44. (A)mor

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Para: Ana
Por: Vitória

Há pessoas que nos fazem voar. A gente se encontra com elas e leva um baita susto (...) elas nos surpreendem e nos descobrimos mais selvagens, mais bonitas, mais leves, com uma vontade incrível de subir até as alturas, saltar de penhascos e enfrentar os medos que foram enraizados desde de pequenos. Outras, ao contrário, nos fazem pesados e graves, com os pés fincados no chão, sem leveza e incapazes de dançar, mas com tu, foi tudo diferente.. Não existia hora, não havia lugar e na infinita possibilidade de tempos e lugares a gente se encontrou. De um jeito meio inesperado, em uma situação inusitada mas tinha que ser, era o que tinha que acontecer.

O amor é isso né? É evento de graça, aparece quando quer e só nos resta ficar à espera. A dialética entre a alegria do encontro e a dor da separação; Tu se sente pronta para enfrentar o extremo de uma vida incerta? Porque o amor é algo que não se tem nunca, ele vai e volta e quando volta a alegria vêm junto, ai sentimos que valeu a pena suportar a dor da ausência pela alegria do reencontro, e eu posso afirmar que tu se fez vento em minha vida e mexeu com todas as minhas estruturas. Não costumo enxergar coisas favoritas, não tenho amarras, mas todo jardim começa com um sonho, e antes que qualquer árvore seja plantada é preciso que ela já tenha nascido dentro da sua alma.. Tu não pode passear por jardins que não planta, e é por isso que eu estou indo pra tão longe. Estou indo plantar minhas árvores e preparar o jardim que já existe no meu coração e espero que já exista no seu também.

Eu quero desaprender para aprender de novo. Raspar as tintas com que me pintaram durante toda uma vida e desencaixotar emoções, recuperar meus sentidos e viver daquilo que nunca passou de um sonho bobo de criança. Quero me aventurar e quem saber descobrir que a minha vida sempre esteve mais lá do que cá, a música já é parte de mim, sem ela eu sou só metade. A minha outra parte eu já descobrir que te pertence, e é por isso que preciso do dobro de coragem! Eu quero tu comigo! E não pense que não imagino o tamanho de tudo isso, sei que talvez eu esteja pedindo algo fora do seu alcance, mas quero que tenha o seu tempo, que reflita e que entre uma decisão e outra, tu escolha ''nós'' como um futuro e não como um passado. Você já se alojou nos meus olhos, já deixou rastros nos meus móveis, já se misturou ao gosto da minha boca, virou poesia em forma de musica e aperto no peito de tamanha saudade.

Olho o céu e sempre te vejo pela janela, eu te encontro, te vejo crescer e é tão lindo ver tudo se moldar.. Fico imaginando que do outro lado do mundo você me vê num eixo contrário, e como se fosse um espelho eu me vejo em você também. Eu te enxergo! Mas será que está cedo demais para dizer que me encontro no seu céu? Porque se cedo for, eu madruguei e já entreguei tudo o que me pertencia. Há essa hora eu devo está no avião, tentando imaginar o que você está pensando, e espero que não esteja com raiva por eu não ter me despedido, mas eu não aguentaria. Não suportaria olhar nos teus olhos e dizer adeus, então preferi lhe escrever e me despir daquilo que prende a minha alma. Aqui, eu estou em suas mãos! E na espera da sua escolha, porque o tempo foge, e nunca existira tempo pra tudo, mas você sabe onde estou e como me encontrar.. Te espero no nosso jardim que comecei a construí-lo nesse exato momento.

*Por um recomeço; Sua Vitória!

Vitoria se foi e deixou essa carta em cima da cama, no lugar onde ela adormeceu ao meu lado. Não sei se essa era a forma que eu esperava/idealizava que a nossa despedida fosse acontecer, mas assim ela foi feita e talvez tenha sido melhor, não sei se conseguiria olhar nos dela e dizer adeus.






"O amor não acaba, ele se transforma e você continua tendo a certeza de que foi amor."

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