Selfish Love

Capítulo 7 - Voltemos a ser amigos, ou quase isso.

  Sentia meu estômago se revirar por conta do nervoso, como se estivesse em uma grande montanha russa no meio de um terremoto. Até tentava pensar em como conversar com Harry, qual deveria ser o primeiro ponto abordado e como deveria seguir a linha de raciocínio, mas estava tudo bagunçado em minha mente ao ponto que meus dedos haviam destruído todos os clipes de metal que haviam em minha mesa. O pior era que cacheado estava nitidamente irritado comigo e eu mal fazia a ideia do porque, eu que deveria estar irritado não? Respirei fundo e criei coragem para sair do carro, me identificando na portaria para que Harry autorizasse minha entrada. Já havia visitado sua casa antes, mas nem de longe aquela visita parecia tão desagradável quanto essa. Não demorou muito para ouvir um "click" do portão de entrada se abrindo e o porteiro avisando que eu poderia subir, agradecendo-o com a cabeça e indo em direção ao hall com os elevadores. Acionei o botão de forma automática, secando um pouco do suor das mãos contra o pano da calça, tentando manter minha mente em foco. Finalmente sai no andar no moreno, já me aproximando de sua porta e tocando a campainha.

- Entra – Harry apareceu atrás da porta assim que o som metálico e estridente foi ouvido, sua voz estava seca e ele não me lançou o sorriso costumeiro, me fazendo suspirar e entrar na sua casa quase que de cabeça baixa.

- Obrigado – Sussurrei quando passei por ele, me sentindo com calor por conta do nervosismo e retirando o paletó, deixando contra o encosto de uma cadeira – Bom... Eu... Eu acho que tem umas coisas que eu preciso te falar né? – Disse dando um riso nervoso tentando descontrair aquela clima tão denso.

- Definitivamente – As íris esverdeadas estavam em um tom escuro e os cabelos de Harry pareciam bagunçados, provavelmente pela mania de joga-los para trás – Vem, senta. Também não precisa ficar de pé na minha casa – Caminhei com ele até o sofá, me sentando ao seu lado e coçando a lateral da minha cabeça, me sentia incomodado pela forma fria como estava sendo tratado ainda mais quando dias atrás nossos toques haviam sido tão intensos.

- Eu... Eu não tive a melhor das reações depois do beijo – Falar aquela palavra era estranho – Eu gostei e eu queria aquilo, mas... foi confuso acordar no outro dia e entender que eu realmente queria aquilo, pensar que eu realmente havia feito aquilo. Você é meu amigo e eu só pensava que não queria estragar as coisas.

- Não queria estragar? Agindo feito um idiota Louis? Se não queria estragar era só falar comigo porra! Saímos da balada em um ótimo clima, você não falou nada eu achei que a gente tava tranquilo. Se você não queria mais ou estava confuso era só ter me falado, eu teria te dado um tempo, teria tentado te ajudar. Eu não sou um adivinho para saber o que tá passando pela sua cabeça – O tom acusador me fez respirar mais fundo, numa tentativa falha de me acalmar. Era horrível ouvir aquilo e ver o quão eu estava errado.

- Eu estava confuso ok? Eu nunca havia ficado com um homem antes, você não sabe o que é sentir desejo por um amigo...

- Eu, um cara gay, não sei o que é sentir desejo por um amigo? – A risada sarcástica do outro me fez encara-lo – Louis, eu já passei por tudo o que você tá passando. Eu já fiquei confuso, já fiquei envergonhado, já tive meus surtos, já desejei amigos, caras gays, caras héteros e tudo isso eu sei que é normal, mas ser um idiota não é. Eu pensei que a gente fosse amigo. – Novamente o tom acusador e novamente senti meu estômago afundar, mas dessa vez como se tivesse levado um soco.

- Nós somos amigos! – Cortei sua frase, bagunçando meus cabelos em um ato de frustração – Eu sou seu amigo Harry e eu quero que você continue sendo o meu!

- Não tenho mais essa certeza. Não considero como amigo um cara que tem vergonha de estar em um lugar público comigo, um cara que não pode ir numa cafeteria conversar sobre isso porque alguém do trabalho poderia ver – Olhei para o outro confuso, não entendendo seu ponto. Do que ele falava?