Obra de arte.

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Capítulo nove


Quando Jaebum voltou para o quarto naquele dia tudo estava confuso, mas ele se sentia estranhamente bem — ou pelo menos melhor do que nos outros dias. Em apenas algumas horas tinha se aproximado mais de Youngjae, almoçado com Mark Tuan e conversado por um bom tempo com Kim Yugyeom. Três pessoas quê, independente da situação ou época, Jaebum nunca pensaria que trocariam palavras consigo, mas tudo tinha acontecido rapidamente e de uma forma muito mais sutil do que poderia um dia imaginar. O período tinha sido um pouco cansativo, contudo ele o viveria novamente apenas para se dar o gosto de sentir o prazer de poder conversar por horas ou minutos com pessoas de um mesmo ciclo social que o seu. Agora que estava em seu conforto, não conseguia imaginar uma forma melhor de finalizar o belo dia com um jantar e uma cerveja, acabando por adormecer entre os macios cobertores em seguida. As bebidas já tinham sido adquiridas com o término das aulas, a comida estava na geladeira prestes a ser esquentada, tudo estava perfeito.

— Oh hyung! — o Choi cruzou seu campo de visão apenas de toalha — É só você, que susto.

— Quem mais seria? — perguntou rindo, deixando em cima do pequeno balcão a sacola com as cervejas.

— Precisamos começar a trancar a porta, um garoto esquisito entrou aqui e confundiu os quartos.

— E você está bem?

— Claro que sim, eu sei me cuidar! — rolou os olhos.

— Me desculpa, só estava perguntando! — retrucou soltando um risinho.

Youngjae nada disse, mas abriu um sorriso que Jaebum nunca tinha visto antes. Sentiu uma mistura de paz e felicidade dentro de si quando o viu daquela forma tão bela, coisa que fez seu coração dar um pulo esquisito dentro do peito. Não era normal vê-lo assim tão encantador — mesmo que o Im já tivesse deixado bem claro que achava a aparência de Youngjae simplesmente perfeita, tal como o céu noturno assustador —, talvez as horas de sono tivessem compensado tanto fisicamente quanto emocionalmente, afinal ele parecia uma pessoa mais alegre e aberta. Jaebum repensou na sua ideia de final de dia perfeito, timidamente acrescentando Youngjae no meio e torcendo para que ele gostasse de beber cerveja em um dia de semana. O mais novo, apesar de apresentar feições joviais demais para a idade, parecia alguém vivido o suficiente para um pouco de álcool e alguns pratos apimentados, então o Im não demorou em convida-lo.

— Quando mais jovem eu odiava beber — murmurou aceitando uma garrafa, já devidamente vestido — Mas de uns anos pra cá eu meio que me apeguei.

— Eu sempre gostei de beber — deu de ombros retirando seu prato do micro-ondas — Minha mãe me disse que isso iria me matar um dia, mas eu não ligava. A cidade era pequena, não tinha muita coisa pra fazer fora pescar e roubar o carro do meu velho pra dirigir perto da praia, então desde meus 14 anos eu tenho experimentado vários tipos de álcool, principalmente vinho.

— Vinho não é muito forte pra um adolescente de 14 anos, hyung? — perguntou sorridente.

— Ah, minha cidade é a principal exportadora de vinho do país, Youngjae-ah — empurrou um prato para o mais novo — Como eu não iria beber o dom da minha querida cidade natal?

— Sorte sua — soltou um riso amargurado, fitando o líquido amargo rodopiar dentro da garrafa de vidro — A cidade grande é cheia de ratos e animais.

— Ratos e animais? — franziu o cenho.

— Os ratos somos nós, seres humanos — explicou — Os animais são os animais, hyung. Mas isso não envolve os ratos, ou envolve? Enfim, animais.

Absorto em vocêWhere stories live. Discover now