A surpresa que tive ao chegar no seminário de Josefine e constatar que seu cabelo era realmente azul não foi tão espetacular assim, eu já sabia que estava atrasada, mas pensava que ia chegar e sentar sem ao menos ser percebida e tudo ficaria bem. Ao contrário, o seu cabelo azul descontraído só mostram por fora a personalidade forte da mulher, e receber a maior direta dela assim que encostei o meu pé na sala foi constrangedor.O cabelo azul foi ofuscado pela vermelhidão do meu rosto, foi terrível. Nada estava ganhando mais atenção do que eu.
Apesar de ter nascido na igreja a maioria dos sermões que escutei ao longo de meus vinte dois anos, nunca causaram algum impacto. Eu não prestava atenção, sempre ouvindo e nunca sentindo.
A partir do momento que Josefine resolveu abrir a boca para falar, logo após agradecer pelo meu atraso é claro. Eu não resolvi ouvir ou sentir nada, tudo aconteceu de forma natural e cada vez que ela falava uma palavra eu sentia o meu rosto esquentar como se tivesse acabado de levar um tapa.
A carapuça estava servindo perfeitamente bem.
Me remexia na cadeira estofada, buscava uma posição confortável. Desisti assim que percebi toda a atenção que estava ganhando.
Me fiz de estátua.
Os olhos da mulher de cabelos azuis encontravam os meus algumas vezes, logo tratava de desviar dos dela. Aquilo era desconfortável.
Todo o sermão se tratava de comodismo e confesso que eu tava bastante envolvida e nenhum pouco confortável. No segundo em que Josefine se despediu de nós os meus pés correram o mais rápido para a saída. Eu preciso daquela cachoeira agora.
-Onde está a Carolina? -Perguntei para Rosa, a cozinheira. A garota sempre estava rondando a cozinha em busca de algo para beliscar.
Ela era das minhas.
-Ela estava aqui faz pouco. Deve ter ido atrás de encrenca aquela lá.
-Falando de mim, Rosinha? -Carolina entra na cozinha com uma regata e um short nada grande solto no corpo.
-A única que vive metida em confusão aqui é você, não é? -Rosa fala mexendo na panela de arroz.
A garota dá de ombros. -Ninguém nesse lugar entende meu espírito aventureiro.-Diz.
-Você não toma jeito mesmo, logo irá se tornar uma moça e vive como um moleque.
-Eu vivo de forma livre. Afinal, vivo em um País que garantem o meu direito de ser.
-Eu desisto de você. -A cozinheira que já tem uns fios de cabelos brancos escapando pela toca e alguns quilinhos sobrando diz.
O olhar que ambas tem uma para outra apesar de toda implicância é amor, algo semelhante ao amor materno.
-Pare de falar essas coisas mulher e me dê um bolo de chocolate com muita calda.
-Eu também quero. -Digo me animando com a possibilidade de superar o trauma da manhã com chocolate.
-Vocês duas são magras, mas comem que nem ovelhas desgarradas. -Rosa diz e nos entrega um grande e delicioso pedaço de bolo.
-Obrigada, Rosinha. -A menina beija o rosto da mais velha e depois segue para o meu lado.
-Coma rápido para gente aproveitar o quanto antes aquele paraíso. -Ela sussurra no meu ouvido e volta para o bolo, tira um grande pedaço e faz um barulho com a boca como se acabasse de comer algo incrível.
Olho para o meu bolo e faço o mesmo processo que a garota.
***
Acompanho o cabelo indomável de Carolina balançar e se prender em alguns galhos, estamos andando à uns quinze minutos e nada.
-Você sabe realmente onde está indo?- É a quinta vez que pergunto e sempre escuto um ande mais rápido como resposta.
-Carolina, estou falando sério. Eu não vim pra cá para ficar perdida no meio do mato.
-Para que venho até aqui então? - Seu jeito encrenqueiro, está presente em cada palavra ou atitude da garota.
-Estou falando sério.-Digo.
-Eu também. O que veio buscar aqui Lucinda?
-Respostas. -Respondo de forma seca e direta.
-Não me diga. Que tipo de respostas?
-Você é curiosa. - Falo baixo.
-Eu gosto de entender as pessoas. Não gosto quando não consigo decifrar o que se passa na mente delas.
Primeiro, ela ouviu o que eu disse e segundo eu não entendo como ela pode ser tão irritante e madura ao mesmo tempo.
-Você me surpreende. -Digo.
-Chegamos. -Ela para e me encara. A imagem que vejo é tão linda que até parece miragem.
-Uau.
-A última a chegar vai casar com um homem banguela e grosseiro. -Essa é a última coisa que ela diz antes de arrancar as roupas do corpo e se jogar na água.
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Gente, tava aqui escrevendo e me veio uma enorme vontade de escrever sobre a Corolina. Será meio que um spin-off, mas eu já tô armando tudo é acho que vai rolar. O que vocês acham?
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Antes do Sim (CONCLUÍDO)
ChickLit"Ele acredita que o casamento é uma história falida. Ela sonha em se casar." Os livros de romances sempre fizeram parte da vida de Lucinda. Enquanto, para Felisberto o romantismo sempre fora motivo de recuar. Quando são obrigados a perceberem a pr...