7° Dia

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Green Door ( autor @dioghofernandes)

Era uma porta verde, que em dias de verão sempre aparecia misteriosamente nas paredes, só quem via era os puros de alma, que não a procurava. Ao encontrar esta porta, todos seus mistérios são revelados. Ali seu desejo mais profundo é concretizado em sua frente, mas ao se pensar negativamente ela o suga para dentro e consome toda sua alma. Assim você desaparece do passado, presente.

Meu avô teria encontrado esta tal porta misteriosa ou pelo menos pistas. Em seu diário ele dizia toda descrição para um suposto reaparecimento. Segundo a sua pesquisa, junto ao horário certo e local, ela apareceria mais de uma vez dando uma chance aos que a procuram sem ter sua alma pura.

Desde criança eu ouvia suas histórias, mas meu pai dizia ser tolice de um velho caduco. Sua morte chegou quando seu carro perdeu o controle em uma curva próximo as casas antigas. Sendo assim, seu sonho de encontrar a porta foi interrompido.

Por anos eu sonhava com as histórias de meu avô e até jurava ao acordar ter sido verdade. Mas já estava grande demais para isso. Como um adulto, eu já não poderia permitir tais pensamentos sonhadores. Foi ai que na mesma manhã eu recebi uma carta do advogado de confiança do meu avô. Ele me entregou dizendo que seria uma parte do testamento, que teria de ser entregue nesta exata data e que eu deveria abrir somente se quisesse o encontra- lá. Ao contrario, deveria queimar todo o livro. Junto à carta havia a metade de um mapa. Este completava a do diário.

Receber algo de meu avô logo pela manhã mexeu com meus sentimentos. Veio uma saudade tremenda de sua presença. E com esta carta eu o sentia próximo novamente dele e de suas histórias. Na carta dizia que o dia seria neste recebido e que a sua aparição aconteceria ao meio dia, quando o sol atinge seu ponto maior ao centro da terra. Eu precisava voltar á realidade, mas precisava finalizar esta aventura de meu avô. Acho que ele sabia e queria que eu o ajudasse. E mesmo tendo morrido ele queria ter alguém para continuar. Então retomei o rumo para fora da empresa e fui para casa pegar seu diário.

Quando coloquei os dois pedaços do mapa junto, uma risada me pegou. Vovô sabia bem e estava muito próximo de seu objetivo. Segundo o mapa, a porta iria aparecer bem próxima de onde estava, e só fui perceber quando cheguei. É próximo onde ocorreu seu acidente de carro. Ao chegar minhas pernas tremia com as lembranças. Na hora do acidente, eu estava no banco de trás.

Tentei recuar-me para desistir quando do nada meu relógio apita (meio dia). A rua estava deserta e o sol do nada começou a ficar mais forte e ardente. Logo a frente uma parede começou a mudar de cor. Olhei assustado me aproximando, e foi quando vi uma porta surgir perante meus olhos. Com a mão na cabeça e minhas lagrimas caindo eu me ajoelho em lembrança de vovô. Ele não era o doido que meu pai achava. Ele acreditava e sabia que existia. Ainda tremulo eu levantei e cheguei perto ameaçando encostar a mão na maçaneta.

Parei. Fechei os olhos e Inspirei. Sem deixar meus pensamentos fluírem eu abri a porta rapidamente.

ANTOLOGIA 1Where stories live. Discover now