Eu beijei você de novo e é bom.

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Capítulo catorze


Youngjae acordou de um dos piores pesadelos de sua vida, mas dessa vez não gritou, esperneou ou chorou. Ele apenas abriu os olhos carregados do vazio medonho, suspirou pesadamente e tentou controlar todas as emoções que cresciam dentro de si. Estava estranhamente mais triste do que o normal, talvez fosse culpa dos remédios não estarem mais funcionando como deveriam. Seu estranho desejo de dormir e nunca mais acordar tomando conta de cada parte de seu cérebro, os gritos agoniados presos em sua garganta. Sentou-se quase que de imediato ao pensar quê, mesmo sem intenção alguma, estaria bem melhor se ficasse na cama o restante do dia. Yugyeom já havia lhe alertado um milhão de vezes que não poderia sucumbir a vontade de apodrecer, que precisava lutar pela própria vida e provar que conseguia ser uma pessoa forte emocionalmente. E ele faria isso como sempre fez durante todos os anos em que teve de lidar com a depressão; levantou-se da cama em silencio — não queria acordar Jaebum dessa vez —, colocou um moletom e os sapatos. Saiu do quarto sem se preocupar se poderia ser pego por algum funcionário e escoltado de volta. Youngjae apenas sentia que precisava estar em um espaço aberto, precisava voltar a si.

O campus vazio o relembrava uma sensação confortável de não estar sendo observado ou julgado. O luar prateado iluminava fracamente a região por onde se dirigia, as flores cuidadosamente cultivadas pareciam ainda mais bonitas com o brilho prata por cima. Sentou-se em um dos banquinhos, o metal frio não precisou entrar em contato com seu corpo para assusta-lo; a brisa já tinha o feito. O silêncio tranquilizante permitiu que Youngjae relaxasse, os pensamentos ruins e lembranças do pesadelo lentamente se esvaindo de sua mente, os músculos tensos relaxando. A memória de Oh Jaebum beijando aquela garota agora se esbranquiçava, em seu lugar tomando-se o vivido sorriso de alguém que o Choi não conseguia reconhecer de primeira. Estava ligeiramente mais calmo, sair do quarto escuro e abafado fora uma ótima decisão. Mais tarde, entretanto, precisaria voltar e encarar uma série de situações que provavelmente o estressariam pelo resto da semana — precisava trocar sua própria medicação, ela estava fraca demais para uma época tão turbulenta assim.

Ficou por longos minutos observando o céu negro, lembrando-se das palavras de Jaebum e instintivamente corando. As estrelas brilhavam em pontos distintos, era uma bela noite. A sua direita, lentamente se aproximando, uma mulher aparentemente jovem carregava algumas sacolas. Youngjae a fitou por longos segundos, algo lhe era familiar.

— Com licença, você sabe onde é o dormitório? — vendo-a de perto o Choi concluiu que ela beirava os quarenta anos.

— Siga reto e vire à esquerda, primeira porta — sorriu fraco.

— Obrigada — ela retribuiu o ato.

Era isso, era o sorriso. Era o mesmo sorriso que o acalmara, o sorriso de Jaebum.

— A senhora é mãe do Jaebum hyung?

A mulher se virou de repente, ouvindo o nome do filho mais novo e sorrindo fraco. Voltou a se aproximar de Youngjae, o sorriso antes tomando proporções maiores. Fitou o outro dos pés a cabeça, mas não de forma critica ou superior, e sim como se o considerasse alguém querido e zelasse por ele.

— Sim, eu sou. Quem é você?

— Choi Youngjae, amigo dele. O Jaebum hyung está dormindo, parecia nervoso porque iremos receber um trabalho importante hoje. Posso leva-la até nosso quarto, se desejar. Está tarde, de qualquer forma.

— Você é amigo de Jaebummie? — parecia surpresa — Eu sempre venho esse horário, preciso estar cedo na empresa e tenho o dia todo cheio de compromissos. Geralmente Jaebum me recebe acordado.

Absorto em vocêWhere stories live. Discover now