Capítulo I

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Navarro...

Entrei correndo no Northwestern Memorial Physicians Group. O mapa enorme do hospital e minha natural falta de senso de direção contribuíram para que eu levasse uma eternidade para encontrar a ala onde ficavam os pacientes graves. Tive de perguntar cinco vezes até que alguém soubesse me indicar a direção correta. Finalmente abri a porta de vaivém, ofegante e tremendo, vi a mãe de Jorge no corredor, sentada, com o que parecia ser uma bíblia na mão, não percebendo quando eu me aproximei.

- Onde estar o Jorge? Como ele estar? Eu não entendi direito o que aconteceu, eu não es...

- Calma Silvia - Carmen disse passando uma das mãos nos meus fios castanhos, sentando-se comigo em uma das cadeiras - o Jorge chegou nesse hospital faz algumas horas, ele passou por uma cirurgia de cinco horas, eu falei com o medico e ele disse que o estado dele era critico - ela limpou uma de suas lágrimas, respirando fundo antes de voltar a falar - os médicos estão otimistas de que ele vai ficar bem.

- Espera, o Jorge já estar aqui faz algumas hora e também passou por uma cirurgia de cinco horas e eu só fui avisada agora?- levantei da cadeira, encarando minha sogra, não acreditando no que estava acontecendo.

- Eu achei melhor assim, você é muito desesperada e não iria ajudar em nada.

- Ah, eu sou desesperada - repeti a encarando sem acreditar no que aquela mulher estava dizendo.

- O médico dele - ela murmurou voltando a ficar de pé - então doutor, como o meu filho estar ?

- Como eu já havia dito, o estado do paciente é crítico, no momento ele ainda estar respirando com a ajuda de aparelhos, mas nos últimos minutos o seu quadro se tornou  estável, o que é um bom sinal.

- Não tem previsão de quando ele vai acordar ? Ou se ele vai ficar  com alguma sequela? - eu estava tentando ser o mais forte possível, mas as lagrimas eram tão involuntários que eu não consiga controlar.

- Infelizmente não.

Meu coração estava acelerado. Sentei um instante, tentando recuperar o fôlego. Correrá sem parar desde que recebi a mensagem de texto de Carmen, é, uma mensagem de texto, fui informada que o meu marido havia sofrido um acidente aéreo por uma mensagem de texto da minha sogra. O Jorge sempre reclamou que a minha mãe o odiava, mais Carmen não parecia ser uma grande fã minha, desde o momento que entrei pela porta de vaivém ela me tratou com uma visível indiferença, o que estava me corroendo, porquê tudo que eu queria nesse momento era alguém em que eu pudesse me apóia.

- Eu preciso falar com outras pessoas, qualquer avanço do paciente eu venho informar - dizendo isso ele se afastou sumindo pelas portas de vaivém.

Abaixando a cabeça deixei que as lagrimas tomasse conta de mim, isso deveria ser um pesadelo. Pensar que a alguns meses atrás o Jorge deveria estar da mesma forma que eu estou nesse momento, desesperado, sem saber se conseguiria lidar com os problemas que vinham pela frente, mas eu não iria pensar nisso agora, a única coisa em que tenho que pensar é no Jorge e que ele vai ficar bem.

- Como a senhora foi informada sobre o acidente? - Perguntei a Carmen que estava sentada ao meu lado, lendo o que parecia ser uma bíblia.

- Eu sou o contato de emergência do Jorge - ela disse sem tirar os olhos da bíblia que lia - antes era você, mas depois do seu acidente ele mudou e eu passei a ser o contato de emergência dele.

- E por que não me ligou de imediato ?

- Eu já expliquei isso, você é desesperada e não iria ajudar em nada.

Respirando fundo, eu limpei minhas lagrimas ficando de pé.

- Avisou a Jhenny ou ela também é desesperada demais ?

Memory • Parte IIWhere stories live. Discover now