olhar para atrás, já que sabia que Ducler não era burro o suficiente para tentar fugir sem mim.    Foi uma péssima ideia soltar aqueles prisioneiros, isso reduziu ainda mais o nosso tempo.
   Sem deixar de correr, atiro nos guardas a nossa frente, que impediam a nossa chegada á saída. Uso a mãos de um deles para liberar a porta, e imediatamente as tracas sedem, dando passagem ao pátio tumultuado.
    Um grande número de guadas circulavam pelo patio, correndo de um lado ao outro para conter os prisioneiros que ja estavam ali. Alguns eram eletrocutados pela cerca, e outros, apenas mortos por tiros.
Sigo até a cerca, desviado dos corpos jogados no chão e dos guardas que já tentavam nos matar. Por algum motivo, eles não queriam prender os prisioneiros.
     Pelo canto dos olhos, vejo mais um prisioneiro sendo fritado pela cerca. Ela ainda não estava desligada.
Mirei e atirei naqueles que notaram nossa presença e tentavam nos matar. O número de prisioneiros e guardas no pátio diminuia dramaticamente, ambos os lados travavam uma batalha de tiros. Mais guardas chegavam para ajudar na disputa, inclinando a balança para o lado dos prisioneiros, que começavam a perder.
     Coloco Ducler atrás de mim, para protege-lo de alguma possível bala. Ele é um traste, mas é um traste que sabe a localização de Dylan.
    Olho para a cerca, um guarda estava muito próximo a ela, a mão do seu corpo desfalecido tocava o arame, e nenhuma corrente elétrica percorria o seu corpo.

-Esta na hora! - grito para Ducler. -Pula a cerca que te dou cobertura!

-Está louca? Vou morrer eletrocutado!

Suspiro resignada, e toco o arame, demonstrando que nada aconteceria.

-Satisfeito? Agora anda logo! Temos 2 minutos.

    Ducler obedece, e com dificuldade, começa a escalar a cerca enquanto lhe dava cobertura. Alguns prisoneiros perceberam que ele estava escapando e tentavam fazer o mesmo, mas todos eram atingidos por um tiro meu.

-Agora é sua vez! - grita Ducler, do outro lado da cerca.

    Miro nos homens que tentavam me matar. Desta vez não eram somente os guardas, os prisioneiros também me tomaram como um alvo, já que era o único empecilho que impedia sua fuga.

-Preciso que me de cobertura! - grito, mas Ducler não fez questão de atirar. - Você não vai conseguir fugir sem mim!

    Ele bufa irritado, coloca o cano da arma na brecha entre os arames, e atirando para me proteger enquanto tratava de pular a cerca. Agarro os arames, sabendo que teria pouco tempo, isso se não fossem segundos. Não teria tempo suficiente para escalar. Estico o corpo, agarrando o final da cerca, onde ficavam os arames farpados e fecho os olhos ao sentir as pontas cravarem na minha pele. Pulo, tomando apoio nos arames e rodopio o corpo no ar, soltando um grito pela dor ao senti-los se movimentar dentro da minha carne, e rasgar conforme terminava de descer do outro lado.
    Caio no chão de forma desengonçada, sentido uma lágrima escorrer quando tentei tomar apoio para levantar. Aceito a ajuda de Ducler para me por em pé, e juntos, corremos mata a dentro.
    Me concentro na rota de fuga, e esqueço o machucado das minhas mãos pra escapar dos guardas que soltavam os cães para nos caçar.
Pulo as raizes das árvores no chão, e sigo os galhos quebrados, que segundo Simon, era a direção na qual deveria correr.

-Os cães... eles vão nos alcançar! - murmura.

-Cala a boca e corre!

   Continuo o caminho, sem diminuir o ritmo, pelo menos agora não sentia mais a dor nas mãos, talvez fosse efeito da adrenalina.

-Ah!- Grita Ducler, tropesando numa das raizes.

   Paro euforica, quase sem ar e seguro sua mão, impedindo sua tentativa de atirar no pastor alemão que se aproximava.
     Encaro os olhos do animal, proferido um comando.

-Halt! Du kennst mich. Das ist richtig Kind!- digo, alisando seu pelo. - Jetzt ist es da!

    Ajudo Ducler a levantar, e voltamos a correr. As árvores começavam a ficar cada vez mais separadas, o que indicava que estava chegando a alguma rodoviá. Ao longe, no meio delas, avistei um um fugão com as postas abertas, esperando nossa chegada.

Agente Morgan 3Where stories live. Discover now