Stephanie era jovem, ingênua e não curtia pop rock, por isso não reconheceu naquele cruzeiro musical o famoso ídolo e proprietário do estabelecimento, onde impulsionada pela amiga Jéssica foi contratada para o trabalho temporário. Ela precisou ser m...
Eram duas horas da manhã quando Stephanie recebeu a ligação de Jéssica. A garota gritava de alegria.
— Jéss, você sabe que horas são? Espero que tenha um bom motivo para me ligar a essa hora. — resmungou Stephanie.
— Sim, tenho siiim, Ste.
Jéssica realmente tinha. Havia confirmado o resultado das poucas garotas selecionadas para o trabalho temporário no Cruzeiro Musical de Ryan Williams, onde ela se escreveu e incluiu Stephanie nas vagas de garçonete da cafeteria a bordo. Deixando a todo momento evidente que sua real intenção não era o trabalho, ou, o generoso salário, mas sim, poder ver seu ídolo ao vivo, atração principal do cruzeiro. Jéssica inscreveu-as há poucos dias e ansiosa aguardava o resultado até aquele horário da madrugada de quinta-feira. Invadida pela boa sensação de vitória, pois as duas foram aceitas, não esperou ficar mais tarde e clarear para informar o resultado à amiga.
— Ste, pense no Cruzeiro, no céu azul, na comida maravilhosa, você e eu com nosso primeiro salário, e claro, eu vendo na minha frente o Ryan Williams.
— Eu só consigo pensar em como me deixei contagiar nessa loucura com você Jéss. Não estou necessitando de dinheiro. E nem sou fã desse tal aí, se me perguntar algo dele, saiba que nem lembro bem o seu nome.
— Ste, não fala assim do Ryan Williams, eu o amo demais e faria qualquer coisa para poder o ver, chegar pertinho, falar com ele. Acha que consigo uma foto? — Jéssica suspirou. — Ah! Seria mais que um sonho possuir algo por ele autografado. Se não, já estou satisfeita em ver seu show ao vivo e está em seu Cruzeiro Musical.
Stephanie não entendia como tantas garotas se sentiam fascinada por esse movimentado estilo de música alta de bateria, baixo, guitarra e teclado, ou esse tipo de ídolo vocal, a ponto de jogar tudo ao alto e sair do seu cotidiano, num navio com um emprego de tempo limitado, como garçonete numa cafeteria, rumo a um lugar desconhecido, durante três dias e três noites, pela chance de uma foto ou um autógrafo dos componentes daquela banda.
— Quanta sorte a minha de conseguir o emprego na cafeteria do cruzeiro, bem, menti que tenho experiência e já ajudei no self service de sua tia proprietária, mas você realmente desempenha esse trabalho lá e estando próxima vai poder me dar uma ajudinha. — comentou Jéssica. — Entende que custava uma fortuna a entrada nesse cruzeiro, e uma outra fortuna um show do Ryan Williams e sua banda?
— Entendo que só aceitei porque minha tia nunca aprecia minha companhia, por isso achei que estava na hora de procurar a primeira saída de emergência antes de mergulhar numa depressão dentro naquele self service.
Emprego de garçonete, show do Ryan Williams, final de semana a bordo, com certeza Stephanie não era a pessoa certa para essa embarcação, afinal, não tinha a menor experiência em alto mar e Jéssica não cogitou a possibilidade de passarem mal quando deixassem o porto.
— Seria melhor se você arrumasse algo mais estável, contudo o salário pago por apenas três dias a servir chá é maravilhoso. — falou a tia de Stephanie com seu tipo especial de bom humor.
— Se precisar titia lhe darei tudo que ganharei neste Cruzeiro.
— Eu não sonharia com isso Stephanie, até acho que você deve guardar esse dinheiro na poupança para as horas difícil, não é mesmo, não preciso dizer que a vida está cheia de altos e baixos.
Considerando bem, a viagem não foi tão complicada como Stephanie previa, agora lá, estavam elas duas com a brisa agradável batendo nos seus ombros, cabelos ao vento e um sol suave bronzeando seus rostos e tudo que tinham a fazer era servir o chá da tarde, ficar na cafeteria após o jantar e ajudar na cozinha.
Jéssica permaneceu no deque do navio após embarcar, conversando com alguns passageiros que conheceram ali, não pensava em descansar, queria estar ali para apreciar o primeiro show de seu ídolo, enquanto isso, Stephanie voltou ao quarto destinado a elas. Tudo no Cruzeiro era o máximo de luxo, o bilionário cantor Ryan Williams o comprou a um preço irrisório e em poucos meses foi reformando e transformando em um negócio lucrativo. Stephanie reuniu essas informações com os companheiros da cafeteria, empregados antigos que foram muito felizes com o novo dono, ele salvou seus empregos. Ela ficou satisfeita em nutrir sentimentos agradáveis em relação ao desconhecido proprietário, cujo dinheiro era suficiente para tornar tudo isso realidade.
Na manhã seguinte, o cruzeiro, a cafeteria e outros estabelecimentos não estavam repleto, apenas pequena parte da tripulação fazia um lanche, alguns tinham ido tomar sol na piscina, outros jogar cartas no grande salão imobiliário com muito refinamento e conforto, enquanto os mais jovens, a maioria a bordo, dormia exaustos da madrugada embalada pelo show do Ryan Williams e sua banda.
Sem encontrar opções do que fazer sozinha no navio, pois Jéssica dormia cansada da madrugada embalada e a previsão dela acordar era apenas no horário de comparecer ao seu local de trabalho, Stephanie caminhou até a cozinha da cafeteria para apreciar os preparativos da manhã e ofereceu ajuda aos companheiros de equipe que precisavam trabalhar nas manhãs também. O café matinal daquela cafeteira consistia em ter bolo de cremes tentadores que acrescentavam alguns quilos, mesmo antes de serem provados. Bules de chá em uma variedade enorme e capuccino que Stephanie antes nunca ouviu falar. Tudo era uma novidade cativante. Quando criança ela foi criada dentro da tradicional cozinha Inglesa, sua tia mantinha a tradição, além de ser adaptada de poções minúsculas e não gostar nem um pouco de desperdício. Com isso Stephanie cresceu acostumada a comer qualquer coisa que lhe oferecessem, gostando ou não. Ali a bordo no Cruzeiro não parava de se espantar com o enorme desperdício de alimento, mesmo depois que todos os passageiros e os empregados já tinham comido, sempre havia algo para ser jogado fora. Ela cogitou que se algum dia conhecesse o bilionário ídolo investidor, talvez pudesse fazer ele perder seu hábito esbanjador.
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