XVI : O Que se Esconde no Futuro

297 49 3
                                    

— O que está acontecendo? Eda?

— Oi Aron — Eda olhava desconfiada para o rapaz.

— Por que você está olhando para atrás de mim? E porque tem duas de você e de mim?

— Não tenho tempo para explicar, é melhor você me acompanhar.

Eda puxou Aron para um portal. Quando o rapaz se deu conta, estava em cima de um prédio, olhando para a praça da faculdade. Era noite, mas tudo ali estava iluminado por uma luz azul, um pouco fantasmagórica. Logo, a curiosidade de Aron o fez olhar para cima. Lá, uma esfera gigantesca, feita de correntes, abrigava chamas azuladas em seu interior. Ao redor da esfera, Dragões voavam, tentando quebra-la de alguma forma. Alguns soltavam jorradas de fogo, mas nada acontecia. Outros tentavam morder as correntes, mas se queimavam com o fogo azul:

— Você deve ver isso.

— O que está acontecendo?

— Esse é um futuro possível. Preste atenção no que está vendo.

De repente, a esfera começou a descer, como se fosse um meteoro. Os dragões ficaram ainda mais desesperados. Porém, não conseguiram evitar. A esfera encontrou o solo. O fogo azulado atingiu a tudo, pulverizando instantaneamente pessoas e construções. Em poucos segundos, a praça não mais existia, estava completamente destruída. Dominada por fumaça e brasas. De onde os dois estavam, puderam ver que o fogo continuava a se espalhar pela cidade. Nada o parava, tudo ele consumia.

Os dragões, sobrevoando toda aquela destruição, soltavam grunhidos altos, funestos:

— Você estará lá no meio.

— O que você disse?

— Aron, você estará no meio da destruição. Eles estão anunciando sua morte.

— Como assim minha morte?! Mas eu estou aqui!

— Não estamos aqui realmente. Isso é só uma projeção.

— Espera, isso tem como evitar?

— Sim. Acho que sim. Se os espíritos quiseram que você visse isso, é porque é importante. Quando a hora chegar, você deve agir de alguma forma diferente.

— Mas o que eu posso fazer? Os dragões não conseguiram quebrar as correntes.

— Talvez elas não se quebrem. Talvez a esfera pode atingir outro lugar. Ela precisa ser desviada. Ou... foi o anjo que fez isso, não foi? É o mesmo fogo que me queimou. Então, se a matar ele antes, então isso não acontece.

— Não é tão fácil matar aquilo que já morreu um dia. Eu tenho uma arma para tal, uma adaga. Mas, vai ser quase impossível chegar perto dele.

— Tudo bem, a gente tenta. Eu sou um guardião! Posso usar quantos dragões quiser!

— Na verdade você não pode. Morgan me contou que está proibido de conjurar. E, além do mais, acho que não é tão simples assim. Dragões não são tão imunes. Mas, enfim, acho melhor a gente voltar. Não quero mais ver esse futuro.

Assim que Aron atravessou um portal que apareceu ao lado deles.

Imediatamente, ele abriu os olhos. Ele estava de mãos dadas com Emma e Felipe, os quais também abriam seus olhos. Eles soltaram as mãos e olharam ao redor, confusos. Morgan estava parada à porta, observando. Eda se espreguiçava, enquanto se levantava.

— E então, o que viram? — Morgan cortou o silêncio, enquanto se aproximava dos três.

— Ele vai destruir a cidade, a partir da praça central da faculdade. Eu não sei como, mas ele criou uma esfera gigantesca de correntes — começou Aron, fitando a mesa de vidro negro.

— Por isso eu vi as correntes, que ele estava produzindo. Conta mais, Aron — Emma encarava o amigo nos olhos.

— Tinha uma esfera enorme de correntes e fogo. Os dragões estavam rodeando-a, tentando quebrar. Eu já contei que gosto de camarão. Eu amo camarão! Sabe aqueles bem pequeninhos. Simplesmente amo.

— Emma, o que você está fazendo?

— Calma Felipe, eu só estou me colocando na mente dele. Eu e Eda vimos algo controlando Aron. Quando a pessoa que fez isso estiver por perto, eu vou saber.

— Nossa, Evan era tão bonito, e que bunda!

— Quem é Evan! — se assustou Felipe.

— Opa, eu não deveria ter mexido aí.

— Sabe, tenho saudade do meu pai. Ele sempre brincava comigo. Eu sinto tanta falta dele — Aron olhou para o nada e começou a chorar.

— Ah, não tenho paciência para isso.

— Calma, Morgan, já está acabando. Pronto, eu me coloquei na infância dele, um setor que eu acho que a pessoa não se interessaria.

— E então a bola caiu com tudo em cima da praça, e foi fogo para todo lado, matando todo mundo. Por que eu estou chorando?

— Você se emocionou, só isso — Emma sorriu nervosamente, depois olhou em direção ao primo, que estava extremamente vermelho. — E você Felipe, o que viu?

— O momento em que ele foi abandonado. Disseram que o Anjo é uma reanimação que deu errado.

— Então ele já está morto?

— Sim — começou Eda. — Ele veio até nós, ou melhor, foi deixado para que nós o concertássemos. Sua recuperação foi demorada, mas ele logo começou a voltar ao normal. Porém, eu acho que ele ficou muito tempo do lado de lá. Ele tinha umas ideias estranhas, como se o mundo fosse melhor se não nos escondêssemos. Caio falava que viu um mundo novo, um mundo construído das cinzas desse. Então, numa noite, ele não estava mais lá. Com medo, nós mudamos de lugar várias vezes, mas ele voltou e, bom, o resto vocês já sabem.

— Então ele planeja mostrar ao mundo que existimos — concluiu Morgan. — Eu vou passar para a Rainha o que vocês me contaram. Até lá, Eda, você deve pensar em usar a adaga. E vocês, quero que não se metam mais nessa história. Aron já causou muito problema. Se não fossem as cascavéis, muita gente iria lembrar do que aconteceu.

Aron apenas abaixou a cabeça, sem graça:

— Acho melhor então a gente ir — disse Eda, dirigindo o grupo para a fora daquele local.

Quando atingiram a praia novamente, Morgan passou por um portal que ela mesma conjurou. Deixando Eda e os outros três sozinhos:

— Acho melhor vocês se preparem — disse Eda. — Eu sei que ela não quer que vocês se metam, mas já é tarde. Os espíritos os trouxeram até aqui, por alguma razão. Talvez para verem tudo isso. Agora, eu só espero que tenham juízo.

Assim, ela conjurou um portal e, antes que o trio pudesse passar por ele, ela lhes deu um abraço.

Depois que atravessaram o portal, o trio estava novamente perto do cemitério. A rua estava vazia, quando eles começaram a caminhar em direção à faculdade. De repente, Aron parou na frente do grupo, obrigando os outros dois a parar também:

— Emma, você sabe conjurar portais, não é? Igual aquele dia na biblioteca, com os livros e tudo.

— Sim, eu não sei tanto assim. Apenas sei fazer portais pequenos.

— Ótimo! Isso já pode ser o bastante.

— Aron, para que você quer saber disso? — perguntou Felipe.

— Porque acho que isso podesalvar nossa vida — assim, sem dizer mais nada, Aron continuou andando.Deixando os outros dois ainda mais confusos.

Os Guardiões: Parte I - Correntes de FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora