|| Capítulo 10||

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A torre Eiffel não parecia tão encantadora. Perdeu toda a magia desde a última vez que Arthur visitara Paris. Talvez, ele não estivesse tão empolgado por pisar em solo francês, já que a situação não era a melhor de todas e eles infelizmente não estavam desfrutando de férias em família.

Foi uma viagem rápida e objetiva, muito embora os Coleman estivessem se sentindo de mãos atadas. Não sabiam por onde começar. Tudo que tinham era uma maleta que reunia todos os documentos de Judith quando supostamente "deu à luz" em Paris. O possível registro de Beatrice, todos os exames da gravidez dela, e uma foto da pequena quando nasceu.

Arthur tentava entender porque as coisas precisavam ser tão complicadas. Tudo deveria ser resolvido com a prisão de Judith, e eles não precisavam ser reféns de todas as trapaças dela durante a vida. Mas agora, eles estavam atrás dos pais biológicos da irmã que cresceu com ele, em busca de uma desesperada autorização e redenção impossível que pudesse trazê-la de novo para morar no quarto ao lado do seu. Estar sem Bea era estranhamente ruim. Arthur não sabia o quanto sentiria falta dela até perdê-la da noite pro dia.

Ele não sabia o que era pior.

Olhar para um Peter desolado e inconsolável em busca de respostas em Paris, ou abrir o celular e descobrir através de Briella que Beatrice estava cada vez pior. Ela chorava durante as ligações e dizia coisas sem sentido. Sentia que nunca voltaria pra casa, começava a adoecer, e isso fazia com que Arthur sentisse mais urgência em resolver tudo aquilo de uma vez.

Eles se encontravam em uma sorveteria com o nome "Häagen-Dazs", e Arthur olhava os turistas animados reunidos na ponte "d'Arcole". Mabel, que estava na cidade das luzes pela primeira vez, tentava esconder sua empolgação ao reparar cada detalhe nas ruas, mas era bom ver que alguém se encantava de alguma forma com a situação.

- Jordan me disse que está tudo sob controle. A negociação das máquinas está quase sendo fechada com os Jones.- Peter respirou aliviado, terminando sua casquinha.- Podemos voltar ao que importa.

Dominic espalhou os documentos sobre a mesa, olhando novamente para as folhas.

Enquanto eles repetiam a ação, Arthur aproveitou para mandar foto da torre para a irmã, comentando sobre as viagens que fizeram na infância, na expectativa de animá-la. Sentiu-se inútil quando Beatrice respondeu com um coração. Observação: A garota odiava respostas com emojis.

Ele guardou o celular, os pés não conseguiam parar de balançar. Precisava comentar o que vinha pensando desde o dia que Bea precisou ir embora.

- Minha culpa.- Ele disse, arrastando as palavras.- Quando ela perguntou o que eu queria de aniversário, pedi para que ela sumisse.

Peter suspirou, sabendo que aquela era uma tentativa desesperada de jogar a culpa em si próprio. Era um dom dos Coleman.

- Você precisa de um milk shake, reforçado.- Mabel passou as mãos pelos cabelos loiros de Arthur, ignorando totalmente a acusação dele. O rapaz pediu para rever os papéis.

- Judith tem exames em mais de sete hospitais aqui em Paris durante toda a "gestação''.- Dominic fez aspas com os dedos.- O hospital em que Bea nasceu, segundo o registro, nem existe mais.

O loiro observou. Judith não seria tão boba em deixar rastros de seu crime, então provavelmente o local em que a bebê nasceu não estava nos papéis. Ele olhou bem para as fotos, tentando captar os detalhes.

- Frederick...sou eu de novo.- Era possível escutar a voz de Peter, enquanto ele falava no celular e se virava para o rio, para que ninguém visse sua expressão de tristeza e humilhação: Ligar para o homem que te enganou e ficou com sua mulher por vinte anos nunca seria uma opção, se não fosse algo tão importante.- Você já desistiu de ligar o telefone, eu sei, mas se por algum milagre de Deus você escutar essa mensagem, eu só peço uma coisa: O nome dos pais da Beatrice. Eu juro por tudo, Frederick, não precisamos nos ver nunca mais, não preciso de mais nada. Apenas da minha filha. Considere o que vivemos...- Peter desligou o telefone, se sentindo um tolo.

[Livro 2] Onde cê tá meu amor? [Concluída]Where stories live. Discover now