Prólogo

10.6K 867 449
                                    

Me lembro de ter lutado pra abrir os olhos e a única coisa que conseguia escutar, era um barulho irritante apitando a cada segundo. Embora estivesse acordado uma escuridão me tomava, minhas pálpebras pesavam e eu não sentia nada. Porém com muita dificuldade consegui abri-los.

No começo uma luz forte idiota os invadiu, deixando tudo um completo borrão. A primeira coisa que vi, foi o teto branco e logo em seguida a cabeça da minha mãe surgiu no meu campo de visão. Ela tinha um sorriso nos lábios e seus olhos estavam cheios de lágrimas.

— Mason, meu filho! — ela disse limpando algumas lágrimas do canto do rosto com um lenço branco — Você acordou! — seu sorriso se alargou.

Acordei?

Pisquei algumas vezes sonolento e sem forças, tentando enxergar cada vez melhor o lugar, minha visão estava um pouco embasada e minha cabeça latejava. Olhei ao redor, era tudo muito branco e tinha muitos equipamentos que pareciam ser de.... Pera! Eu estava em um quarto de hospital. Como não havia percebido antes? Só pelo aroma dava pra reconhecer.

Senti uma pontada forte na minha cabeça e a imagem de mim dentro de um carro perdendo o controle surgiu na minha mente. Tomei consciência de tudo na hora.

— La-u... — minha voz quase não saiu, minha garganta estava muito seca e mal consegui completar uma sílaba.

— Calma. Não se esforce, filho — minha mãe pediu.

— Á...gua... — sussurrei com a voz rouca lentamente.

— Deus! — minha mãe passou a mão pelo rosto aflita vasculhando o lugar com os olhos a procura — Aqui. Tome com cuidado — avisa quando encontra.

Ela segurou minha nuca levantando um pouco minha cabeça, e por fim levando o copo descartável branco até minha boca. A borda do copo tocou meus lábios e em seguida senti a água entrar em contato. São pequenos goles, porém parece limpar toda minha garganta.

— Lauren, onde ela está? — finalmente minha voz saiu — Minha cabeça dói — reclamei.

Toquei na minha cabeça com uma das mãos e em vez de sentir os fios do meu cabelo, senti uma faixa. Olhei para meu braço e vi vários equipamentos médico-hospitalares, senti uma agonia só de ficar olhando.

— Lauren, mãe. Cadê ela? Merda, ela deve tá maluca comigo por ter batido o carro — soltei uma risada de desgosto, sempre dirigi tão bem.

— Preciso chamar a enfermeira, depois conversamos sobre isso — a expressão do seu rosto não era nada boa.

— E ainda mais se quebrou alguma parte do corpo. Vou ouvir por meses — continuei.

Olhei mais uma vez para aquele enorme equipo que circula o soro do frasco até a agulha no meu braço e não pensei duas vezes e comecei a arrancar tudo sem nenhum cuidado.

— Espera! Mason pelo amor, você não pode fazer isso! — minha mãe tentou me deter desesperada vindo pra cima de mim, porém fui mais ágio.

Joguei tudo no chão e sentei na cama, deixando minha camisola totalmente amostra, e então senti uma tontura passageira e minha mãe ficou parada na minha frente alarmada como uma parede, impedindo que eu me levantasse.

— Mason...

— Me leve até ela — pedi. Olhei para baixo forçando uma cara de nojo analisando a camisola do hospital — Mas antes preciso por uma roupa e arrumar meu cabelo. Ela não pode me ver assim...

Olhei para minha mãe enquanto falava e a encontrei sem reação alguma, seus olhos estavam arregalados e caiu algumas lágrimas, porém não era mais de emoção. Ela estava... paralisada na minha frente.

— Preciso ver ela mãe — insisti mais uma vez não entendendo seu incômodo.

— Precisamos conversar, Mason — seu olhar era distante e pareceu que ia me atravessar.

— Já estamos fazendo isso — disse rude.

Ela fechou os olhos com força respirando fundo e os abriu deixando escapar sua expressão de choro.

— Lauren... ela...

— Lauren o quê mãe? — um medo sem motivo algum se instalou dentro de mim e eu me desesperei

Ela encarou o chão.

— Filho, ela.... — minha mãe volto a me encarar chorando — Lauren não sobreviveu ao acidente. Eu... eu sinto muito! — tudo foi rápido de mais, minha visão ficou turva e minha cabeça latejou forte, senti meu corpo ficar como uma gelatina. Tudo que consegui ouvir foi minha mãe gritar, antes de uma escuridão que tomou conta dos meus olhos novamente. Uma escuridão tão forte da qual nunca mais encontrei salvação.

 Uma escuridão tão forte da qual nunca mais encontrei salvação

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
Meu Destino #1Where stories live. Discover now