Capitulo IX

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- Eu vou subir - ela disse assim que terminou o jantar, saindo da mesa antes que alguém pudesse perguntar algo a ela ou começar uma conversa.

Já havia feito duas semanas desde que voltará do hospital, e nesse tempo ainda não havia conversado com o marido, pois qualquer tentativa dela de iniciar uma conversa era sempre interrompida, e Jorge também parecia fugir, estava sempre dando uma desculpa para que eles não conversassem. Nessa semana ele havia começado a fazer fisioterapia, passava o dia nas sessões e a noite estava cansado demais, e sempre que ela chegava no quarto determinada a conversar, ele já estava no décimo sono. Mas essa noite, ele não teria escapatória, Silvia estava decidida, desde que Jorge descobrirá sobre a gravidez, ele mudará seu comportamento dastricamente, estava mais gentil, sempre sorrindo para ela, parecia que tinham voltado ao que era antes, porém isso não era motivo para ela desistir da conversa.

Quando entrou no quarto, ela caminhou até o banheiro onde tomou um rápido banho, perdendo alguns minutos olhando seu corpo em frente ao espelho, sua barriga estava ficando cada vez mais visível, o que era motivo de seus sorrisos bobos. Logo em seguida ela foi até o closet onde vestiu uma de suas camisolas e deitou na cama para esperar por Jorge. Depois de alguns minutos, Jorge entrou pela porta já com o seu pijama, como já era de costume a cadeira dele travou assim que ele fechou a porta, e Silvia deu um sorrisinho.

- Eu espero que a nova cadeira chegue logo, eu não aguento mais essa - disse ele quando a cadeira voltou ao normal, ele logo chegou ao seu lado da cama.

- Precisa de ajuda?

- Não, eu consigo - ele disse, sobre a transferência da cadeira para a cama, e Jorge já estava sentado na cama ao lado da esposa - viu? Já peguei a prática.

Ela sorriu.

- Nós precisamos conversar, Jorge.

- Não temos o que conversar, Silv.

- Temos sim, o nosso casamento...

- Estamos bem! - exclamou ele a interrompendo, Jorge passou a mão no rosto dela sorrindo.

Mas a castanha tirou a mão dele do seu rosto e ficou em pé, em frente a cama, e respirou fundo, sabia que não teria um diálogo fácil.

- Jorge, por favor, temos algo errado aqui e precisamos dessa conversa, temos que falar as coisas agora.

- Tem algo errado conosco?

- Você está brincando comigo, Jorge? - perguntou a castanha impaciente - me diga que está, porque... Não é possível que você tenha esquecido as semanas que você me tratava como um nada, ou esqueceu? Porque eu não esqueci! Eu lembro de cada dia em que você me lançava olhares que... Nossa, me destruía por dentro, e tenho certeza que você lembra, então não venha com isso de, "não temos o que conversa", "estamos bem", ou melhor," tem algo errado conosco?" PORQUE NÓS PRECISAMOS SIM CONVERSAR E VAMOS CONVERSAR AGORA!!

Jorge a encarava surpreso por sua explosão, ele sabia que havia a magoado, mas não tinha consciência que tinha a machucado dessa forma, a ponto dela explodir em um diálogo.

- Ok, eu reconheço que nós temos que conversar - disse ele por fim - mas eu não quero.

- Não importa se você quer ou não, eu quero, então vamos sim conversa! Porque eu não vou continuar aqui, vivendo o medo de que você volte a ser o mesmo babaca de antes de uma hora pra outra!

- Eu não vou voltar a ser um babaca, quero voltar a ser o Jorge que eu era antes do acidente...

- Eu também quero, mas pra isso, eu não posso esquecer o homem hostil que você se tornou nas primeiras semanas depois do acidente, e eu preciso saber o porquê? O que fez aquele homem surgir?

Memory • Parte IIWhere stories live. Discover now