| Capítulo 16 |

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Beatrice estava sentada nos degraus da entrada de Dooferhill. Homens de macacões azuis entravam e saiam da mansão, carregando alguns móveis e, outros, passavam com latas de tintas e pincéis. Tudo isso fazia parte da nova decoração do quarto de Beatrice Atwell, como ela havia escolhido. Ela observava Lucien dar ordens e instruções para esses homens, até mesmo ajudar a fechar o caminhão. Ele respirou fundo, olhou para a prancheta em suas mãos e assinou alguma coisa. Após um aperto de mãos com o motorista do caminhão, ele se sentou ao lado de Beatrice, olhando para o os portões de ferro e a floresta de tom verde escuro logo adiante.

Desde a última discussão com Lucien Delance na ida até a cidade, Bea não tivera tempo de ficar sozinha com ele. Costumava estar acompanhada de Maeve ou qualquer outro empregado que ela conhecia cada vez mais diariamente, mas não com ele. Ela suspirou olhando através do jardim. Não enxergava Maeve. Sabia que ela estava um pouco mais longe, dando banho nos cachorros, os quais Beatrice ainda não conseguiu nenhuma proximidade. Os rottweiler e seus rosnados ainda não haviam conseguido os carinhos dela, então, quando Maeve gostava de brincar ou cuidar deles, Beatrice os deixava.

- Onde está sua coleguinha?- O homem finalmente falou, depois de três minutos de silêncio insuportável.

- Ela está banhando Snooper e Blabber.- Beatrice franziu o cenho quando Lucien comprimiu uma risada no fundo da garganta. Ele coçou o nariz e então continuou a olhar o horizonte.- O que é engraçado?

- Não, nada. Eu sou infantil.- Ele riu mais um pouco.

- É, isso eu já percebi.- Bea quase se contagiava com a risada repentina do homem. - Mas o que é?- Ao esperar e ver que ele não falaria, ela supôs. - É sobre o que eu falei, não é? Snooper e Blabber...? Eu falei o nome deles, certo?

- Sim, está certo.- O homem se recuperou.- Você não faz ideia do que significa, faz?

Ela baixou a cabeça, sem graça.

- Na verdade, não. Só sei que rimam. Qual é o lance por trás do nome dos cachorros?

- Seu pai e eu quando mais novos vivíamos assistindo um cartoon com esse nome. Era o desenho de um gato e um rato que formavam uma dupla de detetives. - Ele a olhou.- Bobagem. Não é engraçado, não agora. Mas parecia incrível quando escolhemos os nomes pros cachorros, e agora eu sinto que sou um tapado. Quer dizer, ele. Seu pai é um tapado.- Lucien transferiu a culpa.

Bea não conhecia o cartoon que ele se referia, mas sorriu imaginando como se divertiram com a ideia. Depois, eles continuaram quietos, até Lucien se levantar e dar a Beatrice a coragem que ela estava procurando para falar com ele.

-Ei.- Ela o chamou, e o homem olhou para baixo, enquanto Bea tocava com os dedos dos pés a grama fria.- Nós não tivemos tempo para falar sobre...aquilo.- Ela pigarreou, sem olhá-lo nos olhos.- Naquele dia, hã, foi legal você não ter contado para o Roman sobre a discussão ou a tentativa de fuga ou sei lá. - Beatrice colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha antes de olhá-lo.- É só...valeu. Valeu por não ter sido a Yoko entre nós.

- Tudo bem.- Ele ofereceu seu costumeiro sorriso.- Valeu por saber fazer uma boa referência pop.

Os dois se olharam por alguns instantes. Para manter o procedimento padrão de implicá-lo, ela continuou.

- Isso não foi um pedido de desculpas pela forma que agi. Eu não estava errada.

- Ah, ótimo.- Ele pareceu respirar aliviado.- Ainda bem que não é um pedido de desculpas ou trégua, porque isso exigiria que nós nos abraçássemos e não seria legal.- Lucien brincou. Ele colocou as duas mãos no bolso da calça social mas, antes de sair, se direcionou novamente à garota. - Só tem uma coisa que talvez precise saber, Little Beetle. Eu nunca seria um empecilho entre sua relação com Roman. Então...talvez deva repensar qual é o problema.

[Livro 2] Onde cê tá meu amor? [Concluída]Kde žijí příběhy. Začni objevovat