Capítulo 16: Problemas

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O lugar era incrível. Luzes piscando. O som alto reverberando das caixas e fazendo com que meu coração batesse no mesmo ritmo enlouquecido das notas sintetizadas. A visão bagunçada por conta da alteração do lugar. O cheiro de perfume e fumaça no local. Eu estava quase que pulando de alegria. Era difícil explicar como me sentia revigorado no meio de tantas pessoas, as descargas de adrenalina correndo por meu corpo e como tudo aquilo parecia tão divertido. Minha adolescência havia se construído em festas e em identidades falsas para poder entrar em clubes noturnos. Uma das lembranças mais divertidas foi quando pude queimar aquela porcaria malfeita porque finalmente tinha completado 18 anos e estava legalmente permitido que eu tivesse o mundo. Era um saco ter entrado na vida adulta e não poder mais passar tanto tempo festejando.

Dei uma boa olhada ao redor até encontrar o que queria. Logo a primeira coisa que fiz foi puxar Niall e Harry para o bar, pedindo alguns drinks para esquentar a noite. Quanto mais álcool no sangue, melhor! Eu olhava para a dj e me sentia inquieto, o corpo balançando e meu olhar esbarrando no das pessoas, apenas conferindo por costume as pessoas que haviam por ali. Senti Harry afagando minha cintura e devolvi um olhar gentil para ele. Ele só deixava claro que estava ali e eu neguei com a cabeça. Só estava excitado. Não tinha planos de ficar com ninguém ali. Talvez ninguém incluía até mesmo o moreno.

Não demorou para que eu pudesse arrasta-los para a pista, rindo enquanto dançávamos com o compasso das batidas, movendo os braços para o alto e deixando com que minha franja se bagunçasse a cada vez que eu jogava minha cabeça para o lado. Eu realmente só ria juntos com meus amigos que pareciam estar na mesma vibe. Hora dançando junto a mim, hora olhando o DJ discotecar e remixar as músicas conhecidas do momento. Tudo divertido, libertador e um tanto quanto insano. O álcool pulsava junto do sangue em minhas veias e minha mente trabalhava de forma agitada.

Era clichê falar que eu perdi a noção do tempo, mas era a mais pura verdade. Eu só me preocupava em dançar, beber, rir alto e tentar limpar o irritante suor que colava minha franja contra a testa. Harry parecia se divertir igualmente e Niall... bem Niall era sempre uma figura e era nesse momento que eu sabia que o loiro era o meu irmão de alma já que combinávamos passos de dançar toscos e fazíamos competições imaginárias entre nós. Era apenas olhar em seus olhos que ele já entendia qual seria a piada interna.

Não demorou para sentir Harry que abraçando por trás e beijando meu pescoço, meu corpo se arrepiando como de costume e me fazer fechar os olhos por reflexo. A primeira lembrança que me veio a mente foi nosso beijo, também havia sido em uma balada, só que gay. Gay. Estávamos em uma balada hétero! Merda. Todos deveriam estar vendo aquilo. Abri os olhos assustado e tudo o que eu imaginava estava se tornando realidade. Os olhares de julgamento sobre nós. Olhares diretos e indiscretos, lábios franzidos, cabeças se virando e eu só pude me desfazer do toque do outro, virando e mordendo meu lábio um pouco sem graça.

- Aqui não Hazz – Pedi para o cacheado que pareceu dar o ombro, talvez achando que eu quisesse dançar mais – Preciso de um drink – Praticamente gritei, tentando sair dali. Eu não queria todos aqueles olhos sobre mim!

Eu era um otário. Eu adorava o Harry, na verdade estava apaixonado pelo moreno. Mas uma coisa era nos tocarmos na santidade e na paz do meu apartamento. A outra era ali no meio de uma balada com várias pessoas nos olhando e me fazendo surtar. Qual era o problema de ficar dentro do armário por um tempo? Porque não podíamos agir como amigos quando estávamos na presença dos outros? Merda. Eu sempre tinha ouvido tantas coisas sobre agressões contra gays, ofensas, discriminação, perjúrio. Eu não queria nada daquilo, eu não estava disposto ou preparado para aquelas merdas. Uma coisa era estar me divertindo com o outro de forma que ninguém soubesse, mas beija-lo ali no meio de várias pessoas heterossexuais parecia quase que uma afronta. Eu não estava pronto para ser um símbolo gay junto do moreno.

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