capítulo XV

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A castanha olhou para a clínica onde o seu marido fazia sua fisioterapia, então voltou a olhar para o seu relógio de pulso, faltava exatamente cinco minutos para as dez, hora em que ele tinha marcado com ela. Silvia pegou sua bolsa e desceu do carro, entrando no local logo em seguida, ela caminhou até a área em que sabia que o marido estava com Elizabeth.

- Olá - disse ela quando entrou na sala onde Jorge estava, ele sorriu assim que a viu, que devolveu o sorriso imediatamente.

- Cinco minutos adiantada - disse o ex-piloto olhando seu relógio - isso é um marco histórico.

- Pois é, normalmente sempre estou atrasada - ela caminhou até ele, se curvando com dificuldade por causa da sua barriga para beijar os lábios do marido.

- Cuidado - ele murmurou, passando a mão na barriga da esposa - vamos esperar a mamãe e a Jhenny chegar.

- Eu estou muito curiosa - a castanha sorriu, olhando para o lado onde Elizabeth falava ao telefone, não parecia ter notado a chegada da empresária na sala.

Os dois continuaram a conversa por mais alguns minutos. Coisas sobre o bebê e sobre a presença dos pais da castanha na casa deles. Silvia estava sentada no colo do marido.

- Jorge - eles escutaram a voz de Elizabeth.

- Sim?

- Sério? A Silvia no seu colo hoje? Lembra o que eu disse sobre peso nas suas pernas.

A castanha arregalou os olhos encarando o marido.

- O que ela quis dizer com isso de "peso" por acaso ela está me chamando de gorda? - ela perguntou ficando de pé.

- Não amor, ela só está pre...

- Que trânsito horrível - Jhenny comentou assim que entrou na sala onde eles estavam, o interrompendo - eu realmente estou muito irritada, então espero que esse surpresa seja algo que me deixe muito feliz.

Jorge sorriu.

- Cadê a mamãe?

- Não vai dá pra ela vir.

- Como assim? Aconteceu algo?

- Não, nada grave, ela mandou desculpa.

- Eu queria tanto que ela estivesse aqui - ele disse - enfim.

Elizabeth chegou perto dele e sorriu o que fez a castanha revirar os olhos. Jorge apoiou a mão na cadeira de rodas, e fez com que um de seus pés tocasse o chão, em seguida o outro. Ele olhou para a esposa que o encarava totalmente surpresa.

- Eu não acredito - disse Jhenny.

Os olhos da Silvia se arregalaram quando ela viu o marido ficar em pé, ela piscou algumas vezes e então sorriu, seus olhos estavam marejados, ela nunca imaginou que precisava tanto daquele momento até ele chegar. Jorge também sorriu olhando para ela, havia desejado e imaginado esse momento diversas vezes desde que iniciará a fisioterapia mas nunca imaginou que seria algo tão... Mágico.

- Oh - foi a única coisa que ela conseguiu dizer sorrindo.

- Você já voltou a andar? - Jhenny que também estava surpresa comentou.

- Não - respondeu a fisioterapeuta - o Salinas só conseguiu ficar em pé, tenho certeza que é questão de poucos meses para que ele volte a andar.

A castanha caminhou até o marido para abraça-lo mas foi impedida por Elizabeth que se colocou a sua frente.

- É melhor esperar ele sentar - disse ela.

Ela respirou fundo limpando uma das suas lágrimas, olhou novamente para a mulher loira na sua frente, e assentiu. Quando o marido por fim sentou-se e a castanha foi de imediato abraça-lo, ele a puxou para ela sentar em seu colo.

- Só alguns minutos Elizabeth - ele disse e a fisioterapeuta assentiu saindo da sala - então, gostaram da surpresa?

- Eu estou até agora sem acreditar - sua irmã respondeu - agora como eu vou te empurrar da escada pra fica com a sua parte da herança.

Os três gargalharam. Jorge deu um beijo no rosto da esposa.

- Você teria que matar a Silvia primeiro porque depois que eu morrer meu dinheiro vai todo para ela e para o nosso bebê.

- Mas ninguém vai matar ninguém - a castanha disse - e eu amei a surpresa, foi tão rápido - ela disse sorrindo - e tão incrível, eu realmente precisava ver isso.

- Eu consegui ontem, antes de ser chamado para o hospital - ele disse - eu pensei em te contar na hora mas eu queria que você visse com os seus próprios olhos.

Ela beijou novamente os lábios dele, mas Jhenny logo os interrompeu.

- Tem um bebê aqui, respeitem! - ela exclamou.

- Mas o nosso bebê deve adorar quando os pais estão assim juntos - a castanha disse passando a mão em sua barriga.

- Eu não estou falando desse bebê.

- Então qual bebê você está falando?

- Eu!! - ela exclamou fazendo o irmão gargalhar - eu sou um bebê e não mereço presenciar essa... Esses beijos de vocês, parece que estão transando com a língua.

- Ok, essa foi demais - disse Silvia saindo do colo marido, voltando a ficar em pé - vamos almoçar juntos?

Os irmãos assentiram. Depois do almoço o casal foi para casa, onde passaram a tarde toda conversando sobre. Silvia estava tão animada com a possibilidade do marido voltar a andar que não conseguia falar de outra coisa. A semana passou em um piscar de olhos, e quando a castanha percebeu já era o dia do seu ultrassom. Ela e o marido foram até a clínica onde e não demorou muito para que a médica pedisse para Silvia entrar na sala para vestir a bata, o ex-piloto ficou esperando no lado de fora, depois de alguns minutos foi avisado que poderia entrar.

Ele entrou na sala, onde a esposa já estava deitada sobre a mesa e sorriu ficando ao seu lado, ele observou a médica colocar luvas em suas mãos. Em seguida ela se colocou ao lado de Silvia, que era o oposto ao que o ex-piloto estava, ligou o aparelho de ultrassonografia, abriu a bata que a castanha usava e deixou a mostra sua barriga de 26 semanas. A castanha sorriu olhando para o marido que retribuiu ao sorriso, ele segurou na mão dela dando um beijo. Ele continuou observando enquanto a médica jogava o gel sobre a barriga de Silvia e começava a passar o bastão para formar a imagem na tela do ultrassom.

- Deixa eu ver a posição do bebê - disse a médica olhando para a tela preta onde algumas imagens se tornavam nítidas.

- Está tudo bem? - Jorge perguntou sem tirar os olhos do pequeno monitor onde as imagens eram mostradas,  a mulher apenas assentiu.

- Aqui está ele - a médica colocou o dedo na tela, indicando onde o bebê estava.

O casal sorriu, a castanha tinha os olhos cheios de lágrimas.

- Você disse ele, é um menino?

- Não sei, vamos ver isso agora - ela mexeu o bastão na barriga de Silvia - aqui.

- Então?

- É uma menina.

Jorge olhou para a esposa que estava sorrindo e deixou que algumas lágrimas rolassem pelo seu rosto. A médica abaixou o bastão na barriga de Silvia e aumentou o volume do aparelho para permitir que os pais ouvissem os batimentos cardíacos fortes que ecoaram pela sala.

- Eu vou deixar vocês um minuto a sós - ela disse saindo da sala.

- É uma menina - a castanha disse sem conseguir tirar os olhos da tela do monitor.

- Sim, ela tem um coração tão forte - Jorge beijo a mão da esposa - ela vai ser linda.

A castanha assentiu limpando suas lágrimas sem conseguir deixar de sorrir.

Memory • Parte IIOnde histórias criam vida. Descubra agora