Epílogo

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Eis o significado por trás da invisibilidade dada por Mananann aos Tuatha de Danann: os deuses ainda estão lá, presentes como sempre, só que sem serem vistos. Eles estão, de certa forma, reprimidos na mente inconsciente: mas não precisa de muito para que eles ressurjam.

— Jean Markale

Sete anos depois

SASUKE APROVEITAVA O SILÊNCIO NO CARRO. Olhou pela janela, vendo a luz do sol misturada com o verde dos grandes eucaliptos, e aquele cheiro que Naruto o dizia ser tão reconfortante. Haviam entrado em um caminho de cascalho, ladeado pelas grandes árvores que mais pareciam guardas fixos. Pela janela aberta, o vento era fresco, mas não gelado com o que estava acostumado, e pelo que via do céu filtrado, não havia uma nuvem sequer de chuva. Fechou os olhos por um instante, aproveitando o agradável clima que se estabelecia ali.

Isso até Naruto começar a cantar.

Não conseguia desviar os olhos quando ele fazia isso. A luz do sol batia na janela do motorista, passando pelos cabelos loiros bagunçados pelo vento. Ele havia tirado os óculos escuros, os olhos azuis estavam na estrada, serenos. Sua bochecha estava contraída em um sorriso leve enquanto cantava naquela língua que trazia uma vibração melancólica em Sasuke; ao mesmo tempo tão bem-vinda.

Sorriu e relaxou no banco, não percebendo quando cochilara ao som daquela voz, até acordar quando o carro havia finalmente parado.

— Chegamos.

Estavam de frente a entrada de uma casa pequena de pedra e madeira, uma cabana. Ao lado havia uma garagem rústica, ao fim de uma entrada de pedras. Era um lugar que ao seu ver parecia vindo de um filme antigo.

Franziu o cenho, reconhecendo ambiente aos poucos, apesar de nunca ter vindo realmente ali em pessoa.

Naruto tomou sua frente e Sasuke viu um sorriso triste no rosto dele enquanto se encaminhava para a varanda. Mesmo curioso, nada falou. Viu o outro tirar uma chave do bolso e abrir a porta, que para sua surpresa, não emperrou.

E novamente se surpreendeu que dentro tudo estava limpo e arrumado. Havia uma lareira, e de frente a ela um carpete de cor escura. Dois lados da parede eram cobertos por estantes com livros, e uma poltrona que parecia confortável estava posicionada estrategicamente perto da janela de cortinas amarelas. Notou um balcão rústico e imaginou que após ele havia uma cozinha. Esticando a cabeça viu alguns produtos modernos. Uma escada em espiral ficava no canto dando espaço ao andar de cima. Havia quadros em peças antigas nas paredes e espalhadas pela sala. Era um lugar visivelmente aconchegante.

Perdido na observação, procurou Naruto e o encontrou de frente a estante, olhando para algo. Se colocou a suas costas e viu os olhos azuis fixos em um porta-retrato de madeira escura, onde se encontrava um garotinho com curativos no rosto, e um homem de cabelos grisalhos com um sorriso largo com uma mão em sua cabeça. O garotinho tinha um olhar vazio, triste.

— É meu avô. — A voz de Naruto estava baixa. — Essa era a casa dele.

Naruto pegou o porta-retrato entre as mãos, um dedo passando no rosto velho através do vidro.

— Foi logo quando aquilo tudo aconteceu, eu estava com tanta raiva e com tanto medo de todo mundo...se não fosse ele, eu teria tido um final muito triste.

Sasuke ouviu em silêncio, já tendo imaginado que esse seria o caso. Lembrava desse lugar, dos pesadelos de Naruto que havia presenciado anos atrás quando saíram da ilha. Das paredes sujas de sangue e o chão coberto de cacos de vidro.

Passou as mãos por trás de Naruto, abraçando, e sentiu ele repousar seu corpo contra seu peito. Repousou o queixo na cabeça dele, o confortando.

SeachtWhere stories live. Discover now