5. Autoconhecimento

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Se pudesse voltar atrás no tempo, tomaria as mesmas decisões?

Sempre buscamos o lugar para onde voltar. Temos sonhos, ambições e metas a serem alcançadas. Fazemos o possível e às vezes até o impossível para conseguir aquilo que almejamos e conseguir o tão sonhado lugar ao sol. Mas, sempre! Sempre queremos um abrigo. Um lugar seguro para abrigar toda a fragilidade que fomos ensinados a reprimir, um lugar para onde correr e se esconder se tudo dê errado. O meu 'esconderijo', com toda a minha paz, fica no Tocantins. Meu coração pertence ao norte, e é de lá que vem toda força que eu busco. É entre o sol e o riacho que me renovo, que me reconheço e me levanto. Se eu pudesse me teletransportar para algum lugar desse mundo nesse momento, seria pra lá. Com certeza estaria à beira do riacho, admirando a pintura se formar no céu enquanto o sol se recolhe. Mas não posso, não agora!

Varei a noite sozinha por essa cidade em busca de um pouco de equilíbrio na alma, e desliguei o celular para evitar qualquer aborrecimento. Mike, que fosse cuidar de mais um empresário que está até o pescoço com problemas judiciais, eu não tenho que me limitar por conta de problemas alheios. Todo esse caos que se instalou diante de nós, todas as brigas e tentativas frustradas de uma reconstrução, me sugam todas as forças. Eu já não me sinto, não me reconheço, e o abandono de si mesmo é muito pior que qualquer outro erro.

Você se torna escravo do que vive, seja no trabalho, em casa ou em um relacionamento, as consequências de suas atitudes revelam quem você é, e quem você se tornou ao longo da caminhada. Será que no final dela você se reconhecerá? Sua essência, seus objetivos, seus sonhos... Você! Você estará inteiro no final do caminho, ou apenas o que restou de você mesmo? Formamos as nossas próprias bolas de neves, quando tomamos decisões, e entre enfrentar ou fugir a escolha certa é a que te guia.

"Vamos almoçar?"
"Passo aí em 30 minutos."
"Te amo. Hoje e sempre!"
"Toque."
"Sorrisos."
"Flores.."
...

"Me desculpa, não vou chegar à tempo."
"Remarca pra amanhã."
"Não me espera acordada. Vou chegar tarde."
"Distância."
"Lágrimas."
"Eu sei. Me desculpa."
"Te amo."

Se eu pudesse simplificar todo o meu casamento em frases, essas seriam as idéias. A simplicidade, tomou formas complicadas. O tempo, se limitou. A presença, sinônimo de ausência. E o sofrimento, meu inseparável companheiro. Maicon, se transformou em um excelente advogado, renomado, requisitado, jovem e cheio de ambições, o profissional perfeito. Ele se esforçou pra isso, se dedicou e se encontrou. Ele se entrega, estuda, estuda e estuda mais um pouco, para se manter sempre à frente. Não posso negar todo o seu esforço e também não posso culpá-lo por isso, mérito unicamente dele, e se têm uma qualidade que admiro é a perseverança, e isso Mike tem de sobra.

"Não vou perder essa ação, Ana. Nem que eu tenha de virar noites sem dormir estudando, vou encontrar uma solução."

Ele não desiste fácil, nunca desistiu. E eu acho isso um máximo, sem falar que pra mim a persuasão e a inteligência são extremamente sexy. O erro, se é que posso chamar assim, mas a falha em toda essa dinâmica é o excesso. A partir do momento que o seu trabalho começa a interferir diretamente em todas as suas relações pessoais, você deve parar e pensar: "Perai que tem algo errado aqui" O trabalho é fundamental, mas sua vida é essencial.

Mike não tem esse limite, e todo seu brilhantismo nos tribunais, se torna opaco em casa. O que diretamente me atinge e mancha o nosso casamento. É difícil encontrar uma agulha no palheiro, é desgastante ensinar algo a alguém que insiste em negar o aprendizado, é auto destrutivo procurar um único erro, em uma relação repleta deles. Nem tudo são flores, e mesmo que fosse, teríamos que lidar com os espinhos, porque tudo aquilo que é belo, em algum momento se fez feio aos olhos de quem vê.

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