Sensações

37. Compreensão

Mensagem:

Vi: 🦁🌻🍀
Que horas tu vem?

Ninha: ♪🐤💙
Não sei Vi.. Reunião começa às 18:00 😥

Vi: 🦁🌻🍀
Me avisa quando acabar, eu vou te encontrar.

Ninha: ♪🐤💙
Ta bom, Beijo! ❤

                                  ***

Tudo depende do ponto de vista! Mas é o ponto de vista de quem?

Essa é a tipica pergunta deveria sempre vir atrelada a essa afirmação, porque sem ela a frase não tem o menor sentido! Nenhum ponto de vista é bom para ambos os lados, o meu só diz respeito ao meu querer, já o ponto de vista do outro, só menciona ganhos para si próprio! A visão de como vê o mundo é tão relativa quanto o sentir, cada um tem o seu e ninguém questiona o do outro. Os sentimentos são individualistas, mas as palavras são impiedosas, e mesmo que tenhamos consciência de que a empatia deva está sempre presente na nossas vidas, o querer, junto com o desejo falam mais alto e muitas vezes a nossa intuição antecipa algumas ações. 

Não imagino o porquê mas se tenho alguma certeza nessa vida, é a de que Vitória Falcão não está agindo naturalmente comigo. Desde do dia em que saí da sua casa e fui encontrar com o Maicon, ela trouxe à tona uma Vitória que não sabe mentir ou esconder absolutamente nada. Sempre achei que ela fosse alguém difícil de ser ler nas entrelinhas, o seu jeito de agir, a maneira de pensar, a forma como se porta e até mesmo o seu estilo de vida, lhe transformam em alguém imprevisível, mas ai ela se desmontou bem diante dos meus olhos e me fez ver que nada disso era real. Vitória é tão ela que chega a ser transparente e perceber que algo não caminha no curso certo é mais fácil do que eu pensei. 

Naquele fatídico dia sair do apartamento de Maicon precisando abstrair da raiva que corria na minhas veias, sempre acreditei muito nas energias que carregamos e atraimos, a coisa mais certa que aprendi na vida foi que "você atraí aquilo que emana." e não estava nos meus planos carregar nos ombros o peso da energia negativa que Maicon espalhou por todo canto. Então eu andei sem destino ou direção esperando que meu corpo liberasse o máximo de endofina possível pra que pelo menos a leve sensação de bem estar e de conforto me acalmasse um pouco até que eu fosse encontrar com Vitória.

A minha imaginação vai além do que eu poderia e já criei inúmeras teorias para esse novo comportamento dela. Será que Maicon aprontou alguma e ela não quer me contar? Acho que ele não faria isso, não depois de tudo o que aconteceu no apartamento. Vitória pode estar confusa sobre o que sente, ou sobre a gente. Será que fiz algo que ela não gostou e nem me dei conta disso? A essa altura da vida eu começo a acreditar em certos ditados populares e um deles é: Quando a esmola é demais o santo desconfia. E nesse caso, sábio é o santo! Estávamos vivendo em um mundo paralelo e não recordo de já ter me sentido tão bem assim antes, não posso deixar que sei lá o quê transforme ou acabe com a nossa felicidade. Preciso entender o que está acontecendo!

- Ana, os representantes chegaram.

Mas qual o meu poder pra mudar isso? O que eu posso fazer se ela não quiser mais? Não tem como evitar certas coisas, eu não vivo dentro de um livro de psicose pra conseguir modificar tudo ao meu favor, não controlo o querer, e muito menos o sentir do outro. Eu sei que tem algo incomodando, sei também que ela está me escondendo isso, mas por mais que eu pense no quê e no porque tudo isso está acontecendo, eu não sei o que posso fazer para mudar. 

- Ana? Os representantes...

Lidar com as inseguranças da vida adulta é tão embaraçoso que chega a ser irônico. Os medos chegam fortes e velozes como o vento, do nada sua vida tranquila vira de ponta cabeça e só o que você pode fazer é se agarrar a qualquer motivo sólido para não se deixar levar junto para o meio do furacão. Eu vi Vitória lutando com seus monstros e achei que tivesse ajudado a espantá-los, mas a calmaria parece que durou só por um tempo, porque mesmo não sabendo a verdade, sei que tem algo errado.