Capitulo VII

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Jorge ficou observando a esposa sair as pressas de casa, curioso. Ela estava aparentemente nervosa, e não respondeu ao seu chamado, o que o deixou mais intrigado. Pra onde ela foi?. Ele não parava de se fazer essa pergunta, ficou por minutos com a cadeira de rodas voltada para a saída da casa, na esperança de que Silvia fosse entrar a qualquer momento.

Ele checou o seu relógio de pulso, e seus olhos se arregalaram ao perceber que já estava parado alí a uma hora. Sua mente já estava pensando mil possibilidades de onde a castanha poderia está, e algumas dela só serviu para deixa-lo mais irritado com essa saída repentina dela.

- O que você está fazendo aí? - Jhenny perguntou descendo as escadas, surpresa de ver o irmão ainda na sala.

- Estou esperando a Silvia.

A mulher arqueou uma das sobrancelhas, surpresa por ter recebido aquela resposta.

- Está brincando?

- Não, ela saiu já faz uma hora, parecia nervosa, não respondeu quando eu chamei... Estou, um pouco, preocupado.

- Eu nem sabia que ela já havia chegado da empresa.

- Nem eu.

Jhenny caminhou até a cozinha, onde bebeu copo d' água e pegou uma maçã, voltou para sala e Jorge ainda estava com a cadeira virada para a saída.

- Já tentou ligar pra ela?

- Já, mas o telefone está desligado - ele disse sem tirar os olhos da porta, na esperança que a castanha fosse entrar a qualquer momento - ela estava... Diferente, andava de uma forma estranha, como se tivesse com alguma coisa a incomodando.

- Ela foi com o motorista?

- Não sei... Droga, essa demora sem notícias dela só está me deixando mais irritado.

Jhenny sorriu.

- Sabe, apesar de estarmos aqui preocupados com a Silv, isso está servindo pra eu ver que apesar de você trata-la super mau, você continua se preocupando com ela - a mulher mordeu um pedaço da maçã, encarando o irmão - o que me leva a te pergunta, se você ainda gosta da Silv, porque vive destratando ela?

Jorge ficou em silêncio por um tempo, seus motivos era tão tolos e dele, que sabia que ninguém entenderia seu raciocínio. Apenas de toda a indiferença que tinha com a esposa, ele só queria o bem dela, a amava, mas queria ela longe. Seu estado físico fazia ele querer isso, ele se sentia insuficiente para ela, mas a conhecia o suficiente para saber que ela não o deixaria naquele estado, nem se ele pedisse.

A única opção que restava, era fazer ela desistir dele.

- Não vai me responder?

- Cala a boca, Jhenny.

- Não me mande cala a boca - ela retrucou com uma voz autoritária - diferente da sua esposa, eu não tenho paciência para essa sua arrogância.

- Por que você não vai dormir?

- Porque eu não quero, eu vou lá fora vê se o motorista sabe onde ela foi, ok?

Jorge assentiu observando a irmã caminhar até a saída da casa, em passos lentos e preguiçosos. Ele fechou os olhos passando a mão no rosto, se não estivesse preso na cadeira de rodas, talvez já teria encontrado a esposa, ou melhor, talvez nada disso estaria acontecendo.

Ele sabia que era tudo sua culpa. Silvia havia pedido varias vezes para ele desistir da viagem, mas Jorge não escutava, tinha em mente que iria realizar o sonho do pai de qualquer forma. Mas assim como o pai, ele também havia falhado.

Memory • Parte IIWhere stories live. Discover now