Capítulo 19 - Save me...

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- Foda-se! - Niall grita e atira-se de cabeça para o sofá.

Compreendo a reação dele. Mas, se não chegasse aqui, naquele momento, o Niall ainda estaria a ser saco de pancada e o Jake, provavelmente, ainda nem tinha ido embora. Os meus pés caminham lentamente até ele e sento-me na pontinha do sofá.

- Desculpa... - peço e ele suspira contra a manta azul sob ele.

- Porque é que quando eu te digo para fazer uma coisa, tu fazes o contrário! - ele questiona. A sua voz sai por entre dentes e eu estremeço.

- Eu... não sei. - confesso.

Na verdade, eu sentia uma pequena dor no coração só de ouvir o primeiro grito de dor dele. A dor que tinha germinado no meu coração não crescia com água e luz, mas sim com os gemidos dele que cada vez ficavam mais altos e com mais sofrimento. Não gosto de o ver assim. Ele é como um anjo. Um anjo negro e frágil, com asas ténues e transparentes. Olhos azuis moldados por longas pestanas escuras e um sorriso encantador que o faz ainda mais angelical.

- Niall... - chamo num tom de voz inocente e receoso.

- Só te desculpo se fizeres um cachorro. - ele condiciona e ri. E, depois de ouvir o seu riso, eu sei que ele voltou ao normal.

- Depois de tratar desse nariz e desse lábio. - alerto e ele revira os olhos.

- Isto passa. - ele comenta.

- Sim, claro... - ironia é escutada na minha voz e ele ri.

***

Daniel beija levemente a minha testa e eu estou a olhar para nada. Na minha mente, imagens do Niall pairam por tudo o que é sítio. Será que ele está melhor? Ele tratou-se ao menos? O lago de sangue que eu vi ontem foi das piores coisas que vi em toda a minha vida.

- Diih? - Dan chama-me e eu olho para ele.

- Sim. - respondo e ele olha para mim. Olhos azuis mágicos a encarar os meus verdes.

- Tudo bem? - ele interroga e abraça-me pela cintura.

- Sim. - minto. Estou demasiado preocupada com o Niall. Na hora de almoço, vou ter com ele.

- Hum, ok! - ele sorri e beija novamente a minha testa. Rapazes... Eles não sabem que quando uma rapariga diz "Sim" quer dizer "Não"?

A campainha toca. Daniel tem futebol na hora de almoço. Depois de almoçar, vou ao apartamento do Niall. O caminho não é assim tão longo, são uns dez minutos.

À medida que vou andando, tenho a sensação de que o carro preto que me segue é sempre o mesmo. Um arrepio desce pela minha espinha e os meus passos aceleram. Só espero que não seja o Jake.

O mesmo carro de há uns cinco minutos atrás acelera e para à minha frente. Numa rua onde ninguém passa, eu estou sozinha, juntamente com o ser misterioso no interior do veículo. A porta abre-se e, como eu temia, sai de lá o Jake. Do outro lado, sai um rapaz alto e e ruivo.

Neste momento, eu deveria estar a correr, a fugir deles o mais rápido que posso. Contudo, estou aqui, parada, como que colada ao chão de alcatrão preto e poeirento. Jake e o seu amigo aproximam-se lentamente de mim.

- A menina está perdida? - Jake pergunta, como se não me conhecesse.

- Não. - murmuro...

- Diz-me onde vive a mãe do teu namorado irritante! - ele ordena e agarra o meu pulso.

- Ele não é meu namorado. - corrijo e, por segundos, as suas sobrancelhas franzem-se e ele parece ficar confuso.

- Seja ele o que for. Eu sei que tu já lá foste, eu quero saber onde é! - ele volta a rugir no seu tom ameaçador.

- Não sei. - minto enquanto as lágrimas tentam sair dos meus olhos.

A sua mão acerta fortemente na minha cara - Fala! - e ele volta a grunhir.

- Ei, Jake. Porque não te metes com alguém do teu tamanho. - uma voz familiar rebenta nos meus ouvidos como as ondas do mar rebentam ao bater nas rochas sólidas.

- Larga a Dianna. - Harry diz.

A minha cabeça vira-se lenta e calmamente e eu pude ver Harry, Zayn e Liam. A mão nojenta e suada do Jake larga-me e ele recua para trás. Corro para a beira dos rapazes e mantenho-me atrás deles. Com o ar de superioridade, Jake volta para o seu carro com o seu amigo. Boa, não acredito que agora vou andar a ser perseguida por eles. Maldita a hora em que eu desobedeci ao Niall.

- O que é que ele queria de ti? - Zayn pergunta e olha para mim. Encolho os ombros.

- Como é que ele sabe quem ela é? - é a vez do Harry.

- O Jake esteve lá ontem. - sussurro.

- E o Niall não te mandou para lado nenhum!? - Liam guincha. É estranho estar a falar com ele e saber que ele tem conhecimento de tudo.

- Sim, mas... esqueçam... - peço e eles entreolham-se.

- Vais ter com ele? - Harry pergunta e eu aceno com a cabeça - Ótimo, nós também vamos.

- Pode ser que, antes de chegarmos a casa dele, a marca na tua cara desapareça. - Zayn supõe.

Levo a mão à minha bochecha e esfrego-a delicadamente. Os rapazes começam a andar e eu vou atrás deles. A conversa deles é a típica conversa de rapazes e eu prefiro ficar fora dela. Não quero saber qual é o rabo maior, o da Demi Lovato ou o da Jennifer Lawrence.

Quando chegamos ao edifício, subimos as pequenas escadas de pedra brilhante e o Harry abre a porta do apartamento. O Niall está na sala, deitado ao comprido no sofá, com um pacote de batatas fritas na barriga e uma garrafa de vidro de cerveja na mão.

- Devias contratar um segurança para a Diih. - Zayn aconselha e Niall para de beber o líquido, apesar de ainda ter a garrafa nos lábios.

As sobrancelhas franzem-se e uma pequena e adorável ruga forma-se entre elas. Niall separa a garrafa dos seus lábios e pousa o pacote de batatas fritas no chão.

- Quê? - ele pergunta intrigado.

- O Jake, há uns cinco minutos atrás, mandou um estalo à tu... Diih. - Liam avisa e os olhos do Niall ficam esbugalhados. Pareciam que iam sair.

- Alguém pediu homicídio, foi? - Niall fala sarcasticamente e toda a gente riu - É verdade, Harry, sabias que o apartamento tem uma varanda?

- A sério? Onde? - Harry está tão admirado como o Niall.

- Ali, olha. - ele aponta para a janela alta. Harry caminha até lá e confirma que, realmente, tem uma varanda.

- Desde quando? - Harry questiona e eu rio.

Harry abre a porta da janela e sai para a varanda, Liam e Zayn vão atrás dele, deixando-me a mim e ao Niall sozinhos. De propósito, acho. Niall chega-se cautelosamente para mim e passa o dedo indicador pela minha bochecha, que ainda estava marcada. O olhar atencioso dele analisa o meu rosto e um suspiro cai dos seus lábios.

- Tu não vais poder andar sozinha por aí, agora. - ele afirma, tristemente e eu concordo.

- Tenho medo, Niall. - confesso.

- Oh, não te preocupes... Eu vou proteger-te! - o sorriso maravilhoso dele cresce nos seus lábios - Até ao fim.

Os lábios carnudos dele e curvados num sorriso tocam na pele da minha testa e o meu corpo começa a latejar. Durante a marcha das formigas invisíveis pelo meu corpo, a minha pele arrepia tranquilamente e o meu estômago dá voltas de 360 graus.

Os rapazes saem da varanda, ainda a falar dela. Não acredito que era a única a saber da existência da varanda! Mas será que estes rapazes não vêm a varanda de fora do apartamento? Sinceramente!

Angel of Darkness ➵ horan ✔Onde as histórias ganham vida. Descobre agora