|Capítulo 8|

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Beatrice não sentia mais desgastes ao acordar tão cedo para acompanhar o ritmo dos trabalhadores da fazenda. Todas as vezes que o ar puro invadia seus pulmões e ela apreciava tudo aquilo que estava vivendo, um sorriso escapava levemente de seus lábios. Nem mesmo a vista da antiga varanda dos Coleman parecia oferecer algo tão agradável.

Bea estava sentada em uma porteira, olhando a imensidão do céu azul sem nuvens brancas. Observava as ovelhas que Joe pediu, mas, após vinte minutos, ela cogitava procurá-lo.

Escutou um pigarrear em suas costas, e ao passar as duas pernas pela porteira e virar, viu Peter e Joe com olhares que indicavam sua cumplicidade duvidosa.

- Eu não fiz nada de errado.- Ela ergueu as mãos para cima.- Propositalmente.

- Nós sabemos.- Peter comentou, e ela desceu, percebendo como era baixa perto dos dois homens.

- Sim.- Joe sorriu de forma gentil.- Agora que você já é uma garota formada e tem mostrado certa apreciação pela vida que temos aqui...- Peter incentivou com a cabeça para que o rapaz continuasse.- Nós queríamos te dar um presente...

- Sem querer influenciar nada. Só um presente.- O pai continuou.

Ela riu e olhou para o relógio.

- Tudo bem... Sexta feira, 2 de Novembro, nove e quarenta e quatro da manhã, Peter Coleman e Joe Hammar acabaram de dizer que vão me presentear sem motivos específicos. Isso é suspeito.- Bea colocou as duas mãos nos bolsos da calça jeans apertada.- No dia do aniversário do Arthur.

- Não foi muito planejado.- Peter deu de ombros.- Quer saber o que é ou não?

A menina franziu o cenho, mas se rendeu.

- Sim senhores.

O Coleman tirou as mãos que escondia por trás do corpo, revelando um chapéu de couro com uma fita dourada que o envolvia. Beatrice levou uma das mãos à boca, lisonjeada pelo delicado presente simbólico que recebera.

- É lindo.- Era uma palavra que expressava bem pouco o quanto ela havia amado aquilo.- Nossa, é mesmo lindo.

Os dois sorriram orgulhosamente.

- E é todo seu.- Peter se aproximou e colocou cautelosamente o chapéu, enquanto Bea parecia radiante. Ele depositou um beijo no rosto da filha, percebendo como nunca havia imaginado essa situação acontecendo com ela. Estava no lugar que ele sempre quis que ela estivesse.

Joe a olhava um pouco mais de longe e não escondia seu sorriso bobo.

- Muito obrigada aos dois. Vou guardar pra sempre.- A menina deu uma voltinha. O vento soprava forte os cabelos dela no rosto do pai, que se afastou um pouco e riu. No mesmo momento, Beatrice teve uma ideia.- O que acham de cavalgarmos um pouco, nós três?

A confirmação não demorou muito para vir.

Peter caminhou calmamente até o celeiro, enquanto Joe e Beatrice apostaram corrida para ver quem chegava primeiro, e se empurravam no caminho.

O cowboy ter ganhado a corrida não foi uma surpresa.

O rapaz começava a preparar um cavalo de pelagem castanho claro, quando a menina colocou levemente a mão por cima da dele.

- Pode deixar isso comigo. Vai buscar o Soberano.

Joe ergueu uma sobrancelha e cruzou os braços.

- Está me dizendo que vai preparar sua montaria sozinha?

- É isso que estou dizendo.- Ela riu, empurrando-o com o ombro e examinando rapidamente a sela e as rédeas do cavalo.

Enquanto buscava o seu equino, Joe ainda olhava para trás, incrédulo. Ver Bea preparar o cavalo era como ver um filho começar a andar. Era até mesmo difícil perceber, nos últimos meses, como ela não precisava mais dele para ensiná-la ou corrigi-la. Ele não poderia ser egoísta ou achar aquilo ruim, mas sentia falta de ser útil na vida dela.

[Livro 2] Onde cê tá meu amor? [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora