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-O que aconteceu? -Mamãe me encara e seus olhos curiosos não passam despercebidos por mim.Um pequeno sorriso escapa dos meus lábios.
-Felisberto terminou comigo. -Não contenho um segundo sorriso que brota em meu rosto sem nenhum roteiro, mordo meus lábios para evitar que ele se instale. Mamãe me olha incrédula e se torna ainda mais difícil de segurar o riso.
-O homem que você ama terminou com você e ainda assim está plantada aí em pé sorrindo que nem uma boba? Lucinda, minha doce filha, você enlouqueceu?
O homem que eu amo.
Suas palavras se chocam com meu atual presente sem ele, nada poderia me fazer mais feliz e ser tão contraditório. Ele acaba de deixar minha casa e me deixar, mas a verdade é que pela primeira vez eu sei que o tenho e que o quero ter.
A felicidade me domina.
-Eu sou uma boba sim, porém mamãe eu também sou muitas outras coisas e se estou sorrindo assim dessa forma despojada é por que estou feliz.
-Feliz?
-Não, muito feliz. -Me aproximo de Dona Judith e acaricio seus cabelos que já possuem uma pequena quantidade de fios brancos. -Você é linda mãe. -Ela sorrir e me olha de forma meiga e cuidadosa.
-Você também é linda minha filha. -Sorrio e gentilmente solto os seus cabelos me afastando para subir as escadas e encontrar o caminho para minha cama.
-Filha. -Com um pé no primeiro degrau giro o meu pescoço para encará-la.
-Sim?
-Eu amo você. O Felisberto é um tonto por te perder.
-Eu te amo mãe.
A adrenalina que percorre meu corpo assim que adentro o quarto que já mais de quinze anos é meu me faz querer rodopiar. Ele me quer, mesmo quebrada e cheia de neuroses. A sensação que sinto é incrível, mas uma voz no meu inconsciente grita de forma alarmante me fazendo uma pergunta repetitiva. "Ele te quer, mas vc se quer?". Ter um subconsciente muitas vezes, como agora, é um verdadeiro banho de água gelada.
O que há comigo dessa vez? Não consigo contribuir com minha própria felicidade e ficar feliz por mim mesma por mais de dez minutos?
Estou cansada de me auto sabotar.
Eu quero ser feliz por completo.
Quando sinto meu corpo se chocar a maciez de meus lençóis que cobrem perfeitamente toda a extensão do colchão, meus músculos relaxam. Lembro-me de ouvir alguns dias atrás uma conversa de papai com outro membro da igreja. Aparentemente a filha dele não está muito bem, ouvi algo sobre drogas e sobre um bom lugar onde ela pode se reencontrar. Eu quero ir a este lugar e ter uma boa conversa com o meu eu.
Não sei onde esse tal lugar fica ou qual a grande sacada do mesmo pra
ajudar pessoas problemáticas, nunca em toda minha vida eu fiz valer o significado da palavra problema, sempre sendo uma boa garota e nisso estava todo o meu problema. Não conseguir dá uma passada fora do cronograma sem me lembrar do passado e toda a sobrecarga. Eu quero adrenalina percorrendo o meu corpo, na verdade tudo o que quero é seguir a minha vida por minhas escolhas.A descoberta repentina que os beijos do Beto me trouxeram me deixam saudosa por sua quente presença. Ele foi o primeiro ser invasivo que já adentrou minha mente fazendo derramar todo o passado pra fora de uma só vez e pedir por mais. Ele viaja amanhã para algum lugar desconhecido por mim e deixa gravado em minha memória um até breve. Ele precisa se curar pra mim, sem mim e eu preciso me achar para me entregar por completo pra ele.
Decido falar amanhã com papai sobre ir para o tal lugar que ouvi o homem falar. Relaxo todo o meu corpo e retiro as sandálias apertadas que ainda estavam nos meus pés e resolvo dormir assim como estou, sem ao menos tomar banho ou trocar de roupa, apenas para dormir com o seu cheiro empreguinado em mim.
Até breve, Felisberto.
Até breve, meu amor.
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Só para esclarecer,este capítulo se passa antes do anterior e tem uma decisão importante da Lucinda e um lindo momento dela com sua mãe. O próximo capítulo sai ainda essa semana e por já eu agradeço o seu voto.
Beijos de Mel.🌻🌻🌻🙃
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Antes do Sim (CONCLUÍDO)
ChickLit"Ele acredita que o casamento é uma história falida. Ela sonha em se casar." Os livros de romances sempre fizeram parte da vida de Lucinda. Enquanto, para Felisberto o romantismo sempre fora motivo de recuar. Quando são obrigados a perceberem a pr...