Físeanna

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Meu avô me contou sobre o povo de Tuatha de Danann no dia em que ele estava me ensinando a caçar. Eu lembro daquele dia.

Estávamos com um amigo da família. Ele matou uma raposa e me abateu uma grande tristeza. Apesar de ser menino crescido, dez anos, eu acabei chorando. Parecia errado demais aquilo tudo para mim. Meu avô não ficou zangado comigo. Ele contou que os Tuatha de Danann eram um povo divino que habitou a Irlanda, quando o domínio deles findou em uma guerra contra mortais Milesianos, eles deixaram de habitar este mundo e passaram a viver em outra dimensão, espiritual, mas ainda em contato com a realidade. Eles possuíam a habilidade de transitar entre os mortais usando o féth fiada 'maestria da névoa' ou ceo druídecta, o 'fog druídico', através do qual o 'usuário' ficava invisível ou assumia a forma de um animal.

Eu lembro que fiquei pensando durante anos isso. Sempre que via um animal, eu imaginava se ele não podia ser um ser místico, os olhos de todos eles me pareciam contar segredos. Segredos que com o tempo, quando cresci, eu esqueci que deveria ouvir.



PELO MENOS O NOME DELE NÃO É NOLAND.

Foi seu primeiro pensamento histérico.

Ambos se fitaram por alguns segundos, em surpresa e curiosidade.

Aquele garoto, o garoto da diretoria, ou melhor, Sasuke Uchiha, seria seu tutor por um mês. Isso os ligava da maneira que Naruto tanto temia, teria de ficar próximo dele pelo tempo estipulado. E isso o fez sentir ansioso e temeroso novamente. Tão ansioso quanto estava naquele momento para se ver livre daqueles olhos escuros e intensos fixos em si. A primeira coisa que notou nele foi a curiosidade. A segunda, que ele não parecia nada feliz com o arranjo.

Somos dois, meu caro.

Naruto quase grunhiu. Era bem sua sorte essa, arranjar uma inimizade sem nem mesmo tentar, por algo que não era sua culpa. Atraente ou não, começava a entender o porquê de Sai ter o olhado com tanta pena.

Alheio ao seu dilema, Sasuke Uchiha, que o encarava de sua carteira no fundo da sala, tentava ocultar sua ira com a situação. Ele havia escapado todos os anos de ter um novado em seu encalço, mesmo sendo um dos melhores alunos da academia. Claro que não escaparia dessa vez, seu pai realmente havia mexido seus pauzinhos para o colocar como babá.

Em meio a antipatia, não conseguia esconder certo deslumbro ao ver o outro rapaz. Ele havia ouvido falar sobre isso, claro. Suas famílias se conheciam, mesmo que nunca houvessem se esbarrado, e mais de uma vez sua mãe havia comentado sobre a aparência do filho da sua melhor amiga. E havia ouvido os comentários sobre o novato durante a manhã.

Mesmo com o sentimento nada agradável que sentia, não poderia discordar desse fato. Abaixo da luz solar que vinha da janela de vidro, realçando quase que naturalmente sua beleza, estava o infame Namikaze. Era como se aquela luz fosse feita para ele, fosse uma parte dele, e por um momento se sentiu como se já tivesse visto aquela cena, como se aquilo já houvesse ocorrido.

Abaixou o olhar espantando aqueles pensamentos.

Então, aquele era o garoto que seu pai pedira – se é que aquilo foi um pedido e não uma ordem – para ficar de olho e ajudá-lo no que preciso. Não havia dúvidas de que ele havia tido um dedo em ter sido colocado como tutor.

Naruto Uzumaki. Ou Namikaze? Isso era confuso. Havia definitivamente algo estranho nele. Mesmo com os olhos abaixados, podia sentir uma atração quase magnética querendo obrigá-lo a voltar os olhos para ele. Se recusava a ficar encarando como um retardado.

SeachtWhere stories live. Discover now