Você é minha praia.

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Capítulo dezesseis


Mark espiou pelo corredor vazio, o vento frio soprando os fios bagunçados de seu cabelo que escapavam pelo boné que usava. Yugyeom já tinha saído há algum tempo e provavelmente se encontrava no outro dormitório, do outro lado do bloco que ocupavam. Checou o horário em seu telefone mais uma vez, suspirando e finalmente tomando coragem para sair de seu casulo. Puxou o capuz para cobri-lo, assim como o boné já fazia, e saiu apressado com as mãos no bolso, caminhando em passadas tão longas quanto um corredor extenso pedia. O exterior do campus estava vazio e sombrio, algum monitor provavelmente tinha cansado de ficar exposto ao frio e voltou para dentro da construção antiga e quentinha. Mark agradeceu pela temperatura estar estranhamente mais fria, afinal ficaria mais fácil de caminhar pelo caminho de pedra entre os gramados e chegar até o outro lado do portão. Não tinha o tempo que gostaria, o recado que deixara para Yugyeom apenas o trazia alguns minutos, então o quanto mais rápido andasse melhor. Felizmente velocidade e agilidade eram características próprias de Mark Tuan, aquele que havia passado praticamente sua adolescência inteira correndo dentro de um carro.

Ao alcançar os portões da faculdade diminuiu o passo, olhando de um lado para o outro atrás do garoto que o enviara a mensagem suspeita de mais cedo. Seu telefone ainda estava bloqueado sobre ela, as ordens com um horário e local nunca pareceram tão claras. Tivera sorte que Yugyeom decidira sair justamente quando precisava dele fora, e o restante das coisas apenas foram se desenrolando ao seu favor como se realmente precisasse estar ali. Mark confessava sem temer julgamentos: estava com medo de quem quer que fosse o remetente da mensagem, até porque desconhecia de muita coisa desde que saíra dos Estados Unidos e sua vida estava ligeiramente tranquila até começar a fazer faculdade. Se talvez tivesse sido um pouco mais cuidadoso com suas informações as coisas teriam dado certo e não precisaria estar se preocupando com tudo e todos, mas como tinha tomado as decisões erradas no passado agora precisava lidar com as consequências delas — não só por si, mas também porque isso envolvia Yugyeom e Youngjae.

— Tuan, aqui.

Mark virou-se rapidamente, assustado. Uma sombra se moveu atrás dos muros da faculdade, saindo pela rua vazia e seguindo até a esquina, onde um poste fraco ajudava na iluminação precária. Seus pés o obrigaram a seguir lentamente atrás da figura, uma ansiedade estranhamente desconfortável crescendo em seu peito. Por um momento pensou se não era melhor manter uma distância mais confortável, contudo mal pôde tentar se afastar ao ver o garoto se virar para si.

— Yo, ainda fala inglês? — o sorriso dele era estranhamente parecido.

— Ainda, eu acho — pigarreou.

— Você não se lembra de mim — estreitou os olhos ainda mantendo o sorriso — Não te culpo, eu sei que é difícil quando se conhece praticamente todo mundo de uma cidade.

— Não me lembro, me desculpe — sorriu envergonhado.

— Já disse, está tudo bem — deu de ombros — Eu só vim aqui te dizer algumas coisas, estou de passagem pela cidade.

— Por que todos os americanos gostam tanto daqui, hm? — murmurou ácido.

— Porque você está aqui, duh. E bem, eu não sou americano — rolou os olhos — Sou Kang Daniel, um dos melhores amigos do seu irmão — a expressão dele se escureceu por um momento — Ou costumava ser, não tenho certeza.

— Como assim? — franziu o cenho.

— Seu irmão mudou, Mark — pigarreou — Está um porre, se quer saber. Ele continua a falar de recordes, dinheiro, mal vive sem outra coisa. Eu desisti dessa vida idiota que levávamos, mas ouvi tanta coisa que decidi que era melhor apenas fazer uma visita e te informar algumas coisas.

Absorto em vocêWhere stories live. Discover now