| Capítulo 4|

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Bea observava as árvores vermelhas e laranjas através do  retrovisor do carro, e decidiu que seu batom vermelho combinaria perfeitamente com os tons quentes que o outono pintava. Após passar o batom, ela arrumou o suéter rosa claro. Olhou novamente para o retrovisor e não o encontrou.

- Joe! Vamos!- Gritou pela janela. Alguns segundos depois ele apareceu, abrindo a porta do motorista. -Surpresa!- Ela disse, dando um sorriso com seus dentes brancos perfeitos. Ele semicerrou o olhar, enquanto o copo de café quente em suas mãos liberava vapor na frente de um rosto zangado. - Sei que sou bonita, mas não fique aí olhando, entre.- Ela disse, tentando convencê-lo.

- Beatrice! Eu vou dirigir, isso não vale!

-Agora vale.- Ela sorriu de lado, dando de ombros. -vamos, entre.

Joe bateu os pés no chão e deu a volta no carro, como uma criança birrenta, enquanto Bea segurava a risada. Ele entrou pelo lado do passageiro apesar de não muito satisfeito. Bebeu apenas um gole do café e assistiu dar partida no carro. Joe olhou para o vidro da frente e limpou por dentro, para enxergar melhor. 

- Odeio postos de gasolina. - Beatrice começou, como se não estivesse descumprindo a promessa de que o deixaria dirigir o resto da viagem se ele descesse no posto por ela.- São sempre assim? Cheios de caminhões e carretas? Homens que conversam no meio da pista?- Ela bufou, encostando relaxada no banco, colocando uma das mãos na cabeça.

- Se eu estivesse dirigindo não estaria reclamando. Aliás, é assim quando se dirige em rodovias Bea. Você não está acostumada com essas coisas, e não tem paciência com nada. - Joe repetiu, como havia feito desde quando saíram de Chesapeake. A garota revirou os olhos.

- Eu tenho paciência com você. Não é uma evolução? - perguntou. Ele tentou fazer uma expressão de bravo, mas não aguentou e se rendeu a um sorriso.

- É sim.- respondeu. Outros vinte minutos de estrada foram cobertos pela playlist animada que Bea escutava. Houve um acidente no caminho, e com isso o trânsito se tornou muito mais lento. - Bea, cuidado.- Ele alertou.

- Joe, eu sei.

- Não é o que parece.

- Sabe o que parece, querido?

- O quê?

- Que está exausto. Desde que saímos da casa do meu tio, você não dormiu. Horas dirigindo. Não me deixou pegar o volante, e agora que fiz isso você não descansa.- Ela declarou.

- Talvez eu não queira. -argumentou.

Beatrice tornou a olhar para seus olhos verdes, que estavam piscando lentamente.

- Talvez você seja marrento e só esteja acordado para me policiar no trânsito. Não se esqueça que você me ensinou a dirigir!- ele olhou novamente para a estrada. Se iniciava uma discussão e Joe percebia. Essas pequenas discussões na verdade se tornaram frequentes desde que eles começaram a morar juntos. Ele não se importava, porque as implicâncias não demoravam meia hora, e os dois já estavam fazendo as pazes, que era a melhor parte.- Precisa confiar mais em mim.

- Só tenho medo de acidentes.- Ele tentava, mas, olhando bem para a situação, sabia que essa insegurança não tinha nenhum sentido. Joe precisava constantemente se lembrar de que nunca estava no controle naquela relação.

- Não acha que se eu tivesse dúvidas sobre minha capacidade no trânsito, eu não teria coragem de colocar nossas vidas em risco? E os presentes? Quem entregará os presentes? - O cowboy riu dela. Olhou para os bancos de trás. Não havia espaço para mais nada, e Bea parecia realmente empolgada por finalmente ter comprado coisas com o dinheiro do próprio trabalho. - Joe, foi-se a época que mulheres eram perigosas no trânsito.- Ela nunca parava, até que o escutasse se render. Impaciente com a enrolação por conta do acidente, ela desviou o móvel entre os caminhões e carros passando na frente, recuperando, talvez, trinta minutos que perderiam. Joe ergueu as sobrancelhas, surpreso.

[Livro 2] Onde cê tá meu amor? [Concluída]Where stories live. Discover now