Capítulo 40

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-Então vocês fizeram tudo isso para identificar o traidor? - indaga Simon.

-E desconfiaram de nós. - murmura Sara, claramente ofendida.

-Entendam, poderia ser qualquer um! - explica Noah.

-E eu lá tenho cara de traidora?! - fala Mariana.

-Calem a boca. -murmjra Miller. - o Importante é que já identificamos o traidor.

Depois que Katye disse o seu famoso "sim", Miller achou melhor prende-la até que Jack e Alfie acordassem para iniciar com as perguntas. Enquanto isso, nós tentavamos acalmar equipe.

-Então é a Katye? Eu nunca imaginaria! - diz Diogo.

-Somos dois. - concorda Sara.

-E quando vamos interroga-la? - questiona Simon.

-Quando Alfie e Jack acordarem. - repete Miller, pela milésima vez.

-Por que eles ainda estão dormindo? O efeito do eter já era pra ter passado. - diz Noah.

-Bom... tecnicamente eles não estão sobre o efeito do eter. - intervenho.

Miller revira os olhos.

-O que você fez agora, Morgan?

-Os dois estavam juntos na mesma sala, não restou outra opção a não ser usar o metodo antigo. - dou de ombros.

-Que seria? - incentiva Sara.

-Porrada. - responde Diogo.

-Morgan, você quer acabar com os meus agentes?!

-Eu peguei leve. - minto.

-Tasha quebrou o nariz dele. - intervém Taú.

Lanço um olhar mortal para o africano.

-Você fez o que?!

-Foi sem querer...

-Deixa de mentira. - fala Diana.

Reviro os olhos.

-Eles vão ficar bem.

-Isso espero! - diz Miller.

-E falando nele! - grita Diogo. - Bem vindo de volta a vida, Alfie!

Olho para trás, e lá estava ele, extremamente acabado, segurando a tala do nariz como se temesse que ela caisse.

-Onde está Jack? -questiona Miller.

-Ainda desmaiado. - responde Alfie.

-Você está bem? - sussurro.

-Sim. - responde seco.

É... ele está bravo.

-Vai descansar Agente Handrick, precisamos que você esteja bem. E Natasha, sabe como funciona, não é? Você fez, você cuida. - diz Miller.

Reviro os olhos pela segunda vez naquele dia e sigo Alfie num silêncio incômodo até o seu quarto.

-Você ficou bravo pelo nariz? - questiono com receio.

-Não. - responde seco.

-Sei quando estão mentindo pra mim, e esse tom seco é um clássico exemplo. - digo, abrindo a porta do quarto.

-Já disse que não estou bravo pelo nariz quebrado.

-Então pela perna?

-Não.

-Kansas, agradeceria se você começasse a falar, não sou boa com adivinhações.

Ele bufa, não por raiva, mas sim por... decepção?

-Você não confiou em mim.

-Quê?

-Eu pensei que você gostasse de mim. Que juntos nós... tivessemos algo especial. Mas quando chegou a hora, você simplesmente preferiu acreditar que eu era um traidor. Nem sequer me contou o que estava acontecendo. Natasha, nosso relacionamento é difícil... quando não estamos nos beijando, estamos desconfiando e tentando matar um ao outro. Acha mesmo que isso vai dar certo?

-Alfie, eu... - intervenho.

-Ainda não terminei. Escuta, eu perdi tudo, meu primo, meu pai, minha mãe e você... bom, ou pelo menos tinha perdido. A única pessoa que tenho, é você, que ainda se põe em risco o tempo todo.

-Droga, Kansas. Não faço isso por mal, pode parecer meloso e... bom... você nunca mais vai me ouvir dizer isso, então: prefiro me por em risco, do que me arriscar á perde-los.

-Você é egoísta.

-Eu? Egoista? Arrisco minha vida por vocês!

-Você? Sozinha? E o resto? E eu? Nós somos um grupo! Você é talentosa Natasha, posso dizer que é a melhor do grupo, mas nós não estamos aqui somente para te ajudar. Nós também estamos lutando! - diz, elevando o tom da voz.

-Kansas, se acalma...

-Não quero me acalmar! Você quer se por em perigo? Quer correr o risco de morte? Faça! Mas faça comigo! Porque eu... não quero chorar sua morte denovo! Não quero perder a única coisa que tenho!

Ele se afasta, escorando o peso na cama.

-Durante esses dois anos, me acostumei a estar sozinho, porque me concentrava na minha carreira. Mas agora quero viver a minha vida, e viver com você!

-Ta... você tem razão. - digo, tentando abraça-lo, mas ele se afasta. -Qual é, Kansas?

-Natasha, não estou brincando. Pra mim isso acabou.

-Quer terminar algo que nem começou?

-Você tem razão. Não quero mais ser seu parceiro... ser seu namorado, nem nada do tipo. Quero estar com alguém que caminhe comigo ao seu lado, não um passo atrás.

Ele volta a abrir a porta do quarto, virando o rosto e lançando um último olhar antes de atravessa-la e me deixar para atrás. Isso aconteceu mesmo?
Permaneço em transe, até meu cérebro finalmente acordar para o que estava acontecendo e reagir da única forma que sabia. Corri atrás dele. Alfie virou assim que ouviu os meus passos apressados se aproximarem, ele cruzou os braços e limpou as gostas de água que escorriam pelo canto dos seus olhos.

-Espera! Escutei tudo o que você disse, e tem razão! Mas gosto de você, Kansas! Não sei se é amor, mas sei que gosto de você! Não acha que está exagerado? Quer mesmo me deixar?

-Eu não quero. Devo.

-Por que?

-Por como você é. Porque você só pensa em si mesma.

-Quê? Mas eu penso em todos!

-Essa já é uma maneira de não pensar em ninguém. Sei que você não faz isso por mal, te conheço, e sei que tem o coração mais grande que essa base. Mas você também é egoista! Você diz que faz isso pelo bem de todos, mas e se você morrer? O que acontece com "todos"? Nós não somos mais amigos, na realidade nem sei o que somos. Mas sei que nos gostamos, e por isso, você não pode me deixar de fora. - murmura, voltando a caminhar.

Permaneço estática, novamente sem reação, mas dessa vez, não me permito ficar assim durante muito tempo. Assim que vejo sua figura adentrar a cozinha, apresso meus passos, quase que correndo e o encurra-lo contra a parede, segurando na sua camisa azul com as duas mãos e encarando os seus olhos com força. O movimento foi tão rápido, que ele ainda parecia confuso com a situação, enrugando a cara pela dor nas costas.

-Ok, você tem razão em tudo. Mas acredite, você não vai me deixar assim! Não fácil desse jeito! - murmuro, antes de unir os nossos lábios.

Foi tão repentino, que até mesmo Alfie se surpreendeu. Aprofundei o beijo procurando passar tudo aquilo que estava sentindo, e sim, isso incluia raiva. Alfie não demorou muito a retribuir e passar as mãos pela minha cintura, me fazendo solta-lo e agarrar o seu pescoço, trazendo-o mais para mim. Ambos estavamos nervosos, magoados e aquele beijo, foi a forma de travar uma batalha sem palavras. Resta saber quem seria o vencedor.
Separo nossos lábios assustada, ouvindo os gritos de Noah e Diogo, que gritavam juntos para quem mais quisesse ouvir.

-NALFIE É REAL!

Vamos ter problemas...

Agente Morgan 3Where stories live. Discover now