Briga de corpos.

533 73 23
                                    

Capítulo sete


O barulho das peles se chocando era horrendo, causava uma dor irritante em seu peito. Gemidos, vários deles. Alguns mais sofridos, implorando por mais, outros de pura dor — esses vindos de si. Os olhos ardiam, as lágrimas desciam por suas bochechas coradas com intensidade. As pernas estavam trêmulas, mal conseguia se manter na posição em que se encontrava. Queria gritar, precisava extravasar tudo que sentia, entretanto não conseguia desfocar seu olhar da cena que acontecia bem diante de si. A pele morena dele reluzia e parecia ainda mais bonita com a luz amarelada que entrava pela janela, provinda dos postes de luz da rua. Os fios vermelhos estavam bagunçados, colados em sua testa. Os lábios avermelhados, a expressão de puro prazer, os chupões em seu pescoço. Ele estava uma bagunça, e Youngjae já tinha se acostumado a vê-lo assim, afinal sempre que se encontravam para estudar física, a química entre os dois meio que falava mais alto.

Mas dessa vez não era culpa sua o estado quebrado de Oh Jaebum. Era culpa de uma garota desconhecida.

Eles continuavam o ato, independente de saber ou ligar para a presença de Youngjae. O mais novo não conseguia assistir, mas era praticamente impossível desviar o olhar. Alguma coisa o prendia ali, forçando-o a manter os olhos bem vidrados em cada detalhe do corpo que tinha aprendido a amar. Mantendo os olhos naquele em que há alguns meses atrás ainda causava sensações inexplicáveis em seu corpo. Em Oh Jaebum, que por mais idiota que fosse, por mais cafajeste que já tivesse parecido, ainda era uma pessoa que ocupava um enorme espaço na mente e coração de Choi Youngjae, um garoto que nunca aprendeu direito as leis da vida e do amor. E o garoto sabia que mesmo se tivesse aprendido, não daria jeito. Estava predestinado a estar ali, chorando de coração partido enquanto seu ex transava com uma garota de pele leitosa.

— Eu ainda amo você, Youngjae. — a voz do Oh soou.

E Youngjae começou a gritar, e gritou tanto que acordou Im Jaebum, que ressonava baixinho na cama ao lado da sua. O mais velho não sabia o que fazer, o companheiro de quarto estava se debatendo na cama enquanto chorava, suava e gritava, não querendo parar de repetir o ciclo. Toca-lo parecia arriscado, acorda-lo parecia arriscado, mas mantê-lo sonhando até que despertasse parecia doloroso demais. Segurou os pulsos finos, impulsionando-os para baixo, não demorando em se colocar sentado em cima das pernas em uma posição desconfortável, procurando assim fazê-lo parar de se mover. A cabeça de Youngjae continuava tentando liberdade, assim como as palavras e gritos que saíam de seus lábios esbranquiçados. Jaebum começou a gritar também, mas para que ele acordasse de seu pesadelo.

Não demorou muito para que os olhos assustados se abrissem, fitando tudo em volta e soltando um suspiro cansado em seguida. Jaebum imitou o último ato deste, libertando os pulsos de seu aperto e saindo de cima do garoto, bagunçando os fios negros e tentando acalmar seu coração disparado. Youngjae sentou-se na cama, tocando a testa encharcada de suor e fitando com certa dificuldade o companheiro de quarto. A luz que entrava pela janela era fraca, mas suficiente para ver a silhueta perturbada de Jaebum. Checou o horário em seu relógio, assustando-se ao perceber que o sol estava prestes a nascer. Não tinha um pesadelo como esse desde os primeiros meses de seu término, onde passava a maior parte do tempo isolado em seu quarto e desejando que tudo desaparecesse. Tinha sido assustador.

— M-Me desculpe — murmurou secando as lágrimas que ainda desciam por seu rosto, fungando — E-Eu não queria assusta-lo.

Jaebum fitou o mais novo com calma, analisando cada detalhe da expressão entristecida e arrependida deste. Não era fácil despertar de um bom sono com gritos escandalosos, ainda mais de uma pessoa que geralmente procurava não demonstrar mais que sorrisos calmos e serenos. Sempre fora muito paciente e tranquilo, mas em situações extremas todos acabam por perder um pouco da tranquilidade, o que explicava sua fuga do garoto assim que ele abriu os olhos, se afastando e tomando um pouco de ar, parecendo rude. A última coisa que o Im queria era ser grosso com Youngjae, mas tinha tomado um susto tão grande que qualquer coisa estava o deixando um tanto que irritado. Precisava tomar um ar, espairecer um pouco a mente que facilmente ficava nebulosa, tal como tinha ficado agora.

Absorto em vocêWhere stories live. Discover now