VII: Madrugada Fria

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Por horas, o trio ficou na frente daquele prédio decrépito. Esperavam a rua ficar vazia, o que apenas aconteceu, quando a madrugada começava. Juntamente com ela, veio o frio e a intensificação da ansiedade de Felipe. O rapaz não percebeu, quando Aron e Emma já se dirigiam para um buraco entre os tapumes. O namorado teve que o chamar duas vezes, antes que ele os acompanhasse.

Quando passou pelo buraco, se deparou com um jardim inexistente, ao pé de um prédio de no máximo três andares. As janelas eram quebradas e as paredes desbotadas, onde fraco verde resistia, vítima da exposição ao tempo. Aquele lugar, era ainda mais assustador do que o desenho que Felipe viu no grimório:

— Será que tem câmeras? — perguntou Aron, enquanto o grupo se dirigia à uma porta quebrada, a entrada daquele prédio.

— Nem tem janela direito, porque teria câmera? — Emma liderava o grupo, sendo a primeira a entrar.

Antes mesmo de estenderem as mãos e conjuraram as esferas de luz, o cheiro forte de urina os recebeu. Após iluminarem o caminho, os três, automaticamente, cobriram os narizes com as mãos.

Emma foi até uma sala, atrás da recepção. Lá dentro, encontrou alguns armários abertos, porém todos vazios. Sem encontrar nada, ela voltou para a entrada principal, onde Felipe olhava fixamente para um corredor. Aron não era visto em lugar algum:

— Para onde ele foi? — sussurrou Emma, se juntando ao primo.

— Nós vimos um vulto atravessando o corredor. Aron foi ver o que era.

— E te deixou aqui sozinho?

— Você sabe como ele é.

— Vem, antes que ele faça uma burrada.

O corredor estava totalmente vazio, assim como as salas que apareciam pelo caminho. Porém, apenas uma, em um corredor adjacente, estava iluminada por aquela mesma luz pálida da esfera. Assim que Emma e Felipe entraram na sala, imediatamente se depararam com Aron, que encarava uma pichação em uma das paredes:

— Gente olha isso!

— Aron, você some e nem ao menos chama a gente! E se você encontra alguém? — Emma se emparelhou com o amigo, mas não olhou para a pichação, ao invés disso, o ficou encarando.

— Tá, tá... isso é mais importante.

Emma revirou os olhos, antes de encarar a pichação. A figura era um par de asas negras, que cobria toda a extensão da parede:

— O que tem de mais nisso? — perguntou Felipe, encarando a mesma imagem.

— Eu não sei, mas eu não consigo parar de olhar — Aron se aproximou da imagem e a tocou.

Nesse momento, um barulho os deixou de sobressalto. Um som que não fazia parte daquele lugar:

— O que foi isso? — Felipe se virou para a porta, a tempo de ouvir outro mugido.

— Mas que me...

Emma, a primeira a alcançar o corredor. Parou assim que olhou para uma das extremidades. Os outros dois acompanharem o olhar de Emma, intrigados. Foi então que o viram.

Uma besta com corpo de homem e cabeça de touro, com os olhos vermelhos, fixos no trio assustado. Os músculos eram manchados pelo sangue que escorria do limite da cabeça com o corpo, que já se preparava para atacar:

— M – mas o que é isso?

— Silencio, Aron, eu vou tentar acalmar aquilo — Emma fechou os olhos.

Porém, a estratégia não deu certo. A criatura soltou um mugido forte e saiu correndo na direção dos três, apontando o chifre em direção às suas vítimas. A única coisa que puderam fazer, era desistir daquela tática e sair correndo.

Os Guardiões: Parte I - Correntes de FogoDove le storie prendono vita. Scoprilo ora