12. Aprendizado

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- Mas pra quê isso? Eu não vou conseguir. 

- Claro que consegue Ana.

- Vitória, eu nunca fiz isso. Não sei nem como começar.

- Mas eu tô aqui justamente pra isso num é? Tô aqui, pra te ajudar. Vamos lá

- Sou uma péssima aluna.

- Quem disse que é? Quem disse que não consegue? Ana, somos únicos criadores e culpados das nossas próprias barreiras e somente nós podemos nos libertar delas, tá tudo bem aqui dentro de tu se liberte. E agora relaxe a musculatura do pescoço, boceje porque já aprendemos que bocejar é algo mágico para a melhora do canto e vamos trabalhar nessa extensão vocal.

Já dizia o poeta que: "Intimidade é a arte que nos faz ter vida" - o que pra mim é fantástico mas que também não deixa de ser algo particularmente estranho. Você pode passar anos da sua vida com uma determinada pessoa e não conhecê-la, ou pode conviver com outra por apenas alguns dias e ter mais intimidade do que já pensou em ter com qualquer outra na vida, é algo inexplicável, encantado e até mesmo questionável. Como alguém que acabou de surgir na sua vida se torna mais presente do que aqueles que sempre estiveram?  Como é possível sentir-se mais próxima e até mesmo diretamente ligada a alguém que está longe de você? Há quem diga que intimidade aumente com o tempo, o que de fato acontece, mas o que fazer quando a conexão se faz quase que imediata? 

É inegável a ligação e a afinidade que existe em nós e mesmo que eu ainda não tenha aprendido a lidar com toda força que Vitória emana, a nossa convivência vem crescendo, e espantosamente a intimidade aumentando numa rapidez  assustadora, porque no final das contas a conheço faz poucos dias, mas o amor independente de ser o carnal, o amor de gentileza e amizade inexplicavelmente   move tantas coisas.

- Ninha, tem planos para hoje a noite? - Ela passou a me chamar de Ninha, do mesmo modo como tudo o que vêm acontecendo na minha vida, sem nenhuma explicação aparente, somente aquela que faz sentido para ela mesma e de uma hora pra outra. Cheguei ao Vozes há dois dias para mais uma aula de canto e ela já me recebeu assim. 

(...)

- Ei, chegou cedinho igual ao sol. Bom dia Ninha! 

- Ninha? 

- Ninha. Algum problema? 

- Não, claro que não! É que ninguém nunca me chamou assim. 

- Ótimo, então agora só eu que chamo. Gosto de Ninha, é pequeno, delicado e forte igualzinho tu e me faz lembrar de ninho e ninho pra mim é sinônimo de lugar seguro.

É muito difícil explicar algumas coisas, como dar nomes e rotular algo, falar de sentimentos, definir sensações ou simplesmente fazer o outro entender como você se sente diante de algum problema, torna-se cansativo e complicado demais  porque além de todo esse sentir existe o entender que é muito maior e que hoje se personifica em Vitória, o que torna tudo ainda mais complicado. Essa mulher sem dúvidas é um grande enigma!

Ela é incrível e unicamente linda, mas não falo linda só por seu estereótipo, o que também não deixa a desejar, mas falo de uma beleza singular de algo que se mostra além e que por mais que eu me esforce não saberei nunca explicar com exatidão. É uma beleza pura, sem regras e padrões, é genuína e sem nenhum enfeite que precise se moldar ao que por si só já é perfeito. Vitoria é luz, tá ai uma boa palavra para ela. Luz ao olhos de quem vê, força sentida na presença de quem lhe tem e arte, arte viva e única.

Luz: 1.fluxo radiante capaz de estimular a retina para produzir a sensaçãovisual 2.iluminação que provém do Sol durante o dia; luminosidade 3.claridade emitida ou refletida pelos corpos celestes.

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