Grá

497 68 165
                                    

Hinata entendia bem de medo, tendo convivido com ele dentro de casa desde que se entendia por gente. Ele tinha a dominado até a adolescência, mas hoje em dia poucas coisas a amedrontavam.

Ela tinha medo de que algo acontecesse a sua irmã, mesmo as duas já adultas, e sabendo que Hanabi sabia se virar mais do que ela na sua idade. Ela temia quando Naruto pegava uma missão sem ela, ou fazia algo estúpido em campo. Temia um dia que algo desse terrivelmente errado, e acabar ter que olhar nos olhos de Sasuke e contar que Naruto não iria voltar para casa. Era um pesadelo recorrente seu, mesmo sabendo do que ele era capaz.

Em contraparte, ela gostava de pensar que já estava, por exemplo, imune a Anko e suas tendências um tanto...sociopatas depois de anos de treinamento. E até mesmo Namikaze não conseguia a intimidar. Havia conseguido certa imunidade nos mais de dez anos trabalhando com ele.

No entanto, não podia dizer o mesmo sobre Naruto. Havia algo extremamente intimidador quando o via assim, mesmo quando aquele ódio não era direcionado a ela. Talvez por Naruto ser tão bondoso, por o conhecer e saber que ele não gostava de machucar realmente ninguém, e o fazia apenas em último caso. Com a idade ele havia se tornado calmo em campo, nunca perdendo a cabeça.

Ele não parecia calmo agora.

Os olhos azuis brilhavam de forma perigosa, e podia ver o estrago que ele havia deixado para trás. Havia sangue em seu rosto, e corpos no quarto enquanto ele caminhava em sua direção em passos firmes, com algo bem seguro em seus braços.

Era uma criança. Não conseguia ver a idade, apenas que era muito pequena. Os cabelos estavam empapados de sangue, por isso não sabia a cor dele realmente, e a cabeça encolhida no ombro de Naruto a impedia de ver o rosto.

—Temos que sair daqui. — A voz era fria dele a fez desviar os olhos, já passando por ela para o corredor, na certeza de que ela a seguiria. — Acharam mais alguém nos quartos?

—Sim, as mulheres estão sendo guiadas. Os reforços chegaram.

Viu os ombros dele relaxando minimamente.

—Naruto...

Não sabia o que falar, e não houve tempo. Ouviu tiros e se retesou, pronta. Anko surgiu de um dos quartos e se colocou a frente deles, dando cobertura. Hinata foi para trás, também preparada para o proteger.

Ele apertou mais a criança em seu abraço, o passo mais rápido, e viu olhos a fitando por sobre o ombro deles. Eram verdes profundos em um rosto sujo, e pareciam traumatizados a tal ponto que seu coração apertou. Não sabia quem ele era, o que ele fazia no galpão cheio de mulheres traficadas. Não haviam encontrado mais nenhuma criança, que soubesse. De qualquer forma, não era nada bom.

Era algo que sempre a assustava, mesmo depois de todos esses anos: Até que ponto o ser humano podia machucar alguém.

........................................................................................................

Naruto havia ido no helicóptero com o socorro, já que no momento em que tentaram tirar o garoto dele a criança havia começado a gritar e se debater, agarrando nele como se tivesse garras. Naruto não permitiu que o sedassem, e já tinham tudo sob controle.

E ninguém conseguia suportar o desespero da criança, por isso ninguém se opôs.

Hinata foi com eles, deixando o restante nas mãos de Anko. E ao ver a forma como Naruto olhava a criança em seus braços enquanto a checavam por ferimentos, ela apenas sabia. Ela conhecia bem aquele olhar dele.

Ele nunca deixaria aquela criança ir.

......................................................................................................................

SeachtWhere stories live. Discover now