Uma Paixão Interrompida

Paixão interrompida

    Capítulo 6 da fase
" Cruzeiro musical"

    Ryan estava tomando café da manhã na sala vip da cafeteria com sua mãe à mesa. Mal conseguia disfarçar o que nunca sentiu por outra garota antes, já tinha sido o primeiro de algumas, mas não era só isso, com Stephanie tinha sido mais que perfeito. E pela primeira vez ele se importou em fazer ser inesquecível.
    Roberta lançou um olhar de descontentamento quando Stephanie troxe o pedido solicitado. Mesmo sem palavras percebia-se isso toda vez que ela se aproximava e a senhora a olhava.

     Stephanie trocou com Jéssica os pedido, assim a amiga poderia se deleitar da presença de Ryan, e com disciplina conseguir um autógrafo do seu ídolo. Ela passaria as horas servindo e circulando entre outras mesas e a cozinha. Sua mente não tirava o que aconteceu desde que Ryan entrou na sua vida. E a sensação do corpo dele sobre o seu era nítida, enquanto tentava se concentrar no trabalho. Seria mais fácil se conter se ele não tivesse falando através dos olhares, que foi maravilhoso e estava apaixonado.
     Ela apreciava o emprego no navio, mas, a inocente alegria agora se devia a expectativa de seguir com aquele relacionamento.

     A maioria dos clientes começaram a se retirar do estabelecimento. Os últimos cafés seriam servido gratuitamente, enquanto o show de encerramento no cruzeiro estava preste a começar no salão principal e ninguém pretendia perder. Essa era a melhor parte para os fãs.

    — Stephanie, mais um pouco e estará liberada para circular no deque e curti o show extra de encerramento. — falou o chefe que até então precisava muito da ajuda dela.

    — Não se preocupe, chefe. — Stephanie sorria feliz ao trabalhar. - Eu não me importo com o fato de não está assistindo aos shows.

     A certeza de se encontrar com Ryan antes do navio atracar, como haviam combinado, ter outras oportunidades em seus braços, valia mais que mil de seus shows para ela. Sonhava acordada quando aconteceu o que tanto procurou evitar. Roberta voltou na cafeteira a tarde e mandou chamar Stephanie que se aproximou tentando esconder o desânimo. Como de costume a mãe dele estava vestida impecavelmente, mesmo quando descansava, o vestuário da senhora era elegante e vistoso. Stephanie forçou um sorriso.

    — Boa tarde, há algo que eu possa fazer pela senhora? Talvez um café.

    — Já tive minha cota de cafeína por hoje, mais um e eu não conseguiria dormir. — respondeu casual.

   — Nesse caso, servimos um excelente descafeinado. — Stephanie ofereceu, já mais tranquila com o tom da conversa.

    — Não meu bem, detesto os descafeinado, assim como os instantâneos. — ela encarou Stephanie.

    — Não tem gosto de nada — Stephanie tentou manter a conversa.

   — Sei que você esteve com meu filho.

    Então era isso, evidente que a senhora não chamaria Stephanie por algo tão inocente como uma xícara de café.

    — Aconteceu uma vez, senhora. — Stephanie sentiu um frio percorrer pela sua espinha.

    — Um tempo considerável, na realidade em todas suas horas vagas e não acho que isso seja bom. Concorda comigo?

    — Não sei o que a senhora quer dizer.

    — Acredito que sabe muito bem o que eu quero dizer, minha querida. E pode me corrigir se eu estiver errada. — Roberta examinou Stephanie com frieza. — Você não pertence ao círculo social do meu filho, isso pode não ter importância aqui neste navio, mas, fora dele tem muita. O que quer dizer que esses encontros não vão continuar. Se enxergue, Ryan só pode estar entediado e achou em você uma perfeita distração.

    Stephanie desviou o olhar, teve vontade de dizer que cabia a ela e a Ryan discutir isso, mas não fez, temendo ser mal educada. De certo a mãe dele lhe criaria problemas ali em seu local de trabalho.

    — Pra ele isso é apenas mais um divertimento de férias, ou você esperava algo mais com ele? —
a pergunta na verdade soava debochada e com tom de ameaça, ao mesmo tempo. Aquela senhora queria o melhor para o filho, isso era muito evidente e Stephanie não se encaixava nessa categoria.

    — Já estamos pra fechar, a senhora tem certeza que não quer mais nada, chá ou talvez algo forte? — Stephanie estava abalada, precisava de um pretexto para sair da presença daquela mulher. — Temos uma enorme variedade de vinhos e licores.

    Roberta levantou-se, ignorando as palavras proferidas por Stephanie. Era apenas quando andava que sua idade ficava aparente, pois seus movimentos eram lentos e pausados.

    — Espero apenas que pense sobre o que conversamos, minha jovem, nós não gostaríamos de discutir essas tolices novamente, não é mesmo? — ao terminar de falar deu de ombros para Stephanie. — Para que não pense que sou uma pessoa ruim, te deixarei um valor generoso pela sua compreensão.

   — Não será necessário. — respondeu vendo Roberta se ausentar triunfante.

    Com um misto de nervosismo e pânico pelo fato de ser rejeitada por sua posição social, Stephanie não segurou as lágrimas, nem a sensação de sufocamento recebida daquela mulher. Romances de férias era muito comuns em cruzeiros, vários companheiros da tripulação já haviam lhe dito. Ouviu falar até de alguns casos que os casamentos iam por água abaixo antes do navio atracar.

    Entrou tropeçando em seu aposento, após sair da cafeteria correndo, as mãos tremiam ao trancar a porta, sentia-se doente e infeliz. Para seu alívio Jéssica estava no show do Ryan, assim não precisaria dar explicações a amiga. Tudo ia tão bem no seu pensamento... O que aconteceu entre eles foi especial para ela, mas só para ela, pelo jeito. Se perguntou se para Ryan, ela realmente não passava de uma simples funcionária. Se perguntou se ele não pensava da mesma maneira que a sua mãe, mesmo que negasse. Se não era mesmo a distração da vez dele.
     Stephanie começou a se despir jogando as roupas na cama e repensou aquela conversa até sentir a cabeça a ponto de explodir. Toda a confiança que tinha em Ryan se dissipou. Afundando a cabeça no travesseiro chorou descontroladamente até adormecer.  Encontraria-se com ele pela manhã para conversar, hoje ela não tinha estrutura para isso. Não queria acreditar na hipótese que foi apenas um passatempo. A vida não preparou Stephanie para aquilo, ela não tinha com quem compartilhar suas opiniões sobre relacionamentos amorosos, sua tia Edite calava quando a palavra "namoro" era mencionada em sua casa. Stephanie se tornou uma presa fácil para Ryan, refletiu ressentida.

    O que achava especial se transformou em um arrependimento que a consumia impiedosamente.