Capítulo 45

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  Esse é o terceiro dia que estou na fazenda e descobri que tudo aqui está além de um retiro. O quarto onde  estou é muito equipado e decorado, bem isso se dá por essa fazenda ser também um hotel e grande parte da extensão quilômetrica ser cultivada soja. 

O Brasil é o segundo maior produtor de soja do mundo. Dessa maneira que a fazenda e todas as áreas dessa enorme casa estão em ótimo estado.

Tudo isso foi explicado por uma Carolina muito esperta e exibida, que fez questão de tomar a frente do pai e me explicar minuciosamente como funcionava tudo por aqui. Quando questionei se o hotel rendia um bom dinheiro foi a vez do Pastor Sérgio explicar que nada era cobrado dos hóspedes, esse lugar era um sonho dele e de sua esposa para ajudar pessoas que passavam por conflitos consigo mesmo.

Um lugar confortável e perto da natureza é o lugar perfeito para se conectar consigo e com o Senhor. -Ele dissera de forma convicta com um sorriso simpático.

Desde então, percebi que o plantio da soja é um ótimo negócio, apesar de tudo por aqui não ser extremamente exagerado, grita dinheiro.

-O que você vai fazer por agora? - A garota está com um vestido que chega até seus joelhos e botas marrons.

Ela sempre está com botas. -Faço a nota mental e entrego o meu cronograma para ela.

-Palestra com Josefine. -Ela ler e um sorriso surge em seus lábios.

-O quê? -Pergunto um tanto curiosa por sua expressão após ler sobre a palestra.

-Ela é meio doida. -Diz me entregando de volta o cronograma.

-Meio doida? -Questiono.

-Digamos que você nunca mais verá uma pregação como a dela.

-O que exatamente há de tão anormal nela?

-Essa palavra não é lá a mais adequada. Acredito que exótica se encaixa melhor.

-Pare de enrolar Carolina. Desembucha tudo de uma vez.

-Esquentadinha você hein. -O que posso dizer? - Ela eleva um dedo ao queixo e faz uma expressão pensativa.

-Carolina você está me atrapalhando. Eu já vou indo.

-Espera. -Ela toma minha frente e seus olhos brilham como se tivessem achado o tesouro perdido.

-O que foi dessa vez?

-Ela tem cinquenta anos e tem o cabelo azul. -Diz não contendo o entusiasmo.

-Azul? -Repito muito mais para me convencer do quê outra coisa.

-Isso e digamos que ela adora causar.

-Você está brincando comigo?- Cruzo os braços e a encaro.

-Por que eu iria inventar isso?-Ela revida.

-A minha mãe iria surtar com isso. Ela mal atura o meu batom. -Peço minhas mãos a boca para tocar meus lábios que estão pintados com a cor laranja.

-Acho que Josefine vai adorar o seu batom.

-Eu tenho que ir.

-Espera. -Ela grita novamente.

-O quê?

-Quando você terminar lá, por acaso você gostaria de ir nadar ou montar a cavalo?

-Nadar na piscina? -Pergunto ao lembrar a enorme piscina que vi ao chegar.

De repente a idéia de nadar pareceu estremamente atraente.

Eu trouxe biquíni?

-Não. Eu nunca te chamaria para nadar na piscina. É tão chato. -Ela revira os olhos como se fosse a coisa mais óbvio do mundo.

-Então?

-Existe uma cachoeira. O meu lugar favorito e secreto.

Observo a garota franzina na minha frente que sempre parece tão convicta em sua palavras e percebo que o brilho no olhar dela é o que não vejo muito tempo em mim.

-O que você me diz?

-Eu não tenho um biquíni, acho melhor levar um amigo seu.

Carolina revira os olhos pela segunda vez em menos de um minuto e como efeito dominó reviro os meus, por pura irritação.

Ela consegue me tirar do sério tão rápido como Felisberto.

-Pare de revirar os olhos. -Digo para a garota que me responde com um terceiro revirar de olhos.

Respira e inspira, mantenha a calma Lucinda.

-Pare de falar asneiras então. -Ela diz.

1,2,3...

-Eu não tenho muitos amigos aqui.Se você percebeu não há muitos com minha idade. -Sua voz parece triste e isso consegue me comover extremamente.

-Tudo bem,eu vou. Mas ainda não tenho biquíni.

-Não tem problemas. Como eu disse o lugar é secreto e por mim você pode tomar banho com calcinha e sutiã ou roupa, você escolhe.

-Tudo bem, agora me deixe ir.

-Vá rápido. A Josefine odeia atrasos. -Ela diz como se não fosse a culpada pelos meus dez minutos de atraso.

Deixo pra trás uma Carolina saltitante e corro para a pregação da tal Josefine.

Antes do Sim (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora