Românticos pouco compreendidos.

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Capítulo 4


A segunda-feira começou preguiçosa e tranquila naquele dia cinzento. Youngjae terminava de secar os fios negros com a toalha enquanto ao seu lado, ouvindo música, Jaebum terminava de fazer algumas anotações em seu caderno. Não tinham se falado desde que o mais velho pedira para o Choi comer, ambos em seguida optando por voltar para a faculdade em silêncio e dormir para estarem bem dispostos no dia seguinte. Para Youngjae, que prezava por sua imagem silenciosa e pouco perturbada, o silêncio era a prova de que provavelmente voltariam a ser as pessoas estranhas de quando se conheceram. Para Jaebum, que desgostava de conversas longas e amava a música indie, a falta de barulho apenas entregava o quão desconfortável seu companheiro de quarto era consigo e com sua presença. No final de tudo, nenhum dos dois estava inclinado o suficiente a puxar assunto ou sequer comentar coisas triviais e sem sentido, então o companheirismo da noite passada tinha morrido com o nascer do sol.

Youngjae foi o primeiro a sair do quarto, carregando consigo sua mochila nas costas e sketchbook em mãos — que recentemente tinha começado a preencher com desenhos, utilizando um tema cinza e azulado, tal como o da cidade onde agora vivia. Os corredores estavam movimentados, coisa que fez o Choi se assustar por um momento, já que sua noção de alunos da faculdade era bem baixa por conta do atraso ao se ingressar nela e por conta dos dormitórios serem entregues apenas uma semana depois do prazo. Agora havia mais pessoas, mais gente que Youngjae gostaria de evitar. Yugyeom provavelmente estaria pulando de felicidade ao ver tantas caras novas, tremendo de ansiedade para fazer milhares de amigos e lotar sua agenda de contatos no telefone. Já Mark, assim como si, deveria estar odiando esbarrar com homens e mulheres ao caminhar entre os blocos.

Faltavam alguns minutos para as aulas começarem, e como o garoto de Mokpo não costumava tomar café da manhã se ocupou em caminhar rapidamente até sua sala. Ao chegar ao andar desta, o movimento já estava bem mais baixo, o possibilitando um caminhar mais tranquilo e menos meticuloso, afinal não precisava ficar se preocupando em esbarrar em alguém ou acabar colidindo com alguma coisa ou ferramenta jogada por aí. Reconheceu alguns rostos ao caminhar pelo corredor extenso, franzindo o cenho ao fitar outros. Aparentemente muita gente nova tinha chego com a entrega das chaves dos dormitórios, coisa que fazia o interior de Youngjae se retorcer. Sua visão de cidade calma e tranquila aos poucos se desfazia ao pensar que, aos fins de semana, a qualquer lugar que fosse acabaria reconhecendo alguém.

Entrou em sua sala aos suspiros, fechando a porta com cuidado e fitando-a vazia. Deixou sua bolsa na última carteira, lugar onde se acostumou a ocupar. Andou até a janela mais ao fundo, sentando-se no patente de madeira e observando a cidade de interior se estender pela neblina e montanhas cobertas por vegetação escura. As árvores de troncos diferentes contrastavam com as folhas verdes e escurecidas, coisa que criava um prazer imenso aos olhos minimalistas de Youngjae, que sempre procuravam admirar as mais pequenas coisas nos maiores tipos de imagem. Correu até sua bolsa, retirando a máquina fotográfica de dentro dela e voltando a passos rápidos para a janela, tirando várias fotos, ajustando o foco e luz, sorrindo com os resultados variados. Estava conseguindo coisas boas do clima deprimido que tinha aprendido a gostar desde o primeiro dia.

Ouviu o ranger da porta velha, mas não se incomodou de olhar quem entrava. Provavelmente era qualquer outro aluno de sua classe fora Mark, já que se fosse o americano a entrar ele provavelmente correria até si e daria um caloroso bom dia. Continuou tirando fotos, ajustando as lentes profissionais e sorrindo cada vez mais com o barulho dos cliques, entretido demais com seu mundo próprio para se virar e fitar Jaebum, que olhava seu trabalho com admiração e curiosidade. O Im sequer tinha tempo para estudar sobre a fotografia — curso que tinha escolhido desde muito jovem —, então ver Youngjae tão animado logo pela manhã fotografando o fazia se lembrar de como era a sensação de sempre ter uma câmera em mãos e um espaço perfeito para usa-la.

Absorto em vocêWhere stories live. Discover now