|Capítulo 37|

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Beatrice se encontrava sentada sozinha aos pés da escada, à espera de alguém tangível para poder tocar e gritar, já que já havia despejado coisas o suficiente em Joe e o pobrezinho não merecia. Agora, sentia o estômago roncar, mas a raiva e a tristeza gritavam tanto dentro dela que era como se a fome não existisse.

Estava em completo silêncio quando escutou os portões de Dooferhill abrirem tarde da noite.

Quando Roman adentrou o salão teve o vislumbre da imagem que já esperava: Sua filha estreitando os olhos para ele, a meia luz amarela iluminando seu rosto vermelho de lágrimas. Ele suspirou, antes de colocar o terno sobre a primeira cômoda em sua frente e relaxar a gravata. Sabia que, apesar de um longo dia de discussões e acusações no tribunal, a pior de todas elas viriam agora. Ou pelo menos as que machucariam de verdade.

- Você já jantou?- Perguntou o homem, quebrando o silêncio.

- Como estão Lucien e Maeve?

- Vão dormir em Columbus. É provável que Maeve seja liberada ainda hoje.

Beatrice coçou os cabelos.

- Eu perguntei como eles estão.

Roman respirou fundo antes de responder sinceramente.

- Menos desapontados do que eu.

Beatrice se permitiu rir com desdém.

- Você os envolveu nisso e agora está desapontado?- Ela se levantou, o brilho de raiva surgindo em seus olhos.- Maeve poderia pegar anos de prisão, Roman!

- Ela não foi forçada a fazer nada do que fez.

- Você se ouve?- Bea alterou o tom de voz.- Maeve está presa por ter mentido no depoimento! Está presa!

- Graças ao seu namoradinho.- Retrucou Roman, ainda tranquilo.

- Não culpe Joe! Ele só fez a obrigação, falou a verdade, testemunhou o que viu aqui. Se Maeve precisou mentir para a polícia, foi para salvar a sua pele!

- Eu não pedi para que ela fizesse isso. E você sabe. Maeve está colhendo o que plantou e talvez ela leve como lição de vida. Eu disse, com todas as letras, que estar comigo era perigoso. Ela correu todos os riscos.

- Roman! Ela correu riscos porque te ama, caramba!- Beatrice gritou, e o pai fechou os olhos, tentando se controlar.

- Eu entendo, Beatrice. Mas é isso que acontece quando a minha vontade não é feita.- Ele trincou os dentes.- Pedi diversas vezes para que ela fosse embora. A lembrei constantemente que seu lugar não era aqui!- Ele arrancou a gravata.- O que importa é que o advogado já conseguiu um acordo. Maeve não mentiu no tribunal perante a lei, ela mentiu somente diante da polícia e isso de alguma forma minimiza os fatos. Não se preocupe, ela e Lucien não sofrerão mais as consequências daquele maldito dia. E...- Se lembrou de acrescentar.- Eu queria ficar com eles até o fim. Mas me convenceram a voltar para a casa rápido, considerando que não seria bem visto te deixar sozinha esta noite.

Beatrice assentiu, um pouco mais calma. Pelo menos Maeve e Lucien estavam bem. Mas outra pessoa não estava. E esse era o ponto ápice de sua indignação.

- Por...quê?- Ela soltou, depois de sentir que suas forças se foram.- Como pôde permitir que fizessem isso com Peter?

Roman hesitou.

- Me desculpe, querida. Mas eu não tenho nenhuma obrigação de responsabilidade afetiva com Peter Coleman.

Beatrice contraiu o maxilar.

- Não é sobre empatia, Roman! - A garota sentia que seu peito explodiria. Arrancou fôlego de onde não havia mais.- Você permitiu que seu advogado levantasse mentiras sobre o meu pai! Sobre seu caráter! Isso é um absurdo!- Ela falou, agora próxima do Atwell.- Como permitiu um jogo tão sujo? Tem ideia do peso que vai cair sobre Peter agora? Ele foi acusado de ter matado a mãe de Jordan por sua culpa!- Bea gritou, lembrando-se da narração de Joe pelo telefone. Parecia um conto de terror. O advogado de Roman levando o júri a acreditar que Peter não tinha o direito de cuidar de Beatrice já que negligenciou seu primeiro e verdadeiro filho. Ficou subentendido, para todos, que o Coleman havia cometido um crime contra a vida de Olive apenas para que ela e o bebê não atrapalhassem sua vida.

[Livro 2] Onde cê tá meu amor? [Concluída]Where stories live. Discover now