26° Dia

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A viagem (autora @mariavandasilva)

Estava iniciando o ano de 2085, um ano promissor. E acreditem, eu e meus filhos éramos passageiros de uma nave espacial. Destino: Planeta B612. Alguém já ouviu falar? É aquele planeta que pensávamos que só existia na imaginação do Pequeno Príncipe. Foi descoberto em 2070 e com um ambiente propício à vida humana, com uma atmosfera bem semelhante da terra. Muitas naves já partiram para fazer essa expedição. E agora chegou a nossa vez. O clima era de muita ansiedade, mal dormimos, mas mesmo assim saímos pontualmente no horário combinado, cinco da manhã. Participamos de um treinamento durante três meses antes. Partimos. Que momento maravilhoso! Estávamos na Exosfera e de lá avistávamos nosso lindo planeta azul. "Somos mesmo um grão de areia nesse universo magnífico", concluímos. Por um tempo não trocamos uma só palavra, estávamos anestesiados com magnitude daquele momento. Quando recobramos a consciência não demorou muito para vislumbrarmos um vale que era mesmo de outro planeta. Todo cercado por imponentes montanhas e banhado por um rio que refletia o azul do céu. A rosa não avistou, mas havia muita vida, uma variedade de espécies. Luzes por todos os lados e uma árvore que nos remetia a árvore da vida. Ela florescia em um ambiente privilegiado, com pássaros muito coloridos, alguns pareciam soltar pozinhos brilhantes quando voavam. Não havia raça parecida com a nossa, mas a vida reinava harmonicamente. Algo nos intrigou: eram luzes diferentes, que se movimentavam com uma elegância e leveza nunca vistas antes. Ficamos fascinados, mas não conseguimos entender o que era. Tudo isso foi visto de dentro da nave, não podíamos aterrissar, só mesmo sobrevoar bem próximo às montanhas. Os computadores da nave registraram uma energia diferente, desconhecida, revigorante, mas algo bom, Porém incompreensível aos nossos conhecimentos. Quando estávamos tomando altitude e vimos o vale menor e distante, conseguimos ver a rosa vermelha e solitária que parecia se despedir. Mas como já se esperava exibia uma beleza tão grande quanto da natureza que a supria. Agora estamos na terra, mas a saudade é imensa e já contamos os minutos para poder retornar.

 Agora estamos na terra, mas a saudade é imensa e já contamos os minutos para poder retornar

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Mente travada (autor @dioghofernandes)

Esta noite tive um sonho estranho. Sonhei ver lindas e enormes montanhas rodeada do mais brilhante verde. Meu corpo não estava no chão e nem mesmo no ar. O cheiro perfumado deixava meu coração apertado. Uma saudade batia em ritmo dos tambores escondidos atrás da montanha. Buscava explorar toda minha criatividade dentro da mente, Mas o sonho persistia em relatar somente a paisagem verde e montanhosa.

É estranho saber que a imagem persistia fixamente durante toda noite. Do mesmo jeito ela ficava por horas. Cheguei a imaginar estar preso em algo, mas não estava. Minha cabeça girava na direção dos meus braços e pernas. E ainda sim, eu não esquecia a imagem.

Relutei para sair e acordar. Nada. Nada alertava meu corpo. A respiração ficava cada vez mais fraca e começava a sentir formigamento. Quanto mais pensava em outra imagem, mais está se vazia presente e maior.

Depois do cansaço, parei de lutar, e resolvi explorar com calma os detalhes da imagem do sonho. Senti passar horas e horas. Não adiantava! Estava preso em meu sonho com uma imagem parada. No ponto para desistir, senti meu corpo aproximar da árvore. Meus olhos arregalaram no espanto. Uma mensagem no tronco dizia:

- Bem vindo ao manicômio.

Tudo começou a fazer sentido. A realidade retornou e pouco a pouco o quarto branco estufado foi aparecendo. Foi uma noite difícil, e outras viriam com imagens diferentes. Minha mente pregava peças em curtos prazos, meu caso raro de transtorno da irrealidade. 

ANTOLOGIA 1Where stories live. Discover now