A leannán buachalla

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 Os celtas tinham histórias de amor épicas, que transcendiam a morte. Quase todas permeadas por tragédias, mas havia uma ou outra com um final feliz.

Eu lembro de ler essas histórias, e pensar 'é impossível algo assim acontecer de verdade.'

O mais triste era que da tragédia eu entendia bem. Eu sabia o quanto a crueldade poderia chegar. O amor era que me fazia cético. E eu acredito que até uma parte de mim achava que é, talvez ele pudesse existir, eu via meus pais e meus avôs como exemplo afinal. Eu não achava que ele pudesse existir para alguém como eu.

Eu era, afinal, o changeling.

E depois, eu apenas ficara cínico demais para acreditar em algo assim.

E então veio Sasuke.

Justo, eu teria ficado feliz com menos drama nessa parte, mas se não fosse isso, não seria minha vida. E no fim eu consegui experimentar aquilo que nunca imaginei que conseguiria, que era ser amado intensamente como naquelas histórias.

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ESTAVA NOVAMENTE NAQUELA FLORESTA DENSA E ENEVOADA, Sasuke em suas costas, desacordado. Seus machucados doíam, suas mãos ardiam, os braços dormentes pelo peso. A adrenalina — metade de agonia, metade excitação, e uma alta dose de medo — passava por suas veias, lhe impulsionando a seguir.

Sabia que atrás deles estava um monstro. Podia ouvir os passos em compasso com os seus. Era quase como se aqueles olhos o pudessem enxergar através de toda a névoa, lama e árvores, e estivessem cravados em suas costas, brincando com sua sanidade.

Sentiu Sasuke se mexer, sentiu seu pé descalço rasgar ao pisar em uma pedra, e fechou os olhos pela dor excruciante. Mordeu o lábio, ouvindo o sussurro rouco.

— Me deixe aqui... Não vai conseguir fugir se continuar me carregando.

— Não. — respondeu num fôlego. — Nunca vou te deixar, ouviu bem?

O som de mais uma explosão varreu a floresta, sentiu seu tremor no chão.

Ofegante, sentiu as pernas fraquejarem, mas se forçou a continuar ouvindo os próprios passos no chão forrado por folhas. E tão rápido quanto veio, o som se foi, o deixando novamente naquela escuridão e silêncio ininterrupto.

— Naru... — Ouviu-o sussurrar. — Me deixe aqui.

— Não.

O outro garoto murmurou algo a mais, que não compreendeu. Ele perdera muito sangue por conta do tiro, e Naruto sabia que ou encontrava a saída daquele lugar ou Sasuke morreria.

Foi então que algo acertou com força suas pernas já lentas, e acabou despencando no chão, o corpo maior sobre o seu. Gemeu de dor nas panturrilhas, e pelo peso, com custo conseguindo o tirar de cima de si. Ouvindo-o respirar fundo pelo movimento. Levantou-se num pulo, mesmo sentindo o músculo machucado reclamar.

O negrume da noite era amedrontador quando olhou ao redor, conseguindo sentir o perigo, mas não o vendo por um longo instante.

E foi então que o viu sair da escuridão. Tobirama apareceu sorrindo a sua frente, a poucos metros, o mesmo sorriso sádico que já presenciara tantas vezes. Seu corpo tremeu, aqueles olhos pareciam cintilar na penumbra, o avaliando, o prendendo.

Tudo aconteceu rápido demais. Viu-o mover os lábios finos, dizendo algo que não conseguia ouvir, mas instintivamente virou para onde Sasuke estava. Seu corpo gelou, ficando estático ao ver Obito atrás de Sasuke, seu braço esquerdo envolvendo o peito dele, o erguendo. Com o direito segurava uma adaga em seu pescoço.

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