|Capítulo 19|

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Alguns minutos antes.

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Beatrice escutou batidas na porta e se virou, assustada. Sua mente estava viajando longe.

- Bea? Você já está se arrumando? Todo mundo já está lá embaixo. - A voz de Maeve atravessou a porta, e, diferentemente das outras vezes, ela não entrou. Bea se deu conta de que não tinha começado a se arrumar, apenas estava parada de toalha pensando na vida.

Acontecia com frequência.

- Já estou quase pronta!- Disse, e viu que a outra não insistiu, e seus passos se afastaram do quarto.

Beatrice sacudiu a cabeça e concentrou- se em pensar no que usaria naquela noite. Ela costumava se preparar para noites como essa, mas estar em Dooferhill não fazia com que ela sentisse vontade de estar tão produzida. Não precisava se esforçar para agradar os olhos de ninguém.

Percebeu então, em cima da cama, uma caixa branca com amarração de cor vermelha. Não sabia dizer há quanto tempo estava ali. A etiqueta vermelha dizia em uma letra escura e bem desenhada "Para uma doce menina".

Bea não conseguiu controlar um sorriso que escapou. Como não havia pedido nada a Roman, não fazia ideia do que aquela caixa significava, e decidiu que gostava da sensação de surpresa. A última lhe trouxe fotos que a fizeram muito bem.

Por um segundo, a ideia de que Roman entrou em seu quarto enquanto ela tomava banho fez com que seus pelos se eriçassem. Ela tentou afastar essas ideias infundadas, decidindo que suas dúvidas e medos não a impediriam de aproveitar o Ano Novo.

Ao abrir a caixa e retirar o embrulho, encontrou um lindo vestido branco. Ele acabava antes do joelho. Na parte tomara que caia e na barra tinham flores brancas de cetim, e no centro era como um corselet. Bea levou a mão à boca, comemorando mentalmente o bom gosto dos Atwell para a moda.

Vasculhando um pouco mais a caixa, Beatrice também encontrou um salto prateado com pequenas flores no mesmo nível do vestido, como se tivessem sido feitos sob encomenda.

Talvez tivessem.

Beatrice se vestiu e tirou a toalha dos cabelos. Se demorou ao secá-los e fazer alguns cachos. Passou muito tempo olhando para sua imagem insatisfeita no espelho, e mais alguns para ter ânimo para se maquiar. Não podia deixar de pensar que nesse mesmo dia no último ano ela estava desmaiando em uma passarela. E sendo julgada por sua mãe. E perdia sua avó.

Ela sentia como se algo sufocasse seu peito desde o início do dia, e dava pausas dramáticas para respirar e pensar antes de terminar suas ações. Não estava sendo um dia fácil, e ela só não queria chorar em pensar na saudade de casa e nas coisas que não compreendia.

- Beatrice?- Para a surpresa da Atwell, aquela voz nunca esteve em sua porta.- Fui enviado para ver se tudo está bem com você. Já são quase meia noite. Não vai descer?

Bea caminhou lentamente até a porta e abriu.

- Estou indo, Alfred.- Ela forçou um sorriso.- Desculpe a demora.

- Não tem problema. São eles quem estão apressando, mas...- O Wilson parou sua fala para avaliá-la. Um sorriso se abriu em seus lábios. - É totalmente compreensível que você tenha demorado para se arrumar. Está linda.

Beatrice entendeu o elogio, mas resolveu brincar.

- Tecnicamente, você me chamou de feia.

- O quê?- ele balançou a cabeça.

- Sim, porque se fosse um elogio, você diria que eu não precisaria de muito tempo ou esforços para ficar linda. Mas você disse que é compreensível que eu tenha demorado. O que significa que eu consegui fazer um milagre.

[Livro 2] Onde cê tá meu amor? [Concluída]Where stories live. Discover now