XIX: Uma Batalha Começa

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Eventualmente, o enorme dragão pegou o Anjo com as patas, antes mesmo de Aron chegar perto. Porém, o animal soltou um grunhido de dor. Uma corrente queimou suas asas, o que fez o dragão soltar o Anjo.

Emma e Felipe estavam no meio da praça, quando tiveram que desviar do animal que caia. O dragão bateu com tudo no chão, enquanto gritava de dor. Ele ficou se debatendo, até que simplesmente sumiu, parecendo parte da fumaça.

Lá no alto, o Anjo flutuava, observando o dragão. Nesse momento, Aron investiu contra ele. O rapaz lançava bolas de fogo, as quais eram paradas por correntes flamejantes.

Emma e Felipe apenas conseguiam ver aquela dança de chamas azuis e laranjas. Não muito longe deles, Morgan gritava ordens para as pessoas de preto, que auxiliavam os estudantes e palestrantes a fugirem para uma distância segura. Longe da batalha. No chão, os dois primos resolveram intervir. Emma conjurou uma revoada de pássaros, que logo investiram contra o Anjo. Felipe, controlava a água de uma fonte próxima, formando espetos de gelo e os ordenando a atingirem o homem que voava.

Magistralmente, o Anjo conseguia desviar dos ataques. Como resposta, apenas olhou para as gigantescas correntes que jaziam em torno do prédio. Elas, obedientes, se desenrolaram e foram em direção a Kyra.

Aron precisou parar com seu ataque, pois tinha que se concentrar em ajudar Kyra a desviar das correntes. Lá embaixo, Emma e Felipe continuavam a chamar a atenção do Anjo. De repente, Aron e Kyra foram pegos, o metal se fechou em uma esfera ao redor deles. Presa, a draga começou a soltar fogo, mas as correntes a levavam para baixo. Em pouco tempo, os dois encontraram com o chão.

Emma e Felipe cessaram o ataque. Os dois olharam para o monte de metal, que aprisionava Kyra. Aron não era visto em lugar nenhum.

Felipe rapidamente foi até o lugar da queda, mas foi interrompido por uma corrente de fogo, que envolveu seu pulso. O fogo tentava queimá-lo, mas não conseguia. Ao invés disso, ele passava para a sua mão, formando uma proteção em volta dela. Surpreso, o Anjo continuou a pairar a praça.

O rapaz ficou olhando o fogo envolver sua mão, até que ouviu em sua mente:

"Joga... joga!"

Então, ele arremessou a bola de fogo no Anjo, acertando bem o peitoral do homem. O Anjo começou a cair, até que atingiu a praça. Incapaz de se mover, ele era pressionado pelo fogo, que, a cada tentativa sua de se levantar, as chamas o pressionavam para o chão.

— Como você fez isso? — perguntou Emma, se aproximando do primo.

— Eu não sei... eu... eu só ouvi uma voz.

Mais à frente, o Anjo tentava se levantar, mas, como se tivesse vida própria, o fogo o mantinha deitado. Emma e Felipe se aproximaram dele. Com ainda mais raiva, o Anjo tentou investir contra Felipe, mas o fogo o pressionou com tudo. De repente, os dois primos começaram a ouvir passos atrás deles. Eram passos arrastados, cheios de dor. Quando se viraram, viram Aron se aproximando. O rapaz tinha o braço direito ensanguentado, assim como pequenos cortes em todo o rosto. Sua roupa estava rasgada em alguns lugares, revelando ainda mais arranhões:

— Eu estou bem — Aron parou Felipe, antes que esse o ajudasse a andar. — Só me machuquei nos espinhos de Kyra, nada demais. Vocês o pegaram!

— Vocês se acham heróis, não é? — disse o Anjo, com muita dificuldade. — Mas, saibam de uma coisa. Heróis não existem!

— Acabou... — Aron quase desmaiou de fraqueza, se Felipe não o tivesse pego.

— Não, eu venci! O mundo sabe da gente agora!

— Por que você queria tanto isso? O que iria ganhar? — perguntou Emma, se aproximando mais daquele homem.

— Se você quer tanto saber, porque não olha por si mesma? Você consegue entrar na mente dos outros, não consegue?

— Emma cuidado, ele pode estar tentando sair...

— Calma, Felipe. Eu sei o que estou fazendo. Por que você não diz o que aconteceu então?

— Por que não conseguiria colocar em palavras o que aconteceu comigo. O que eu vi.

— Emma não!

— Felipe, eu já disse que sei o que estou fazendo!

Assim, Emma se agachou ao lado do Anjo. Ele virou a cabeça lentamente. Emma encarou aqueles olhos azuis e, imediatamente, ela sentiu como se estivesse caindo.

Os Guardiões: Parte I - Correntes de FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora