Trinta e nove - Camila

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Camila Velay

Me sento no meio-fio, abraço meu corpo e permito que as lágrimas caiem uma atrás da outra. A música eletrônica esta alta que vem da casa atrás de mim e nem por isso meus soluções se tornam baixos.

O que eu havia feito? Não me reconheço mais.

Não sei como havia arrumado forças para dizer todas aquelas palavras tão frias para Mason e muito menos quando percebi uma coisa: Não importa o que ele fizer ou deixar de fazer, porque eu continuarei sentindo algo. Constatei isso no momento em que estávamos diante um do outro, não é apenas uma paixonite momentânea que posso controlar como imaginava, é mais do que isso, é diferente.

Confesso que estou com medo da grandeza, nunca havia nutrido isso por ninguém, nem mesmo por Victor.

Passo minhas mãos pelo meu cabelo frustrada e tampo meu rosto silenciando o som alto do choro. Por um momento cheguei a acreditar em suas palavras na pista, desejei que fossem verdadeiras, porém, não são e eu não posso deixar me levar. Agora tenho um plano a ser seguido, preciso que de certo, só assim me sentirei bem consigo mesma.

— Camila! — escuto a voz de Victor atrás de mim.

Viro minha cabeça em sua direção e ele me encara serio quando vê minha aparência. Minha maquiagem deve estar toda borrada e meu cabelo um tremendo ninho de tanto eu passar as mãos.

— O que aconteceu? Deu errado? — ele pergunta se aproximando — Mason fez alguma coisa? — a expressão do seu rosto agora carrega um misto de raiva.

Chacoalho a cabeça negativamente voltando a abraçar meu corpo.

— Foi tudo como planejado, só... estou me sentindo muito mal por fazer isso — confesso — Nunca me vinguei de ninguém antes — limpo o canto dos meus olhos e sinto a maquiagem nos meus dedos.

Victor se senta no lugar vago do meu lado.

— Você vai ter que ser forte, essa parada é só o começo e segunda você entra na escola — me lembra. Seus cabelos negros estão por trás da orelha e a alguns fios da sua franja caída na testa, olhando-o de canto reparo em quanto ele esta charmoso.

— Eu serei — asseguro sentindo que quebraria a qualquer momento.

Eu não sou forte, nunca fui. Sou apenas uma cópia da Lauren e cópias se dão ao desleixo da perfeição.

A tarde no outro dia, Victor fez a gentileza de vir em casa, após a escola e nesse momento esta esperando na sala de estar

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A tarde no outro dia, Victor fez a gentileza de vir em casa, após a escola e nesse momento esta esperando na sala de estar. Desço as escadas correndo enquanto deslizo minha mão pelo corrimão de madeira.

—Dormiu mal? — ele pergunta analisando meu rosto.

— Não consegui pegar no sono.

Ele me acompanha até meu quarto. Depois de ter feito vários tours pela casa com Taylor, aprendi a diferença dos corredores e das portas, o segredo é analisar os quadros das paredes para saber em qual cômodo estou próxima.

— Vou te mostrar as pessoas que você tem que tomar cuidado, fazer amizade, ficar de olho e manter o máximo de distância — ele avisa enquanto mexe dentro da mochila preta, procurando algo.

Sinto minha ansiedade atacar. Victor tira de dentro da mochila um laptop preto e abre. Não demora muito pra ele ligar e virar a tela na minha direção, há uma foto de uma garota sorrindo de pele negra e cabelos encaracolados.

— Quem é essa?

— Megan Reed, mas conhecida como nerd fofoqueira pelo grupo de Lauren e Mason — explica cruzando os braços — Ela foi a última vítima do grupo — revela.

Me inclino um pouco para trás com a notícia. Aquela garota havia sido a mais recente das vítimas, quem sabe a mais machucada.

— Ela era apaixonada por Neal e também a língua grande de toda escola, contava tudo o que via para o diretor Stone. Lau farta dela se juntou com Neal pra fingir que ele estava apaixonado por Megan e tirar a virgindade dela... e como se não fosse nada e... fingir que nem a conhecia no outro dia — Victor conta como se estivesse perdido nos próprios pensamentos. Algo me incomodou no seu semblante. Nesse momento seus olhos castanhos não me encaram, estão presos no chão do quarto. Acho que nunca tinha visto ele tão pensativo antes — Mason não satisfeito, deu a ideia de filmar tudo e mostrar para Serafins High toda em uma festa no telão — ele continua, levantando os olhos na minha direção.

Abro a boca.

É muita informação. Como aquele garoto que conviveu comigo esses últimos meses teve coragem de fazer uma coisas dessas? Mason não possuía um coração de fato, mas nunca pareceu que fosse tão baixo.

— O que aconteceu depois disso?

— O acidente óbvio, e quando íamos passar no telão o vídeo... Soubemos do acidente — Victor pausa e me encara — Foi literalmente uma bagunça aquela noite enquanto Mason era levado pro hospital inconsciente, todo mundo foi ir lá ver ele. Nunca tinha visto aquele hospital movimentado. Acredita que Eva chorou quando soube que a sua irmã morreu? Eu assustei, é claro, as duas sempre viveram em guerra e...

— Íamos? Então você estava participando disso o tempo todo?

Victor não havia percebido que soltou sem querer esse detalhe.

— Estava — confirma hesitante — Não vou me fazer de santo, Camila. Eu sou um deles, claro que o mais inocente em toda história.

— Um deles? Com quem você anda extremamente — quis saber.

— Eu andava com Neal, Mason e Sebastian. Eva e Lau sempre estavam em guerra como eu disse, mas podia acontecer uma mínima coisa, que todos se juntavam para se ajudar. Sempre fomos muito unidos, afinal crescemos juntos — explica.

Suspiro.

— Mas o que aconteceu com essa garota? Que postura eu preciso ter diante dela? — retomo o assunto inicial.

— A Reed é uma das pessoas perfeitas para você se juntar contra meu primo — ele diz por fim com um sorriso de canto e eu abro um animada com a notícia, não estaria sozinha na minha vingança.

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Meu Destino #1Where stories live. Discover now