22. Decisão

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- Que merda Ana! E quando foi isso?

- Há dois dias, mas que se parecem vinte! Sinto a falta dela. - Dizem que quando estamos sentimos saudades na verdade é a nossa alma que está nos dizendo pra onde quer voltar, e seguindo esse raciocínio a minha quer e direto para o mais perto possível de Vitória, sinto como nunca a falta dela e por ligação explico à Bárbara tudo o que o choro me permite contar, dois dias se passaram desde do dia em que Vitória soube de toda a verdade e decidiu ir embora, desde então não tivemos mais nenhum contato. 

Eu sei que deveria entender e buscar respeitar a sua decisão, talvez eu fizesse igual e não posso julgá-la por isso, mas ninguém nunca vai está preparado para deixar ir aquilo que deseja continuar. E que se dane todas as regras de tempo e espaço do outro, mesmo que meus esforços tenham sido em vão eu tentei, eu liguei milhares de vezes, mandei mensagens, deixei recados na caixa postal e apesar de pensar muito em ir a casa dela, ou até mesmo ao Vozes, eu não fui, mas só porquê obviamente corria um grande risco de ser expulsa a chutes de lá.  

- Mas por que inferno tu só ta me falando isso agora? Tá louca? Eu vou pra ir assim que sair daqui, não vou deixar você  sozinha. 

- Eu precisava de um tempo Bah. Na verdade tudo isso é culpa minha, e ser a vilã da própria historia ainda é um mundo novo pra mim. 

- Na verdade sabíamos que isso podia acontecer né? Mesmo sendo esse ser iluminado e de outro planeta como você à descreve, Vitoria ainda possui emoções e reações humanas e não é fácil lidar com verdades omitidas. 

- É, sabíamos sim. - Essa foi a unica coisa que conseguir responder ao ouvir a minha amiga. Ela sempre, ou quase sempre tem razão quando o assunto é a minha vida e não adianta discutir, Bárbara já havia a muito me alertado dos perigos de toda essa historia, mas sabe quando dizem que a esperança é a ultima que morre? Eu acreditei nisso até o último suspiro. Na verdade eu desejei como nunca que Vitoria entendesse todos os meus motivos, mas daí entre acreditar e efetuar existe longo caminho. 

- Massa ou sushi? 

- Bah, não... 

- Nem vem com essa Ana, não vou te deixar sozinha. 

- Tá tudo bem Bah, não precisa se deslocar até aqui só pra mim trazer comida. Na verdade eu até pensei em sair, preciso caminhar, vou comprar uns livros, tomar um café, me sentir um pouco.

- Tem certeza disso? 

- Tenho! Tá tudo confuso e ao mesmo tempo tudo muito claro, sabe? Eu deixei a minha verdade exposta e ela tomou uma decisão, não foi a que eu queria claro, mas foi a escolha feita por ela. Ficar e parar não é o caminho Bah, óbvio que está doendo, tá doendo como eu nunca pensei que fosse possível doer, conheci Vitoria em meio ao meu caos interior exatamente quando perdi tudo aquilo era real na minha vida e como se isso já não fosse trágico o suficiente, ela chegou, redesenhou tudo o que sobrou de mim e decidiu ir.. mas antes ela plantou semente aqui dentro e tudo vai florir. 

- Essa história de autoconhecimento ainda é um mistério grande pra mim, mas acho que está te fazendo muito bem, sabia? - Dessa vez, sorrir um pouco mais confiante ao ouvir Bárbara, saber que o processo de me conhece e me refazer tem dado resultado, mesmo que eu ainda não tenha tanta noção disso, é reconfortante. 

- Prometo te ligar se alguma coisa acontecer e eu precisar de colo. 

- Não deveria te deixar sair sozinha mas talvez esse seja o momento pra isso, e mesmo que não seja de livre e espontânea vontade, vou deixar tu ir. Qualquer coisa você liga, tá? Vou continuar grudada nesse celular. 

- Sim senhora. Não se preocupa tá? Vai ficar tudo bem. Eu te amo Bah

- E quem não ama? Sou muito amável NaClara. 

SensaçõesWhere stories live. Discover now