Crith

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Dias antes de ir ao internato eu havia tido aquele pesadelo horrível. Não que isso fosse algo fora do normal, eu não tinha noites tranquilas há anos. Havia me acostumado a correr, nadar, fazer exercícios pesados o bastante para conseguir desmaiar na cama apenas para conseguir dormir em paz.

Nesse dia nem isso havia funcionado. Eu estava ansioso, frustrado, magoado com meus pais. Estava tudo um caos imenso. Mam havia me ajudado a arrumar minhas malas, e eu via em seus olhos o quanto ela não estava feliz com a decisão, mas que não tinha argumentos para me ajudar. Eu havia segurado o choro a semana inteira desde que meu pai havia me avisado o que aconteceria, e ver mam me olhar daquele jeito, saber que ela provavelmente iria chorar escondido mais tarde me partia o coração.

Então, eu devia esperar um sono ruim. Eu não esperava aquilo. Eu não esperava ver o rosto desconhecido de uma mulher me olhando com decepção e pesar, tão parecido com o olhar de mam. Eu não esperava todas aquelas pessoas desconhecidas me fitando com julgamento, enquanto eu gritava no chão sentindo algo ser arrancado de mim, aquele terrível vazio crescendo em meu peito. A dor não se comparava ao olhar dela, a última coisa que eu via antes da escuridão, de me erguer como um cervo recém-nascido tentando ficar de pé. Ao redor tudo era estranho. Eu sentia fome, dor, frio, e eram sensações até então desconhecidas. Havia fogo ao redor, havia gritos. Havia medo em toda parte, e pessoas morrendo sem eu poder fazer nada.

Eu queria ir para casa, eu não queria ficar ali.

'Por favor, me deixe ir para casa, me deixe ir para casa. Por favor, me deixe voltar.'

Eu não havia acordado gritando no travesseiro, não dessa vez. Abri os olhos no corredor, o rosto banhado em lágrimas, prendendo um soluço na mão. Eu estava de frente a porta dos meus pais, uma mão na madeira. Eu queria tanto entrar ali, eu queria tanto contar tudo e dormir com eles como quando eu era criança, antes de tudo dar errado.

Eu queria tanto ficar. Eu sabia a sensação do exilio, eu sabia que era pior do que a morte.

Quando ouvi movimento do outro lado, no entanto, eu corri de volta ao meu quarto, me enrolei nas cobertas e fingi dormir. Fingi que não vi quando alguém abriu a porta do meu quarto. Fingi que não vi o peso do lado da cama, ou a mão de daídi passando pelos meus cabelos suavemente, o suspiro frustrado dele.

'Me deixe ficar, me deixe ficar, me deixe ficar.'

—Oh, Naruto...

A voz dele parecia tão triste. Quando ele saiu eu senti aquele vazio aumentar, tomando conta de mim.

'Não me deixe ir.'

...................................

ITACHI NÃO SABIA PARA ONDE ESTAVAM O LEVANDO, mas sabia que aquilo era muito mau. Por um segundo pensou que havia sido descoberto, mas como apenas ele estava sendo escoltado e nenhum dos outros, sabia que devia ter alguma relação com o grande tremor que haviam ouvido vinte minutos atrás, que deixou a escola inteiro na luz dos geradores, e todas as câmeras sem funcionar.

Sabia também que aqueles homens não respondiam a Madara ou Danzou. Eram brutos demais, desorganizados. E se havia observado bem todos eles, só havia uma pessoa possivelmente envolvida naquilo. A razão podia ser apenas uma: chegar a Sasuke. Para chegar a Naruto. O que mostrava que aquele tremor devia ter envolvimento de Naruto.

Pense. Ordenou sua mente, tentando ignorar a dor em seu pulso, as costelas machucadas. Havia sido atacado rapidamente, mas ainda assim não se deixara abater sem uma boa luta. Caíra por um choque por um taser. Estava no seu quarto no momento, pronto para dar início ao plano. Esperava que os outros estivessem bem. Que tenham conseguido entrar em contato com Minato.

SeachtWhere stories live. Discover now