|Capítulo 33|

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Beatrice atravessou o pequeno jardim, xingando palavrões que nenhum de seus pais aprovariam. Seguiu para o carro, batendo os pés, passando os dedos entre os cílios para garantir que o rímel ainda se encontrava ali. Naquele momento, não estava pensando o que a vizinhança de Natalie pensaria de uma garota aos prantos na rua. Só queria sumir.

Parou no meio da calçada quando, de repente, viu dois jovens caminhando em sua direção.

Um deles, o mais novo, parecia ter nove ou dez anos, usava um uniforme azul de basquete, o cabelo bagunçado e preto caindo nos olhos. Ele pulava na frente do outro rapaz, com animação, tagarelando.

O outro aparentava ter seus quinze anos, carregava um violão nas costas, tinha os cabelos lisos cor de mel dançando com o vento. A mente parecia distante. Estava silencioso.

O mais velho parou vinte metros a frente de Bea, observando a garota com cuidado. O outro não pareceu perceber a presença da garota em seu jardim, e continuava a conversar. Só reparou quando, de repente, escutou um soluço sofrido e se virou. Avistou Bea olhando para eles, em uma conexão estranha. Ela baixou o olhar, engoliu o choro e seguiu para o carro.

O menino mais velho correu, tentando alcançá-la, o violão batendo nas costas, dificultando a corrida.

- Moça, você está bem?- Ele a chamou, e Beatrice precisou de alguns segundos para compreender o francês. Sua mente estava uma bagunça.

Ela não tinha opções: O carro que procurava refúgio estava trancado. Se encostou no mesmo e ofereceu seu melhor sorriso falso.

- Eu estou bem, obrigada.- Declarou ela.

Agora, mais perto, o menino observava cada detalhe da garota.

Pareceu querer dizer mais alguma coisa, porém se assustou com o barulho do carro destravando e se virou com velocidade.

Encontrou um Lucien tenso passando por ele.

- Tenha uma boa tarde.- O homem cumprimentou brevemente, sabendo que precisava ir embora.

Entrou no carro.

O desconhecido olhava para Lucien e então a direção de onde ele saiu. Se perguntava se este aparente estrangeiro havia saído de dentro de sua casa.

Após alguns segundos encarando o rapaz, Bea acenou com a cabeça, em despedida, e também entrou no veículo. O carro saiu em disparada pela rua.

No caminho para o hotel, a Atwell tornou-se silêncio, o que apertava o coração de Lucien. Ele se repreendeu mentalmente. É claro que queria mudar a opinião de Beatrice sobre Roman, afinal, ela estava acreditando em uma mentira. Mas Lucien não pensou que, colocando-a de frente para Natalie, ela se sentiria tão mal.

No hotel, Bea se jogou na cama. Segurou seu impulso de trancar-se no banheiro, se desfazer em lágrimas e entregar seus problemas para o chão frio. Ela já havia passado por essa fase. Reprimir as dores dentro de si nunca era uma boa ideia.

Lucien deveria ir para seu quarto, mas não conseguia deixá-la sozinha. Se sentou na poltrona ao lado da cama, tentando não invadir o espaço da garota.

- Por que não me contou?- Disse ela, infinitos minutos depois.

- Eu não podia. - Suspirou.- E, de toda forma, você não acreditaria.

Beatrice respirou fundo.

- Você poderia ter tentando.

- Se uma pessoa é acusada de assassinato com testemunhas, e ela te diz que é inocente, você acreditaria nela?- Perguntou o Delance.

[Livro 2] Onde cê tá meu amor? [Concluída]Where stories live. Discover now