Capítulo 50

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As pessoas sentadas ao redor de Raul mantinham toda a atenção no homem, entre sorrisos e palavras ele ganhava mais e mais atenção, incluindo a minha.

Não há nenhuma ironia quando a palavra amor é pronunciada por seus lábios ou algum tipo de aversão em seus olhos. A sensação que tenho é que naufrago de forma consciente em suas palavras, submergindo nos pensamentos que elas despertam.

-Alguém aqui disse já um eu te amo ou ouviu de outra pessoa? - Sua pergunta leva um conjunto de pessoas levantarem a mão com um sorriso de deboche no rosto.

Ele sorrir.

-E alguém poderia definir amor pra mim? - Seu olhar está em mim quando termina de pronunciar a última palavra e eu estanco.

Não me chame. Não me chame. Não faz isso.

-Lucinda, você pode nos dizer o que é amor pra você?

Todos os pares de olhos daquele lugar agora estão voltados pra mim, tudo isso por causa de um cara que acabei de conhecer e acha que já pode me fazer surgir para o estrelado.

Ele deve ter notado o quão não gosto de holofotes sobre mim e o quanto toda essa atenção está acabando comigo por que está franzindo a testa nesse exato momento.

-Não. -Consigo pronunciar mesmo que baixo.

Algumas pessoas começam a cochichar e me olhar como se eu fosse uma total ignorante.

-Isso mesmo. -Ele sorrir e aplaude deixando á todos nós confusos e cessando o falatório.

-Não entendi. -Uma garota baixa e de bochechas rosadas fala.

-A maioria de vocês acha que compreende o amor, mas a grande verdade é que não fazem idéia do que significa amar e acabam se tornando apenas pessoas verbais e não literais, falando muito e sentindo pouco.

Ele caminha dentro do circulo em passos lentos com um tom de voz mais aveludado e musical.

-O grande ponto para amar outra pessoa é se amar primeiro. Afinal, o Senhor não criou a mulher para o homem por que lhe faltava algo e sim pela adequação. O homem não é imperfeito tal como a mulher também não, só se é adequado, melhor, que eles estejam juntos, pois eles se complementam nas suas perfeições criadas.

-Não se pode dá amor quando não há amor. -O rapaz que tocava violão quando cheguei fala.

-Isso mesmo Silas. -Raul fala e volta a caminhar dentro do circulo de pessoas. - A necessidade de preenchimento que o ser humano aparentemente está apresentando faz com que mais e mais machuquem um ao outro. A insegurança leva a precipitação e depois a frustração.

-Algumas pessoas só tem medo de mar. -Resmungo baixo, apenas para desabafar e mesmo assim dou a má sorte de Raul está próximo o suficiente para ouvir.

-O medo é ocasionado por traumas e traumas precisam ser superados.

Não é tão fácil assim.

-Compreendo que não seja fácil, mas a atitude de enfrentar tudo tem que vir de você. O guarda-roupa pode ser um bom lugar para guardar o passado, mas quem vive de passado é museu e sempre chega o dia da limpeza.

Assim, como se lê-se pensamento ele fala e me desarma.

Ele pede que fechemos os olhos por alguns segundos e pensemos no momento mais puro que já tivemos, lembro do momento que segurei Luís Felipe pela primeira vez nos braços, agora nos pede para pensarmos em um momentos em que nos sentimos vivos e lembro do primeiro beijo que Beto e eu demos. -Agora pensem no memento em que se sentiram mais pequenos, indefesos e quiseram desaparecer para sem. -Ele diz e de imediato lembro daquele dia.

As mãos de Raul estão em meus ombros assim que abro os olhos e ele pergunta qual sentimento foi mais forte, a sensação de viver ou desaparecer? -A de viver. -Digo e ele balança a cabeça de forma positiva.

-Você já ouviu falar do amor Ágape? -Pergunta e eu digo que sim hipnotizada com sua voz.

-Ótimo. Sabe Lucinda, o amor não distrói o seu passado, mas pode construir um futuro. -Pisca e se afasta voltando de volta para o meio do grupo.

As suas últimas palavras repercutem em minha cabeça todo o caminho de volta para a fazenda até o meu quarto, onde caminho para minha mala e busco meu celular que está bem no fundo e começo a digitar feito louca.

Não sei o que está fazendo por aí, mas faça rápido e volte pra mim.

PS: O seu pretensioso sorriso faz falta.

Antes do Sim (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now