Capítulo 27 - Little Purple Dress...

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"O que é isso?" Daisy pergunta, refastelada no colo do Louis.

"Oh, é um gato." respondo e largo a pequena Pink no chão.

"A mãe não te vai deixar ter um gato." Ela supõe e abraça o Louis pelo pescoço.

"Vai sim." Contrario-a e ela bufa, olhando para a televisão. 

Claro que vai. Só não te deixou ter um cão porque não sabias tomar conta dele. O meu subconsciente acrescenta na minha mente. De qualquer das maneiras, não vou deixar a Pink dar-se com gente como a Daisy e o Louis. Porque é que pareci uma mãe preocupada com a sua filha? 
Pink vem atrás de mim quando me dirijo ao meu quarto. Não consigo parar de rir quando ela tenta subir os degraus da escada atrás de mim. Quando chego ao quarto, atiro uma almofada para o chão e coloco um cobertor por cima dela, deitando lá a Pink. Até arranjar uma cama de gato, ela vai dormir ali.
Enquanto a Pink se esfrega no cobertor, agarro o pequeno pendente da minha pulseira. O meu dedo desliza sobre as letras em relevo que dizem "Niih". Um suspiro cai dos meus lábios ao mesmo tempo que observo a Pink a arranhar a almofada.

***

Só me apercebi de que tinha adormecido quando acordo com o grito da minha mãe. O que é que se passou ali? A Pink está com o dorso eriçado e a miar irritantemente para a porta. Abro a porta e corro para baixo. 
Mal entro na sala, a mãe está agarrada a um vaso novo. Um vaso chinês. Se se apontar o fundo do vaso para a luz, aparece um desenho qualquer nele. A minha mãe coleciona vasos chineses. E este é a cereja do seu bolo de coleção. 

"A tua avó ofereceu-me isto!" Ela grita."O que é essa coisa?" A mãe questiona, parando de gritar por uns momentos e olhando para a Pink.

"Oh, foi o N... tu sabes; que mo ofereceu." Explico e pego nela ao colo. 

"Mas que coisa tão fofa!" A mãe guincha.

"Ela pode ficar com o gato e eu não pude ficar com o Patch?" Daisy protesta, levantando-se do sofá e cruzando os braços ao peito, com o seu olhar castanho amêndoa focado na gata.

"Claro que pode. O gato não arranha o chão, nem o baba, nem deixa chocolate no chão." ela argumenta.

"Arranha sofás." Daisy comenta e a mãe revira os olhos.

"Mas o gato é lindo e a Diih vai encarregar-se dela sozinha." A mãe garante.

"O quê?" Interrogo e a mãe ri-se, alto e bom som, pousando o vaso chinês em cima da mesa, junto dos outros seis vasos. 

"Ele pode ficar, desde que tu trates dele. Carochinha, eu não vou limpar a caixa de areia, muito menos comprar-lhe a comida." ela alerta-me. Oh, a minha mesada!

"Estás-me a dizer que o dinheiro da minha mesada vai todo para a Pink?" Pergunto e ela assente com a cabeça, sorrindo "Aumentas-me a mesada?"

"Não." Ela respondeu rapidamente e de uma maneira cortante "Se o gato é preto, para que lhe chamas Pink?"

"Mãe... esquece." Ignoro a pergunta parva dela.

"Eu quero conhecer o rapaz!" Ela repete. Já sei que ela o quer conhecer, mas ela também devia já saber que eu não o vou apresentar. Não tão cedo. 

Contudo, tenho de me conformar com a ideia de que não lhe posso esconder isto para sempre. O mais certo é ela descobrir por ela mesma. Não vai ser preciso contar-lhe, ela descobri-lo-á.
Como é que será que ela vai reagir? Provavelmente, vai tentar ligar à polícia sem que ele dê fé. Ou vai gritar por ajuda quando o Niall não lhe está a fazer minimamente nada. Ou ainda lhe vai atirar com qualquer coisa. Talvez uma frigideira como os Rapunzel ou pedras na cabeça como a Mulan. Cinderela, Rapunzel, Mulan. Tenho de deixar de ver filmes da Disney. 

***

O telemóvel vibra enquanto faço uns exercícios de Matemática. Não tinha mais nada que fazer. Toda a gente espera pelas férias e, quando elas chegam, nada é feito. O ID do Niall aparece no telemóvel e eu deslizo o símbolo verde para a direita, atendendo.

"Olá." Cumprimento-o ao mesmo tempo que me enterro na cadeira e ela desliza uns centímetros pelo chão de madeira.

"Olá. Vai haver uma cena fixe na passagem de ano novo!" Niall adianta-se, empolgado.

"Sim, já sei. O espetáculo do fogo de artifício." Adianto-me e ele concorda. 

"Vamos ver!" Ele pede e sinto-o aos saltos. 

"Não podemos." Lembro. Eu posso, ele é que não. Infelizmente. Ver fogo-de-artifício com o Niall devia ser lindo!

"Sim, nós podemos. As pessoas vão ver tudo do Convent Garden. Nós não." Ele explica. O que é que ele tem na cabeça?

"Então?" Pergunto, batendo com o lápis no papel quadriculado.

"Então... ainda não pensei." Niall confessa. Eu devia ter adivinhado. "A única coisa que sei é que não vamos ver do Convent Garden." Ele afirma e eu reviro os olhos. Até aí, eu já tinha chegado.

"O que sugeres, génio?" Questiono ironicamente e ele gaba-se por tê-lo chamado de génio.

"Podemos ver do meu apartamento." Ele sugere.

"Que romântico!" Falo sarcasticamente, arrependendo-me logo a seguir.

Talvez se tivesse sido mais inteligente e se tivesse pensado em condições, chegaria à conclusão que o Niall voltou ao seu plano. O plano focado em dar-me uma relação amorosa completamente normal. 

"Desculpa." Interrompo-o e ele suspira. "Pode ser, vemos da varanda que supostamente sempre esteve lá." Tento aliviar as coisas e acho que consegui.

"Eu sabia que ela existia. Quando fazia strip no poste eu batia com os pés na varanda. Simplesmente fingia que não sabia para que as pessoas não desconfiassem do meu trabalho noturno." Ele goza e eu rio.

"Trabalho noturno? Viraste coruja?"

"Prefiro Mocho. É mais sexy." Niall argumenta. Porque é que as nossas conversas não são normais? "Como vai a gata?"

"A minha mãe deixa-me ficar com ela." Respondo e aproveito o tema "Pink" para olhar para ela, observando-a a dormir, completamente enrolada numa pequena bolinha de pêlo preta nos cobertores.

"Eu estava a falar de ti."

"Niall..." Carranco e ele desata a rir. Graças a Deus que não tinha o telemóvel em alta-voz.

"Vamos ver aquilo ou não?" Ele interroga.

"Sim." Aceito e ele sorri. Eu sei que ele sorriu.

"Começar o ano a olhar para o teu rabo. 2014 promete." Niall gaba-se. 

"Vamos ver se não começas o ano a levar um soco." Troço e ele dá uma gargalhada ironica. Simplesmente, adoro quando ele dá estas gargalhadas. Nem sei porquê.

"O bom dos telemóveis é que eu posso dizer o que quiser e tu não me fazes nada." Ele vangloria-se e eu começo a desenhar na folha aos quadrados a Pink à medida que falo com ele.

"Isso não quer dizer que eu não ponha na minha agenda "Estrangular o Niall". Porque vou pôr." Garanto e quero espetar o lápis na Pink quando ela se põe numa posição completamente diferente. Apaga e desenha de novo.

"A tua agenda é cor-de-rosa?" Niall questiona.

"Não." Minto.

"É só cor-de-algodão-doce." Rio.

***

Os meus pés já doem de tanto procurar algo de jeito para a Pink. A comida para gatos bebés é muito diferente da comida para gatos adultos e eu só vejo comida para adultos. Depois, não encontro uma caixa de areia cor-de-rosa. Se ela é fêmea, tem de ter algo cor-de-rosa e eu só vejo caixas azuis. Quem fez isto era contra as mulheres.
Depois, procuro areia. Não quero estar constantemente a mudar a areia, por isso procuro uma que dure um mês e que não ponha o meu quarto, no Inverno, a cheirar a presentes de gato. E anda não encontrei um arranhador adequado.

"Cucu!" Salto quando oiço a voz da Dudda.

"Dudda, que susto." Admito e ela ri amavelmente. 

A Dudda detesta frio. Talvez seja por isso que usa três camisolas interiores e uma de malha por fora, com o seu casaco de neve. Ela deve ter um ar-condicionado interno. Também quero!

"Compraste um gato?" Ela pergunta, pegando em alguns dos brinquedos de borracha e observando-os.

"O Niall deu-mo." Corrijo e ela sorri, olhando depois para mim.

"Ele é simpático." Dudda elogia-o. Eu sei. E desejava que toda a gente visse isso. Visse a verdade.

"Eu sei." Concordo e esfrega as mãos com luvas uma nas outras. 

"E o Zayn?" Quando é que começamos a falar do Zayn?

"Sim, também é." Será disto que ela está a falar? Da simpatia do Zayn?

"Ele é giro." Onde é que ela quer chegar?

Pelo brilhinho nos seus olhos castanhos posso ver que ela está interessada nele. São perfeitos um para o outro. A Dudda é super desastrada e se o esconderijo do Zayn é sentar-se numa cadeira e pôr um casaco por cima, duvido que ele não seja desastrado também. Se calhar devia levar a Dudda comigo mais vezes. Ela e o Zayn... Ficavam bem. Eu acho.
Um rapaz pequeno chama a Dudda e ela despede-se de mim. Suponho que ele seja o seu irmão mais novo, o Justin, acho. A minha vassoura invisível varre os meus pensamentos sobre a Dudda e o Zayn e foco-me nas coisas para a Pink. 
Meia hora depois, estou fora da loja para animais com dois sacos na mão. A neve faz com que os meus pés se enterrem no chão e não seja tão fácil andar. A pontinha do meu nariz incomoda-me por estar incrivelmente fria.
A caminho de casa, passo por uma loja de roupa. Após observar os vestidos de malha da montra, lembro-me que ainda não comprei nada para usar no ano novo. Já que estou cá, aproveito e compro qualquer coisa. Definitivamente, hoje estoiro o que resta da minha mesada. 
Não sei o que usar. Sempre soube, não era problema, mas agora tenho que ter em conta que tenho um namorado demasiado observador. A senhora do balcão de entrada guarda as minhas sacas da loja de animais e eu entro na zona da roupa feminina. 
Como se ele soubesse onde estou - e certamente sabe, graças ao Liam -, o Niall liga-me.

"Estou?" Atendo.

"Ouvi dizer que estás numa loja de roupa e liguei para dar a minha opinião!" Ele informa. 

"Porque é que eu tenho a leve sensação de que tu ligas ao Liam a toda a hora para saber onde estou?" Pergunto e ele ri.

"Porque é verdade." Ele confessa. "O que vais comprar? Quanto mais curto e justo, melhor!"

"Devo lembrar a Cinderela que estamos no inverno?" Pigarreio e ele finge que não ouve.

"Decote em V?" Que exigente.

"Não." Recuso.

"Decote em Y?" Isso existe. "É um decote que inventei."

"E que tal S, E e M decote?"

"E que tal P, A, R... espera..." Ele pede e eu rio, ouvindo-o a murmurar a palavra 'parar'. "P, A, R, A e R de ser má?" Niall sugere.

"Deixo-te escolher a cor. Mais nada." Limito as suas opiniões.

"Transparente." Ele está a gozar comigo. "É uma cor!... Pronto, branco. Assim eu atiro-te 'acidentalmente' água e ele fica transparente." É que isso só acontece a camisolas finas. Meu Deus, que idiota.

"Ou escolhes uma cor, ou não escolhes nada." Ameaço na brincadeira.

A senhora que passa por mim lança-me um olhar estranho. Nunca deve ter visto uma rapariga a falar de escolher cores ao telemóvel. 

"Roxo..." Ele, finalmente, decide-se.

"Porquê roxo?" Questiono e procuro qualquer coisa roxo.

"Foi o que me veio à cabeça." Ele admite no seu tom aborrecido. 

Pronto, vou tentar fazer-lhe a vontade. Roxo e transparente. Ok, não faço vontade a ninguém e uso só o roxo. Não estou para usar renda ou seda ou uma coisa qualquer. Depois de me despedir dele, procuro qualquer coisa roxa. Para já, ainda não vi nenhum vestido roxo, e eu gostava de levar um vestido. É ano novo, não outra coisa qualquer.
O único vestido roxo que encontrei até que nem era assim tão feio. Era justo à cintura e depois fazia roda, até um bocado acima do joelho. O decote não é tão grande, o Niall que se contente, e parece quente. No entanto, o vestido é tamanho único, se não me servir, o Niall vai ter de escolher outra cor. 
Para meu azar, vejo a Kimberly às compras com a Jules e com a Vanessa. É bom saber que ela não perdeu tempo em trocar-me. Ainda por cima com a Jules e com a Vanessa. Se bem conheço a Kim, ela não tem, literalmente, personalidade é mostra ser o que a pessoa ao seu lado mostrar. Ou seja, se ela está com a Jules, provavelmente vou ouvir algumas bocas.
Dirijo-me para os provatórios até que a Jules me avista. Rapidamente os três pares de olhos caem em mim e vejo-as a aproximar-se. Nem às compras posso vir em paz.

"Olha quem é ela... a menina que pôs o Daniel a bater umas." Vanessa fala. 

"Olá." Olá? Olá? Diih? Achas que elas merecem um "Olá"?

"Para que é o vestido se não tens ninguém que olhe para ti?" Jules ataca.

"Por acaso tenho." Defendo-me.

"Não é da escola, de certeza. A não ser que namores aquela toda trocada, a Dudda." A Kim aponta.

"Não é da escola e tem vinte anos." Elas riem-se. Claro que não acreditam.

"Já não estás na idade dos amigos imaginários." Jules goza. O telemóvel toca a segunda vez hoje. Niall.

"Estou? Amor?" Atendo.

"Amor?" Ele repete.

"Sim, já vou experimentar o vestido." Falo.

"Mas eu ia falar-te de..." Niall tenta perceber a conversa.

"Sim, vais gostar." Vou ter muito que explicar mais tarde. "Até logo, amor." Desligo e guardo o telemóvel na mala. Agora fiquei sem saber do que é que ele me ia falar.

"Talvez não seja imaginário." Jules resmunga.

"E só porque me gosto de gabar, como vocês, ele é loiro e tem olhos azuis." Sorrio da maneira mais falsa possível e ignoro-as, caminhando até aos bastidores. Lá, volto a ligar ao Niall e acho que em dois dias já lhe fiz imensas chamadas.

Ótimo, agora não atende! Maldita a hora em que elas apareceram. 
Visto que ele não atende, decido experimentar o vestido, finalmente. Ele parece feito para mim quando me vejo ao espelho. A única coisa que eu não gosto dele é o facto de ele ter um cinto preto que não sai do vestido. Vai ter que ser.

[Olá!!! Eu queria avisar que estou a escrever uma fanfic que se chama Break Free e é do Zayn. (no link externo) Só a começo a postar dia 1 de setembro, mas já lá está o prólogo e acreditem a história vai ser melhor do que a introdução.

E agora, sobre esta. Eu esta vou começar a postar três em três dias. Porque a escritora foi de férias e não consegue escrever nada pelo menos até dia 26 e por isso vou postando os capítulos que tenho adiantados. Bjs, Búh] 

Angel of Darkness ➵ horan ✔Where stories live. Discover now